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Para Promotoria, "não houve lógica" em júri da morte de extrativista

Casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva mortos em Nova Ipixuna (PA) no dia 24 de maio de 2011 - Conselho Nacional das Populações Extrativistas/AFP
Casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva mortos em Nova Ipixuna (PA) no dia 24 de maio de 2011 Imagem: Conselho Nacional das Populações Extrativistas/AFP

Carlos Madeiro

Do UOL, em Marabá

05/04/2013 06h00

Os promotores responsáveis pela denúncia contra os acusados do assassinato do casal extrativista Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva, em maio de 2011, em Nova Ipixuna (582 km de Belém), afirmaram que a absolvição do suposto mandante, com a condenação dos dois acusados de serem autores materiais, fugiu a "lógica" dos julgamentos.

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No júri popular que durou dois dias e terminou na noite desta quinta-feira (4), em Marabá (685 km de Belém), os sete jurados entenderam que não havia provas contra José Rodrigues Moreira, mas condenaram os dois autores materiais do crime: Lindonjonson Silva Rocha foi condenado a 42 anos e oito meses e Alberto Lopes do Nascimento a 45 anos de prisão.

A decisão foi criticada pelos dois lados, da defesa e da acusação.  “Não tem lógica condenar os mandantes e absolver que mandou matar. Vamos recorrer dessa decisão. Ficou um caso sem cabeça”, disse a promotora Ana Maria Magalhães.

Para o promotor Danyllo Pompeu Colares, a absolvição foi fruto da falta de coerência dos jurados, mas também citou o “teatro” feito pelo acusado absolvido como decisivo.

“Foi realmente uma decepção muito grande. Houve um teatro muito grande feito pelo José Rodrigues, que chorou, se ajoelhou. Essa ação teatral foi decisiva”, disse o promotor, confiante que o TJTribunal de Justiça do Pará vai reverter a decisão e marcar outro julgamento.

“Temos o precedente do caso Dorothy [Stang, morta em 2005], e vamos entrar com um recurso mostrando que temos provas contundentes como José Rodrigues para que um novo julgamento seja feito”, disse.

Defesa parcialmente satisfeita

Do lado da defesa, a satisfação pela absolvição de José Rodrigues --que já foi libertado da prisão, onde estava detido desde setembro de 2011--, não escondeu a frustração com a condenação dos dois outros réus e promete recorrer da decisão que condenou os dois acusados de autoria material.

"Foi uma pena o Ministério Público não ter feito a réplica, porque seriam mais duas horas debates para mostrarmos que eles também eram inocentes. Se tivéssemos esse tempo, iríamos absolver o Lindonjonson”, afirmou o advogado Wandergleisson Fernandes, que defendeu os irmãos José Rodrigues e Lindonjonson.

Já o advogado, Edivaldo Santis, que defende o réu Alberto Lopes do Nascimento, também disse que vai recorrer da decisão. “Não há provas contra o meu cliente, e vamos recorrer para que essa injustiça seja desfeita”, afirmou.