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Repórter da Globo é ouvido no julgamento de Gil Rugai

Janaina Garcia e Ana Paula Rocha

Do UOL, em São Paulo

20/02/2013 15h03

O jornalista Valmir Salaro, da Rede Globo, é a terceira testemunha de defesa a ser ouvida nesta quarta-feira (20), no júri popular do ex-seminarista Gil Rugai.

O réu é acusado de matar o pai e a madrasta em 2004. Os depoimentos hoje começaram às 10h45, com o contador Edson Moura, que trabalhava na produtora do pai de Gil Rugai, Luiz Carlos Rugai, e com a antropóloga Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, da USP (Universidade de São Paulo).

Salaro foi chamado pela defesa por conta de uma reportagem feita sobre o caso para o programa "Fantástico".

A mulher do vigia que afirma ter visto Gil Rugai deixar a cena do crime dizia que o marido, na realidade não teria visto o filho do empresário.

O vigia é testemunha-chave do caso e foi o primeiro a depor, na segunda-feira (18), quando reafirmou em juízo o que dissera à Polícia Civil de que viu o réu na cena do crime.

Réu não é estranho

Antes, a defesa de Gil Rugai lançou mão da doutora em antropologia Schritzmeyer para tentar convencer os jurados de que o réu não se trata de uma "pessoa estranha, esquisita".

Para a testemunha, a construção da personalidade do réu durante a investigação pode ter se pautado por "estereótipos" e "preconceitos".

Formada em ciências sociais e direito, a testemunha também é pesquisadora-sênior do Núcleo de Estudos da Violência da USP e destacou ter estudando durante anos os ritos no Tribunal do Júri paulista.

Ela alertou os jurados que, "no Brasil, e de um modo geral", não é respeitado um princípio jurídico que determina que, caso eles tenham dúvida sobre a culpabilidade do réu, ele deve ser absolvido --no latim, o "indubio pro reo".

Contador diz não ter como provar desvio de dinheiro

No primeiro depoimento do dia, Moura disse que não tinha como comprovar supostos desvios feitos pelo réu na empresa do pai.

Moura foi contador na produtora de Luiz Carlos Rugai, pai de Gil Rugai, que teria sido morto pelo filho juntamente com a mulher, Alessandra de Fátima Troitini, segundo a acusação.

De acordo com a testemunha, era comum na empresa uma pessoa assinar documentos ou cheques em nome  de outra. O que, segundo Moura, é praxe entre empresas do ramo, principalmente quando há relação entre pais e filhos.

Segundo a acusação, os desvios, feitos a conta-gotas, se davam por intermédio de assinaturas falsas de Luiz Carlos feitas por Gil Rugai em folhas de cheque da vítima.

"É comum, nas empresas, as pessoas saberem fazer a assinatura o outro. É uma praxe, no meu modo de ver, e muito comum entre pai e filho", disse.

Entenda o caso

O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004.

O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos.

Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.