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Após alga e celular, acusação quer apresentar mais provas no 2º dia do júri de Mizael Bispo

Thiago Varella

Do UOL, em Guarulhos (SP)

12/03/2013 06h00

Nesta terça-feira (12), segundo dia do julgamento do ex-PM Mizael Bispo de Souza, acusado pela morte da ex-namorada e advogada Mércia Nakashima, a expectativa é que todas as testemunhas que faltam consigam depor no Fórum de Guarulhos --região metropolitana de São Paulo.

Depois de apresentar provas de que havia no sapato de Mizael uma alga existente na represa de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado, e de que o lugar onde o ex-PM disse estar no dia do crime não bate com os locais indicados pela antena do celular usado por ele, a acusação pretende apresentar mais evidências.

No primeiro dia do julgamento, que aconteceu nesta segunda-feira (11), somente três testemunhas da acusação foram ouvidas: o irmão de Mércia Nakashima, Márcio Nakashima, o biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo e o engenheiro Eduardo Amato.

"Vamos explorar também que havia indícios de sangue, fragmentos ósseos e de metal de munição no calçado de Mizael. Além disso, vamos provar que ele estava no local do crime", disse o assistente de acusação Alexandre de Sá Domingues.

Ainda falta ouvir duas testemunhas da acusação: o delegado responsável por investigar o crime, Antônio Assunção de Olim e o advogado Arles Gonçalves Júnior. Também irão depor as testemunhas de defesa Renato Pattoli, perito da Polícia Técnico-Científica, o fotógrafo Eduardo Zocchi, o investigador Alexandre Simoni Silva, e o perito particular Osvaldo Negrini, além de Rita Maria de Souza, amiga de Mizael.

Bate boca entre advogado e irmão de Mércia marca 1º dia do júri

O juiz também convocou o perito da polícia Hélio Ramacciotti como testemunha.

Para o advogado, o primeiro dia de julgamento serviu para "jogar uma pedra de cal na tese de que Mizael estava na noite do crime com uma prostituta em frente ao Hospital Geral de Guarulhos. "Derrubamos uma mentira e derrubaremos outras ", prometeu.

O promotor Rodrigo Martins Antunes se irritou com a tática da defesa de fazer muitas perguntas para as testemunhas. Para ele, trata-se de uma estratégia para causar cansaço em quem está depondo e também nos jurados. "Vou precisar tomar um calmante agora à noite. Mas é difícil se acalmar com uma defesa dessas", brincou.

O júri é formado por cinco mulheres e dois homens e, pela primeira vez na história do Judiciário brasileiro, é transmitido ao vivo por rádio, televisão e internet.

Testemunhas

Em quase quatro horas de depoimento, Márcio Nakashima, irmão de Mércia, chorou, discutiu com o advogado de Mizael Bispo e acusou o réu de ter se "transformado" no segundo ano de namoro com a advogada. Márcio foi a primeira testemunha ouvida no julgamento, que pode durar de quatro a cinco dias.

Segundo o irmão da vítima, a partir do segundo ano do relacionamento de sua irmã, Mizael "se transformou". "Mizael era muito ciumento, possessivo e se transformou. Ele ligava várias vezes para a Mercia", afirmou. 

A segunda testemunha ouvida foi o biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, que confirmou em depoimento que a alga encontrada no sapato do réu também pode ser encontrada na represa de Nazaré Paulista, onde o carro e o corpo da vítima foram achados.

De acordo com Bicudo, essa alga vive em profundidades de 20 a 50 cm e exige um substrato para se fixar. No caso de Mizael, o substrato também foi encontrado no sapato do réu. O especialista também confirmou que o sapato de Mizael precisou ter entrado na água para conter a alga.

O engenheiro eletricista e mestre em telecomunicações Eduardo Amato Tolezani foi a terceira testemunha ouvida nesta segunda-feira. O especialista foi convocado pela acusação. Tolezani fez uma análise, a pedido da promotoria, de duas ligações de celular feitas por Mizael, no dia 23 de maio de 2010, dia da morte de Mércia. No momento das chamadas, o réu dizia estar em um carro, em frente ao Hospital Geral de Guarulhos.

 

Segundo a operadora do celular de Mizael, as ligações foram feitas utilizando as antenas (ou ERBs, sigla para estação rádio base) da rua Antonio Tava e da rua Santa Margarida, ambas em Guarulhos. Em relação à rua Antonio Tava, seria impossível usar a antena do local estando na frente do Hospital Geral de Guarulhos, distante 10 km da antena, como aponta o GPS do rastreador do carro de Mizael.

Já em relação à rua Santa Margarida, há, para a operadora, uma probabilidade tão remota de se estabelecer uma ligação, que a possibilidade é considerada nula. O local fica a 6,8 km de distância do Hospital Geral de Guarulhos.

Tolezani não permitiu que seu depoimento fosse transmitido ao vivo seja por imagem ou por som. Além disso, antes de suas explicações, contou que estudou no mesmo colégio que o promotor Rodrigo Merli Antunes, há cerca de 20 anos, mas que não tem uma "amizade íntima" com ele.

As três testemunhas ouvidas não permitiram a presença de Mizael no plenário.