Adélio não confessou envolvimento do PT, PSOL e MDB na facada em Bolsonaro

Adélio Bispo, autor da facada no ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018, não confessou suposto envolvimento do PT, PSOL e MDB no episódio, como afirma post compartilhado no Instagram. A defesa de Adélio negou a afirmação.

O pedido de checagem foi enviado por um leitor do UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que diz o post

A publicação traz um trecho de um depoimento de Adélio prestado em 2019 à Polícia Federal, divulgado pela revista Veja em 2020. "FACADA NO JAIR BOLSONARO. Já sabíamos, mas precisava da confissão desse vagabund@", diz o texto inserido no vídeo.

O post cita o ex-deputado José Dirceu, a deputada Gleisi Hoffmann e o PT como mandantes do crime; PSOL e a ex-deputada Manuela d'Ávila como organizadores; e MDB e um suposto ex-deputado federal chamado Glauber Rocha como os responsáveis por indicar Adélio para o crime.

"Será que a GLOBO E AS OUTRAS EMISSORAS VÃO NOTICIAR???", questiona a publicação.

Por que é falso

A publicação utiliza dois trechos de uma gravação de um vídeo divulgado pela revista Veja em novembro de 2020 (aqui). Em nenhum momento do depoimento, ou do texto publicado pelo veículo de comunicação, há uma relação entre a facada e PT, PSOL, MDB ou os políticos citados no post.

Na primeira parte do vídeo, Adélio Bispo diz:

Bem atrás de mim tinha um policial militar fardado. Eu falei: 'Pô, vou tomar uma rajada na nuca'. Então, eu já esperava isso. Tomar uma na nuca. Só que não deu pra se aproximar dele. Pensei: 'Se eu tivesse uma arma de fogo seria inevitável. A distância era curta. Para chegar relativamente com...Era ruim para chegar com a faca. Mas curta demais se eu tivesse com uma arma de fogo. Se eu tivesse uma arma e sacasse, se não fosse muito rápido, ele me derrubaria antes. Porque a distância dele para mim tinha uma linha de fogo aberta, digamos assim.

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No outro trecho ele fala:

Eu cheguei ali alguns minutos antes dele. Quase que juntos. Poucos minutos antes. E aí, pessoal empurrando, empurrando. Parece que ele se assustou com a atitude da multidão, jogaram ele para dentro da Câmara Municipal, e já era. Não vai ter jeito. Ali eu pensei em desistir. Não vai ter como. Passar por esse povo. Fecharam as portas da Câmara. Passou um pouco, abriu, e ele saiu num ombro de um cara. E a multidão continuou perto. Tentei me aproximar, e assim foi Trecho da fala de Adélio compartilhado no post falso

O único momento em que Adélio cita um emedebista - em um trecho da gravação, que não utilizado na postagem desinformativa - é quando fala sobre um desejo íntimo de matar o ex-presidente Michel Temer, o que, segundo ele, já teria passado.

Agiu sozinho. A Polícia Federal, em dois inquéritos, concluiu que Adélio agiu sozinho, sem o envolvimento de mandantes ou comparsas, e que foi movido por discordâncias políticas (aqui). No ano passado, as investigações foram reabertas com foco no financiamento dos advogados que o defenderam inicialmente (aqui).

O advogado Pedro Possa, integrante da defesa de Adélio Bispo, negou, em entrevista ao UOL Confere, que o cliente tenha confessado esse suposto envolvimento dos partidos. "Falso", escreveu.

Um conteúdo semelhante já havia sido desmentido pela Lupa no ano passado.

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