Vídeo não mostra ONGs contrabandeando ouro da Amazônia para a França

Um vídeo que circula pelo WhatsApp não mostra representantes de ONGs contrabandeando ouro da Amazônia para a França, ao contrário do que diz mensagem que acompanha a gravação. A imagem mostra uma inspeção feita em Gana por potenciais compradores de commodities.

A checagem foi sugerida ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que diz a mensagem

O vídeo mostra um homem de capacete amarelo e usando outros equipamentos de proteção individual abrindo uma caixa com diversas barras de ouro. Dois outros homens, de terno, acompanham a abertura da caixa e inspecionam o material.

Nenhuma das pessoas que aparecem no vídeo falam português. Fotos de soldados e do presidente da França, Emmanuel Macron, são inseridas no vídeo.

A mensagem que acompanha a gravação diz o seguinte: "Da Amazônia para a França via ONGs com certeza já faz muitos anos que isso acontece todos dias Você, que torce para que o Brasil dê certo, o mínimo que você pode fazer é repassar esse texto e o vídeo em anexo para todos os seus contatos. TODOS mesmo ... , sem preguiça, de cinco em cinco, já que este é o limite de envio no whatsApp, até completar o total da sua agenda. Faça isso pelo Brasil !!!".

Por que é falso

Uma busca reversa de imagem com um frame do vídeo traz como um dos resultados um fórum nigeriano. Usuários compartilham a mesma gravação com a alegação falsa de que soldados franceses foram flagrados roubando ouro do Mali.

Ao pesquisar no Google, em inglês, por "soldados franceses", "ouro", "Mali", aparece como um dos resultados uma checagem desse vídeo feita pelo site The Observers, da emissora francesa France24 (aqui). Eles conseguiram entrar em contato com o advogado italiano René Verrecchia, um dos homens que aparece no vídeo usando terno. Ele esclarece que o vídeo foi gravado em julho de 2019, em Accra, capital de Gana.

Segundo Verrecchia, ele e o outro homem, também italiano, representavam naquele momento potenciais compradores que desejavam se estabelecer no setor de commodities, a exemplo do ouro. "Tudo isso foi uma deturpação grosseira de uma inspeção comum realizada durante uma venda de metal", disse o advogado ao site The Observers.

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Portanto, o vídeo não tem relação com ONGs, Amazônia ou França. A gravação também não mostra soldados franceses roubando ouro no Mali.

Este conteúdo já havia sido desmentido por Boatos.org em 2020 e pelo Estadão Verifica em fevereiro deste ano.

Sugestões de checagens também podem ser enviadas para o email uolconfere@uol.com.br.

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