Biden não abandonou Israel. Ele só impôs condições
O carimbo de traidor de Israel que os trumpistas e extremistas israelenses desejam marcar em Joe Biden não se justifica.
O presidente dos EUA não abandonou Israel. Aconselhou e impôs condições no caso de Rafah. A lembrar que os EUA mantêm dois porta-aviões, com testadas armas nucleares, no Mediterrâneo oriental para, com isso, inibir o Irã e o Hezbollah libanês.
Biden recomendou a não repetição, por parte de Israel, dos erros americanos do 11 de setembro. Apresentou um plano de paz para dois povos em dois Estados.
Não se pode esquecer, ainda, a força do que foi revelado pelo secretário de Estado Antony Blinken: "Foram mortos mais civis do que terroristas".
Biden alertou que as bombas americanas foram lançadas pelas forças de Israel em áreas habitadas em Gaza, a vitimar civis não em guerra. E, muitas vezes, bombas pesadas, perfurantes, foram lançadas na superfície, a causar uma matança irresponsável.
Ou seja, o premiê Benjamin Netanyahu é um celerado que precisa ser brecado por Biden e tirado do poder pelos israelenses.
Netanyahu não é Moshe Dayan
Moshe Dayan, militar considerado o pai das forças de defesa de Israel, deixou uma frase famosa: "Os nossos amigos nos oferecem armas e recursos financeiros. Nós aceitamos e recebemos as armas e o dinheiro, mas refutamos, com toda a cortesia, as sugestões que fazem".
A declaração ocorreu em face da chamada Guerra dos Seis Dias e do risco de promover a devolução imediata das terras ocupadas em 1967.
A propósito, uma resolução da ONU, com o estado de Israel já vencedor da supracitada guerra, recomendou a "paz em troca de territórios ocupados".
A frase histórica de Moshe Dayan volta a ser recordada e debatida pela mídia europeia. Isso diante do que avisou o presidente Biden, apoiado no direito internacional (direito das gentes) e nas posturas político-bélica de Netanyahu.
É que Netanyahu, na guerra em Gaza contra o grupo terrorista Hamas, insiste na invasão da superpopulosa cidade meridional de Rafah, fronteira com o Egito. Isso resultará, pela previsão dos especialistas militares, numa guerra selvagem nas ruas, nas esquinas e nas casas, muitas delas ocupadas pelos membros dos dois últimos batalhões mantidos pelo Hamas.
Biden endureceu para Israel
Biden alertou que suspenderá os envios de armas e recursos financeiros se o governo de Israel promover a invasão de Rafah.
O presidente justificou a decisão e admitiu que civis foram mortos em Gaza por causa das bombas fornecidas pelos EUA a Israel. E ressaltou que as bombas foram utilizadas em áreas habitadas por palestinos.
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Quero receberO presidente americano foi bastante claro ao destacar ser completamente equivocado o ingresso em Rafah. Especialistas americanos e europeus mostraram outros caminhos, sem riscos de massacres, para contrastar o Hamas.
A pergunta de momento: poderia Netanyahu, legitimamente, jogar na cara de Biden a frase histórica de Moshe Dayan, quando ministro de defesa de Israel?
A resposta é não.
Dayan, em 1967, conduziu uma reação legítima e heroica a ataques de surpresa promovidos por Egito, Síria, Jordânia e Iraque.
O primeiro-ministro Netanyahu respondeu ao terrorismo do Hamas com excesso no emprego da legítima defesa e insistiu ao massacrar, em Gaza, palestinos inocentes — ou seja, que não estão em guerra —, como se os fins justificassem os meios.
Atenção: nas guerras, o direito internacional proíbe expressamente bombardeios quando colocam em risco a população civil.
Uma coisa é certa: o presidente Biden revelou que não quer ser conivente com atrocidades do sanguinário Netanyahu, que, ao deixar o governo, deverá responder por crime de guerra e contra a humanidade, na Corte Internacional de Justiça e em análise à responsabilidade de Israel.
Terrorismo e fascismo do Hamas
Ninguém pode esquecer o ataque terrorista do 7 de outubro, com cerca de 1.200 civis assassinados. E também não se pode esquecer dos 252 sequestros, com a manutenção, ainda, de 128 reféns. Mas a reação tipo vale-tudo não encontra abrigo no direito internacional.
Hoje já se sabe —até por matéria publicada pelo The New York Times— ter o Hamas, no governo de Gaza, mantido uma ditadura de matriz fascista, sanguinária.
Os ditadores do Hamas prendiam e assassinavam suspeitos de oposição ao governo. O serviço secreto do Hamas arregimentava fanáticos e os estimulava a atuar, com relação aos suspeitos de oposição, de maneira igual aos "fasci di combattimenti' de Mussolini.
A inteligência do Hamas copiava a organização e os métodos da agência de inteligência da então Alemanha Oriental, a temida Stasi.
Assim, nenhuma contrariedade era permitida. Era vedada a liberdade de expressão, de opinião e de reunião. E eliminações ocorriam em sumários processos, sem direito a defesa.
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