Wálter Maierovitch

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Opinião

Caindo de maduro, Netanyahu é fardo para Biden e não empolga israelenses

Hoje, o primeiro-ministro de Israel sentiu dois duros golpes. Numa imagem, duas bombas caíram no colo de Benjamin Netanyahu.

O primeiro golpe

Uma consulta popular indicou que, a cada dois judeus questionados, um é favorável à imediata substituição de Netanyahu — e a maioria expressou ser contrária à invasão terrestre de Gaza, um massacre anunciado.

No particular, a esquerda moderada de Israel admitiu a falta de reação defensiva moderada, ou melhor, adequada: em defesa ao ataque terrorista realizado pelo Hamas no 7 de outubro, com 1.106 judeus mortos, 224 reféns e quase 5 mil feridos.

Calou fundo na sociedade as manifestações contra o Israel mundo afora. Também as imagens das destruições e mortes em Gaza e a convocação da população civil de Gaza ao martírio. Percebeu-se um renascer do antissemitismo, conforme abordei na coluna de domingo.

O segundo golpe

Numa decisão vista como desespero, Netanyahu pediu que televisões israelenses não mostrassem um vídeo com reféns que o Hamas fez circular nas redes sociais Três mulheres que aparecem nas imagens culpam o premiê pelas suas capturas e pedem que ele aceite as condições exigidas às suas libertações.

As reféns engrossam o coro de Netanyahu ser o único responsável pela situação geradora do conflito entre Hamas e Israel.

Netanyahu, Bibi para os hebreus, aliou-se à direita radical, composta por religiosos ortodoxos e supremacistas judeus, para obter maioria e tornar-se primeiro-ministro.

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Na Cisjordânia ocupada por Israel na guerra de 1967, Netanyahu desenvolveu política — ilegítima e ilegal pelo Direito Internacional — de aumento dos assentamentos por judeus e expulsão de colonos palestinos.

Também resistiu à efetivação do Estado Palestino, conforme estabelecido pelas Nações Unidos e compromisso israelense em Oslo, no ano de 1993.

Como apontam os serviços de inteligência, o vídeo do Hamas mostrou que a organização alcançou, pelo terrorismo executado pelas suas brigadas Ezzedine al Qassam, o intento de mobilizar a opinião pública internacional, desprestigiar Israel e se colocar como parte ativa nas negociações futuras, excluído o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Abu Mazen (Mahmoud Abbas), hoje uma figura decorativa.

Biden e o Direito Internacional

Os últimos acontecimentos complicaram, à luz do Direito Internacional, a posição do presidente americano Joe Biden. Ele tem apontado, como solução, a efetivação de dois Estados nacionais.

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Como sabem todos, o Direito Internacional é baseado no consenso. A cada dia que passa fica evidente não ter Israel, nos governos de Bibi Netanyahu, cumprido a sua parte. O populista premiê aposta na divisão dos palestinos, parte em Gaza sob governo tirânico do Hamas, e a outra parte na Cisjordânia, com contestações à liderança do presidente da Autoridade Nacional Palestina.

Trocando em miúdos, Biden está com um discurso que não é o de Bibi. E o fulcro da questão palestina está na solução Cisjordânia e Jerusalém oriental.

Biden sabe da importância de salvar os reféns, pois metade deles têm a cidadania americana, além da judaica.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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