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Em live, Bolsonaro insiste em falsa relação entre sprays nasais diferentes

10.jun.2022 - Bolsonaro insiste em falsa relação entre medicamento defendido por ele e outro exibido em reportagem - Arte/UOL
10.jun.2022 - Bolsonaro insiste em falsa relação entre medicamento defendido por ele e outro exibido em reportagem Imagem: Arte/UOL

Isabela Aleixo

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/06/2022 21h01

O presidente Jair Bolsonaro insistiu na falsa relação entre dois sprays nasais diferentes para o combate à covid-19 durante sua live semanal, transmitida nesta sexta-feira (10). Um deles é o spray nasal desenvolvido em Israel que ele demonstrou interesse em comprar no ano passado. O outro é a vacina em spray nasal criada pela USP (Universidade de São Paulo) e exibida em uma reportagem do Fantástico no último domingo (5).

Ao longo da semana, circularam pelas redes sociais publicações que também associavam erroneamente os dois sprays. Políticos como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP) e Major Vitor Hugo (PL-GO) estão entre os que publicaram em seus perfis mensagens sobre a falsa relação.

O UOL e o Projeto Comprova já desmentiram a relação e mostraram que não se tratam do mesmo produto.

Durante a transmissão, Bolsonaro leu a manchete do Fantástico, que relacionava a vacina de spray nasal desenvolvida pela USP à expectativa do fim da pandemia. Em seguida, relacionou de forma equivocada os dois produtos como se fossem o mesmo.

Fevereiro de 2021, nós mandamos uma delegação para Israel para se inteirar sobre o spray nasal. (...) Aqui no Brasil virou motivo de piada, fui esculachado, muita pressão da mídia, até profissionais de saúde ficaram receosos com essa possível importação, teria que passar pela Anvisa, nós tinhamos dúvida de como a Anvisa ia encarar esse assunto, e acabou o spray não vindo para o Brasil. E agora, no último domingo, o programa do Fantástico, Rede Globo, publicaram no G1: vacina de spray nasal é o caminho para o fim da pandemia de covid, apontam especialistas. Parabéns à Globo, só faltou obviamente citar meu nome e desfazer o que vocês fizeram um ano e pouco atrás, quando vocês me ridicularizaram na questão do spray nasal. É uma realidade, vai chegar no Brasil e imagine quantas mortes, quantas dezenas de milhares de mortes poderiam ter sido evitadas com spray nasal.

O produto no qual Bolsonaro demonstrou interesse em comprar estava em fase inicial de teste, e é o EXO-CD24, desenvolvido pelo Hospital Ichilov de Israel. O medicamento, (e não um imunizante), seria indicado para casos graves de covid e tinha como objetivo conter a "tempestade de citocina", uma resposta inflamatória exagerada do organismo que pode ser causada pelo coronavírus.

Já o spray nasal citado na matéria do Fantástico foi desenvolvido na USP (Universidade de São Paulo). O produto, inédito, é uma vacina. Segundo o imunologista Jorge Kalil, responsável pela pesquisa, o objetivo desse spray é fortalecer o sistema imunológico da mucosa nasal.

Em outubro, os pesquisadores entraram com o pedido na Anvisa (Agência Nacional de VigilânciaSanitária) para iniciar os testes em humanos.

Em janeiro deste ano, a agência cancelou o registro de um outro spray nasal israelense, Taffix, fabricado pela Nasupharma. Segundo a Anvisa, o produto deveria funcionar como um bloqueador de vírus dentro da cavidade nasal e seria eficaz no bloqueio de vários vírus respiratórios, incluindo o Sars-CoV-2. No entanto, não foram apresentados estudos clínicos que comprovassem a eficácia.

Transmitida às quintas-feiras, a live do presidente do Bolsonaro foi transferida para esta sexta-feira e transmitida de Los Angeles, onde ele participa da Cúpula das Américas.

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