Hamas promove terror até na entrega de reféns, e demora é estratégica
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Inúmeras famílias passaram a noite coladas eme seus telefones. Aguardavam o aviso da libertação do parente feito refém no ato terrorista do 7 de outubro passado.
Para a maioria, no entanto, o telefone não tocou. E a angústia e a decepção voltaram a ocupar o lugar cedido à esperança.
O Hamas comprometeu-se a libertar 50 reféns judeus. Ganhariam a liberdade 30 crianças e 20 mulheres, dentre elas oito mães.
Mas apenas 13 judeus israelenses foram entregues hoje à Cruz Vermelha internacional. Outros 11 colocados em liberdade eram trabalhadores braçais sequestrados erroneamente — eles estavam em lavoura próxima à Faixa de Gaza (dez são naturais da Tailândia e um do Nepal).
Desde ontem, os israelenses tinham a informação de o acordo estabelecer a entrega de 50 reféns. Para eles, o Hamas aumenta o sofrimento, uma vez que faltam 37 nessa primeira leva.
Hamas faz loteria
Uma judia à espera do marido disse a jornalistas da Channel 12 israelense que o Hamas usou a estratégia do bilhete de loteria, numa referência à expectativa frustrada do apostador não contemplado.
A loteria vai continuar, pois são 240 os reféns, segundo Israel — e o Hamas nunca contestou.
A demora, segundo os serviços de inteligência de Israel, está sendo usada para o Hamas ganhar tempo e tentar alongar o prazo de quatro dias do cessar-fogo.
O Hamas avisou os mediadores (Qatar, Egito e EUA) que, com bombas a explodir, não haveria condição para a entrega segura dos reféns. Deixaram uma dica: os reféns não saíram de Gaza.
Demora estratégica do Hamas
Os especialistas em geoestratégia militar chamam a atenção para a utilidade da demora na entrega de reféns. No caso, quatro dias de cessar-fogo, frisam, seria pouco para o reposicionamento dos soldados do Hamas. E também para a distribuição de alimentos e munições.
Até agora, segundo cálculos não oficiais, o Hamas teria, em 48 dias de combate, perdido 5 mil homens. Dentre eles, cerca de 70 chefes estrategistas e de retaguarda.
Não se pode descartar, e um dos líderes do Hamas admitiu, a dificuldade em reunir os reféns espalhados: alguns estariam sob custódia da Jihad palestina e do Hezbollah.
Israel e a licença para matar
No momento, os 007 dos serviços de inteligência do Ocidente estão preocupados. Entre eles correu a notícia de que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deu aos agentes do Mossad uma "licença para matar".
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Quero receberCom a criação do estado de Israel, cuidou-se da implantação de um serviço de inteligência e espionagem, que recebeu um nome pomposo: Instituto para espionagem e operações especiais do Estado de Israel'. É o popular Mossad, uma agência de inteligência externa.
A ordem seria para eliminar, mundo afora, lideranças do Hamas. Netanyahu, que é um populista, prometeu acabar com o grupo terrorista.
À luz do Direito Internacional, a "licença para matar" dada a espiões implica em violação à soberania do Estado invadido, além do crime de homicídio perpetrado. É algo de muita gravidade, pois, pela Carta Constitucional das Nações Unidas, é proibida a invasão a um Estado-nação.
Outro ponto no campo da inteligência. O governo de Israel exibiu filmagem, realizada por drone, do sólido túnel cavado nas imediações do hospital Al-Shifa, de Gaza.
O túnel, além de bastante largo, é alto a ponto de permitir circulação em pé de pessoas de estatura elevada. Pelas imagens, conta com iluminação e ventilação.
Diante do constatado, agentes do Shin Bet — que se dedica à produção de informações de inteligência dentro do estado de Israel — foram colocados a buscar informações e a detectar, com auxílio da tecnologia, dutos de ventilação. Pretende-se, com isso, mapear a rede de túneis.
Netanyahu revida
Na véspera da data marcada para a entrega de reféns e início do cessar-fogo, chegou a Netanyahu, segundo informam os jornais israelenses, a notícia dos pronunciamentos de Pedro Sánchez e Alexander De Croo, respectivamente, chefes dos governos da Espanha e Bélgica.
Ambos reprovaram o governo israelense pelos excessos de defesa, a vitimar a população civil. Para ambos, estamos diante de consumados crimes contra a humanidade. Ou seja, mortes e lesões a civis inocentes.
A resposta de Netanyahu foi rápida: "Os nossos civis foram massacrados, e o Hamas usa civis como escudos humanos".
Entretanto, pelo Direito Internacional, isso não legitima o excesso e a desproporcionalidade, algo a descaracterizar a legítima defesa.
Num pano rápido. O Shabat hebreu (dia do descanso) será triste. A liberação de um número pequeno de reféns não anima. Cada um dos 13 voltará para casa com os traumas do terror do 7 de outubro e a dor solidária aos que continuam em cárcere privado. Todos sabem que o conflito continuará, e o breve cessar-fogo traz apenas a certeza de um reinício muito mais feroz.
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