Delegado que investigou o caso Gil Rugai diz que desvio de dinheiro evidencia culpa do réu
O delegado que investigou a morte de Luiz Carlos Rugai e Alessandra Troitino em março de 2004, Rodolfo Chiareli, disse em depoimento nesta terça-feira (19) que nenhum outro caminho surgiu nas investigações que desvinculasse Gil Rugai da autoria do crime.
Chiareli começou a depor às 13h30, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, até o juiz determinar um intervalo, por volta das 15h, para que a defesa comece a fazer perguntas.
De acordo com o delegado, a principal evidência encontrada foi o desvio de dinheiro da empresa Referência Filmes, de propriedade de Luiz Rugai, relatado por diversas testemunhas.
"Não tenho nenhuma dúvida de que Gil Rugai é o autor deste crime", disse o delegado. Indagado pelo promotor sobre a condução de outras investigações durante o inquérito da morte do pai e da madastra de Gil Rugai, o policial resumiu: "a grande maioria dos trabalhos, --que Chiareli presidia na época-- foi suspensa; a equipe inteira ficou neste caso. Todos os dias colhíamos depoimentos, foram três ou quatro meses para colocar tudo em ordem".
O depoimento do delegado é aguardado desde o início do júri como um dos mais longos da semana. Foi também, até agora, o que rendeu a maior participação da acusação nas perguntas, a ponto de o juiz determinar um intervalo antes das perguntas da defesa. "Independente do sucesso, é muito grande a admiração pelo seu trabalho. Sua segurança me gera um estímulo muito grande para continuar", declarou o promotor Rogério Zagallo ao delegado.
Em entrevista à imprensa no intervalo do julgamento, a defesa do réu insinuou que existem outras linhas de investigação que não foram apuradas pela polícia.
Os advogados do ex-seminarista insinuaram hoje, durante o depoimento de Alberto Bazaia Neto, instrutor de voo de Luiz Rugai, que seu assassinato teria associação com o narcotráfico.
Bazaia Neto afirmou que o pai do rapaz havia dito na quarta-feira, quatro dias antes do crime, que Gil Rugai teria confessado desviar dinheiro da empresa do pai, e que por causa disso foi expulso de casa.
Gil teria mala de fuga
Umas das provas contra Gil Rugai apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde o réu tinha uma agência de publicidade.
De acordo com Chiareli, a pistola calibre 380 encontrada era idêntica à citada por Rudi Otto, um sócio do réu.
Otto disse à polícia que Gil possuía o que chamava de “mala de fuga”, com ácido, veneno, roupa e uma pistola preta.
Segundo o delegado, o próprio jovem desconfiava do réu após a notícia do duplo homicídio, e na segunda-feira seguinte ao crime foi procurar a arma no mesmo lugar, na agência deles, e não a localizou.
Ainda conforme o policial, durante as investigações, a mãe de Gil Rugai apresentou à polícia duas armas de brinquedo que seriam do filho.
"Mostramos estas armas ao Rudi e a um amigo deles que também tinha visto a arma na agência, mas Rudi disse ter pego a arma de Gil nas mãos anteriormente, e que não eram as mesmas".
Entenda o caso
O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004.
O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.
Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.
Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.
O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.
Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.
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