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Post transfóbico mente ao dizer que nadadora trans é a mais rápida do mundo

24.mar.2023 - Lia Thomas não disputou uma competição mundial - Reprodução/Facebook
24.mar.2023 - Lia Thomas não disputou uma competição mundial Imagem: Reprodução/Facebook
Clarice Sá e Pedro Vilas Boas

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Salvador

24/03/2023 18h05Atualizada em 24/03/2023 18h05

É falso o conteúdo transfóbico de uma postagem compartilhada no Facebook que afirma que a nadadora transgênero Lia Thomas conquistou o título de "mulher mais rápida do mundo".

A norte-americana não disputou uma competição mundial nem superou o recorde do campeonato universitário que participou.

O que diz a mensagem?

  • "É Sobre isso que Nicolas Está Falando e Muitos estão Distorcendo sua fala !!! A nadadora Lia Thomas bate novo recorde e se torna a a mulher mais rápida do mundo. Só tem um detalhe, ela não é mulher. As mulheres lutaram tanto por suas conquistas e continuam perdendo espaço para os homens...".
  • A publicação falsa faz referência ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou uma peruca e fez um discurso transfóbico no Dia da Mulher, em pronunciamento na Câmara dos Deputados. O discurso gerou três notícias-crime por transfobia no STF (Supremo Tribunal Federal).

Por que o post é falso

O que é transfobia

  • A transfobia é uma forma de discriminação contra pessoas transgêneras e transexuais que pode ir além do ataque físico e verbal. O termo se refere a qualquer ação ou comportamento que se baseia no ódio, medo, intolerância e rejeição às pessoas trans por conta da forma como expressam o seu gênero na sociedade.
  • Desde 2019, a transfobia é considerada crime hediondo, inafiançável e com pena de dois a cinco anos na legislação brasileira.

Por que o post é transfóbico

  • O post rejeita a identidade de gênero da nadadora ao dizer que Lia "não é mulher" e que mulheres "continuam perdendo espaço para os homens". Lia é uma mulher trans. Pessoas trans são aquelas que não se identificam com o sexo atribuído ao nascer.

Desinformação e transfobia

  • Após o discurso transfóbico do deputado Nikolas Ferreira, circulam nas redes sociais postagens que disseminam desinformação sobre a presença de atletas transgênero em competições com mulheres cisgênero (aquelas que se identificam com o gênero atribuído no nascimento);
  • Ontem (23), o UOL Confere publicou que é falsa a informação compartilhada no Instagram de que Laurel Hubbard, primeira mulher trans a participar de uma olimpíada, foi desclassificada da competição após sofrer uma "lesão no testículo". A desinformação foi publicada originalmente em um site norte-americano conservador e cristão que se define como satírico.
  • Também não é verdade que a lutadora brasileira de MMA Gabi Garcia seja transexual, como afirma uma outra publicação de teor transfóbico que circula nas redes sociais.

A publicação falsa sobre Lia Thomas, compartilhada no Facebook no último dia 13, registra 712 encaminhamentos, 86 comentários e 77 reações.

Sugestões de checagens podem ser enviadas pelo WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

O UOL Confere é uma iniciativa do UOL para combater e esclarecer as notícias falsas na internet. Se você desconfia de uma notícia ou mensagem que recebeu, envie para uolconfere@uol.com.br.