Eduardo Bolsonaro invoca Brizola ao pedir auditoria já existente em urnas
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defendeu novamente o voto impresso ao dizer que as urnas eletrônicas precisam ser auditadas, embora elas já o sejam e com resultados passíveis de conferência.
Em vídeo divulgado nas redes sociais na terça-feira (26), o parlamentar mencionou até o político Leonel Brizola, nome forte da esquerda e um dos fundadores do PDT, para alegar que a pauta é suprapartidária.
A fala de Eduardo foi em defesa de uma série de lives promovidas pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) com argumentos já rebatidos sobre a segurança da votação no Brasil. O vídeo também foi compartilhado pelo irmão, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
"O voto auditável é um aperfeiçoamento, ele vai contra o princípio do retrocesso", afirmou Eduardo no vídeo, mesmo após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgar, mais de uma vez, que as urnas já são auditáveis. A checagem das urnas também é pauta defendida pelo pai do deputado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O TSE afirma que não há indícios de fraude em eleições desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram adotadas.
O UOL Confere verificou as afirmações feitas por Eduardo Bolsonaro:
Quem quiser dar um Google no que foi aquele caso, foi o caso do Proconsult [1982]. E desde então tem sido uma bandeira do então parlamentar, governador, político Leonel Brizola.
As eleições de 1982 ocorreram com o voto impresso, mas pela primeira vez o TSE determinou que a contagem dos votos fosse feita por meios eletrônicos.
Foram as primeiras eleições diretas desde o início da ditadura militar (1964-1985). Brizola concorria ao governo do Rio com Moreira Franco, candidato do PDS, antigo Arena, partido oficial do regime.
Os sistemas de contagem não eram centralizados pelo TSE e cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) era responsável pela contratação de uma empresa para fazer o serviço. A Proconsult foi a escolhida no Rio de Janeiro.
A empresa disse que divulgaria o resultado em cinco dias, mas a apuração transcorreu lentamente e com resultados conflitantes com pesquisas de boca de urna e apurações da imprensa, que coletava dados diretamente nas sessões eleitorais.
O Jornal do Brasil revelou que a Proconsult tentava transferir votos brancos e nulos para Moreira Franco, o que foi apontado pela companhia como fruto de uma falha no sistema.
A apuração foi suspensa pelo TSE até que o erro fosse corrigido e o resultado, que confirmou a eleição de Brizola, divulgado um mês depois. A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar o caso e não constatou fraude.
Eduardo Bolsonaro omitiu que Brizola criticava duramente o regime militar e o relacionava à tentativa de fraude. No entanto, não há provas de que agentes da ditadura tivessem vínculos com a Proconsult, que tinha um tenente-coronel do Exército como diretor de computação.
O Brasil vai na contramão de democracias como Índia e Alemanha, que já declararam inconstitucionalidade do voto puramente eletrônico por pecar no princípio da publicidade.
A Índia utiliza em suas eleições Máquinas de Votação Eletrônica (EVM, na sigla em inglês), que imprimem o comprovante do voto. O sistema indiano determina que os comprovantes em papel sejam depositados em urnas, de forma semelhante à defendida por Eduardo Bolsonaro.
Na Alemanha, onde o voto é facultativo, as urnas eletrônicas não são usadas desde 2005. O voto é feito em cédulas de papel.
Eu não tenho como provar que houve fraude, mas os outros também não têm como provar que não houve fraude
Eduardo mencionando frase do pai, o presidente Jair Bolsonaro
O TSE já divulgou que não foi constatada nenhuma fraude em eleição desde que o processo passou a ser totalmente informatizado. As urnas eletrônicas são testadas regularmente e já foi constatado que os dados principais são invioláveis e não podem ser infectados por vírus que roubem informações.
Nesta semana foi testada no Paraguai e já aprovada a urna eletrônica com o voto auditável. O sistema paraguaio é o mais moderno da América Latina e ainda conta com um aperfeiçoamento que permite que deficientes visuais possam votar sozinhos.
O Paraguai terá eleições eletrônicas pela primeira vez em outubro deste ano. A tecnologia utilizada é diferente da do Brasil e não necessariamente mais moderna.
Além disso, em 2020 o Brasil já contava com recurso de sintetização de voz nas urnas que permitiam que, por meio de fones de ouvido, deficientes visuais ouvissem o nome dos candidatos e tivessem autonomia na hora de votar.
As urnas brasileiras também possuem teclado em braile.
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