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Família de pedreiro desaparecido na Rocinha vai entrar em programa de proteção a testemunhas

Sergio Cabral (segundo à esq.) participa de reunião com parentes do pedreiro Amarildo Dias de Souza, que está desaparecido desde 14 de julho no Rio - Ale Silva/Futura Press
Sergio Cabral (segundo à esq.) participa de reunião com parentes do pedreiro Amarildo Dias de Souza, que está desaparecido desde 14 de julho no Rio Imagem: Ale Silva/Futura Press

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

24/07/2013 15h07

Integrantes da família do pedreiro Amarildo de Souza, 42 anos, morador da favela da Rocinha desaparecido desde o último dia 14 depois de ser levado por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade, na zona sul do Rio de Janeiro, vão ser inseridos no programa de proteção a testemunhas do Governo do Estado e devem sair da comunidade onde moram.

A decisão foi tomada após um encontro que a mulher, dois sobrinhos e um primo de Amarildo tiveram com o governador Sérgio Cabral (PMDB) na tarde desta terça-feira (24), no palácio Guanabara, em Laranjeiras, também na zona sul.

Após o encontro, a mulher de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva, afirmou ter certeza de que não voltará a ver o marido com vida. "Não acredito que ele está com vida mais. Já procuramos em tudo o que é lugar e não tivemos resposta de nada. Tenho certeza de que meu marido está morto", declarou.

"Eu não recebi nenhum tipo de ameaça, mas eu estou com medo. Eu e minha família. Porque, quando a poeira baixar, os policiais podem fazer uma maldade comigo e com minha família", afirmou Elizabete. Companheira de Amarildo há 29 anos, ela disse que o marido é trabalhador, sempre viveu na comunidade e é conhecido por todos os moradores.

"Meus (seis) filhos são nascidos e criados lá e não querem ir para lugar nenhum, mas eu sei que eu estou em pânico. Estou dormindo na casa dos outros com medo de chegar alguém e me matar", confessou.

Durante a reunião, que começou por volta do meio-dia e terminou às 13h30, Elizabete relatou ao governador -- que não participou da entrevista coletiva ao fim do encontro -- os acontecimentos da noite do desaparecimento do pedreiro e disse que estava com medo de sofrer represálias por parte dos responsáveis pelo desaparecimento do marido.

Desaparecimento

Segundo a mulher, Amarildo foi levado da porta de casa e, depois, os policiais disseram que ele foi liberado porque tinha sido confundido com alguém. "Ninguém sabe por que ele foi levado. Ele estava na porta de casa." Amarildo tinha acabado de chegar de uma pescaria.

A polícia informou que nesta quarta-feira o delegado Orlando Zaccone, titular da 15ª DP (Gávea), que investiga o caso, foi até a sede da UPP da Rocinha, acompanhado de peritos do ICCE, para verificar os equipamentos de câmeras de vídeo do local.

O defensor geral Nilson Bruno informou que se ficar apurada a responsabilidade da polícia, caberá indenização por parte do Estado. "Mas ainda estamos no processo de elucidação do caso. Trabalha-se, em princípio, com o desaparecimento", disse.

Afastamento de policiais

Na última quinta-feira (18), quatro policiais militares da UPP da Rocinha foram afastados de suas funções operacionais. Os PMs, que não tiveram os nomes divulgados pela polícia, foram deslocados pelo comando da corporação para serviços administrativos na Coordenadoria de Polícia Pacificadora, em Bonsucesso, onde permanecerão até a conclusão do inquérito.


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