Valmir Salaro

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Reportagem

'Bets' e viagem à Grécia: o que levou juíza a mandar prender Gusttavo Lima

A juíza Andrea Calado da Cruz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, determinou a prisão preventiva do cantor Gusttavo Lima com base na relação entre o músico e empresas de apostas investigadas por supostos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Transações suspeitas

O UOL teve acesso à decisão, que cita transações financeiras suspeitas entre empresas do sertanejo e as "bets". As investigações apontam que a Balada Eventos e Produções, de Gusttavo Lima, teria recebido R$ 9.766.600 da HSF Entretenimento Promoção de Eventos. O valor foi dividido em duas transferências em abril e maio de 2023, ocultando valores dos jogos ilegais da empresa.

A empresa do cantor também teria ocultado a propriedade da aeronave Cessna 560XLS. Ela foi negociada com a J. M. J. Participações, de José André da Rocha, investigado na operação e dono da empresa de apostas Vaidebet. Ao todo, Gusttavo Lima teria recebido R$ 22.232.235,53 do empresário.

O músico ainda ocultou R$ 112.309, 5.720 euros, 5.925 libras e 1.005 dólares de jogos ilegais da Esportes da Sorte e da Vaidebet, segundo a investigação. Os valores teriam sido guardados em um cofre da Balada Eventos e Produções.

A GSA Empreendimentos e Participações, que também tem o sertanejo como sócio, teria recebido R$ 5.750.000 da Vaidebet, por meio da Zelu Brasil, intermediadora de pagamento, e R$ 200.000 diretamente da empresa de apostas.

Segundo as investigações, 31,77% de todo o crédito recebido pela GSA em 2023, R$ 5.950.000, teve como origem duas empresas investigadas no inquérito. Desse total, R$ 1.350.000 teria sido transferido para uma conta pessoal de Gusttavo Lima.

A decisão judicial também indica que o cantor não compareceu à convocação da polícia para tratar sobre o caso.

Compra de bet e viagem à Grécia

A juíza Andrea Calado da Cruz diz que a relação entre Gusttavo Lima e os investigados que estão foragidos, incluindo o dono da Vaidebet, tem "características espúrias e duvidosas". Segundo o documento, o cantor comprou 25% da empresa de apostas, "o que acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras", escreve a magistrada.

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Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado.
Juíza Andrea Calado da Cruz

A decisão também cita uma viagem feita por Gusttavo Lima no último dia 7, em que o músico passou por Kavala e Atenas, na Grécia, além de Ilhas Canárias, na Espanha, com José André da Rocha e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha. No dia seguinte, o cantor voltou ao Brasil, mas sem o casal de investigados.

A juíza acredita que o sertanejo possa ter deixado os dois na Europa para escapar da Justiça. "Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima [Gusttavo Lima] com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade".

É fundamental ressaltar que, independentemente de sua condição financeira, ninguém pode se furtar à Justiça. A riqueza não deve servir como um escudo para a impunidade, nem como um meio de escapar das responsabilidades legais.
Juíza Andrea Calado da Cruz

Outro lado

Em nota enviada à coluna, a defesa de Gusttavo Lima diz que soube da decisão judicial por meio da mídia. "Ressaltamos que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem fundamentos legais", diz o texto.

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A inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na justiça brasileira. O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana. Por fim, esclarecemos que os autos tramitam em segredo de Justiça e que qualquer violação ao referido instituto será objeto e reparação e responsabilização aos infratores.
Defesa de Gusttavo Lima, em nota

A coluna tenta localizar a defesa dos demais citados. O espaço segue aberto para manifestações.

Reportagem

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