Nem a 1ª pacifista da história apostaria no fim da guerra Israel x Hamas
A essa altura, nem Bertha Von Suttner, a primeira pacifista da história e recebedora do Nobel da Paz de 1905, apostaria no fim da guerra entre Hamas e Israel.
Suttner, pela experiência, consideraria um sonho distante a implementação da velha meta da ONU, de 1947, ou seja, dois povos em dois Estados.
Não vamos nos iludir. As posições de Hamas e Israel são inconciliáveis.
Um acordo de cessar-fogo definitivo, liberação dos 133 reféns remanescentes (eram 240 em 7 de outubro) e desocupação de Gaza pelas forças militares de Israel não será celebrado pela vontade dos conflitantes.
Isso porque aos sanguinários líderes, Benjamin Netanyahu e Yahya Sinwar, só interessa a vitória, até para a sobrevivência política de ambos, como ficará colocado mais abaixo.
Não vai dar para os dois líderes cantarem vitória. Não haverá empate. Fora de Gaza, o Hamas significa derrota. E a derrota será de Israel, caso o Hamas volte a administrar e controlar Gaza. Levando o dardo mais adiante, Hamas em Gaza, no pós-guerra, será vitória também do Irã.
Objetos imutáveis
O Hamas quer apagar Israel do mapa e assassinar todos os israelenses e judeus do Oriente Médio.
Quanto a Israel, sob o governo de Benjamin Netanyahu, a meta é acabar com o Hamas, reduzi-lo a pó, embora isso inviabilize a sua promessa de libertar os reféns. No momento, são 132, pois um cadáver de 7 de outubro, de um israelense motorista de ambulância e morador de um kibutz atacado pelo Hamas foi encontrado ontem, depois de deixado num beco.
Apesar dessas metas inconciliáveis, Egito e Qatar esboçaram um plano de paz, que o enfraquecido Hamas afirmou aceitar, - diante da iminente invasão da cidade meridional de Rafah, seu último bastião. Israel não aceitou o plano.
Geopolítica e geoestratégia da guerra
Os especialistas em geopolítica e geoestratégia apontam ser meta do Hamas, num acordo, obter prazo longo de cessar-fogo, de no mínimo seis semanas. Isso para a sua sobrevivência, frisam os referidos especialistas.
Para Israel, interessa um cessar-fogo de prazo curto, com libertação dos reféns mais vulneráveis: doentes, feridos, crianças, idosos e mulheres. Seria algo para Netanyahu mostrar e acalmar os EUA, que pressionam e ameaçam cortar auxílios financeiro e militar.
Nesse ponto dos prazos, os dois lados fincam posições. E o Hamas não vai querer entregar reféns para, num curto prazo, a tentativa israelense de tomada de Rafah recomeçar.
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Quero receberIsrael, por telefonemas, cartazes e falantes, pediu aos palestinos a evacuação de Rafah leste. Tudo sob promessa de alojar cerca de 100 mil em área da localidade de Al Mawasi. Os demais palestinos deveriam voltar para o norte, em Khan Yun, que, segundo os 007 das agências de inteligência da Europa e EUA, virou terra arrasada.
Medos de Netanyahu e Sinwar
Antes do ataque terrorista de 7 de outubro, Netanyahu entendia ser justo gozar do apelido de "Mister Segurança". Depois da tragédia, e por ter imprudentemente relaxado com a segurança na fronteira com Gaza, ele é considerado o único responsável pela tragédia.
Netanyahu teme passar para a história com o rótulo de fracassado e causador da guerra. Tem medo de as eleições serem antecipadas e o seu mandato de primeiro ministro não chegar ao término, previsto para 2026.
Na última pesquisa desta semana, Netanyahu tem aprovação parlamentar de 27%, e o regime em Israel é parlamentarista.
As pressões internas e internacionais são intensas, e Netanyahu treme de pavor ao pensar em perder o poder e ser preso por crimes de guerra e contra a humanidade.
Israel não está sob jurisdição do Tribunal Penal Internacional, pois não subscreveu o Tratado de Roma. A Corte de Justiça de Haia, que aprecia responsabilidades dos estados, poderá impor a prisão de Netanyahu, como ex-governante.
O israelense sabe que poderá liquidar as forças militares do Hamas estacionadas em Rafah. Mas teme que a situação saia de controle e que ocorra matança de civis inocentes, o que aumenta as chances de ele acabar a vida encarcerado.
Tem mais. Caso defenestrado, Netanyahu assistirá à volta da tramitação dos processos nos quais é acusado de corrupção.
Yahya Sinwar foi o idealizador e regente do ataque terrorista de 7 de outubro, com israelenses assassinados e sequestrados. No seu currículo, ele tem sete estrangulamentos, feitos com suas próprias mãos.
Sinwar comanda, de dentro de Gaza, onde por vezes aparece para entrevistas, a força armada do Hamas. Teria perdido muitos homens e, segundo a inteligência de Israel, a força militar do Hamas estaria reduzida a um único batalhão (eram 24 no começo da guerra), com estacionamento em Rafah.
Para a CIA e agências europeias de inteligência, o Hamas está enfraquecido e mantém, em Rafah, seus quatro derradeiros batalhões.
Sinwar tem receio de perder a batalha em Rafah e, por consequência, perder Gaza.
Sua ambição é ter o Hamas não só em Gaza, mas na Cisjordânia, a ocupar a West Bank, área do rio Jordão ao Mediterrâneo.
No plano do pós-guerra, Sinwar está certo de que Gaza será entregue a uma renovada, e não mais corrupta, Autoridade Palestina, ou seja, sem possibilidade alguma de o Hamas, com lideranças vivas e combatentes militares mortos, influenciar os palestinos.
Sinwar teme ter de se exilar no Irã e tem ciência de que as agências de inteligência, no longo prazo, irão atrás da sua cabeça. Terá sempre um Mossad à sua sombra.
Num resumo, de um lado, existe um terrorista fundamentalista assassino e, do outro, um populista, autocrático, sanguinário e sob odor de corrupção.
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