Comércio amanhece fechado em favela do Rio após ônibus incendiado
Parte do comércio na favela da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro, amanheceu fechado nesta segunda-feira (6), um dia depois de moradores incendiarem um ônibus em protesto pela morte de um jovem durante uma ação da Polícia Militar, segundo informações da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Mangueira.
Por volta das 19h30 deste domingo (5), nas proximidades de um acesso à comunidade, na rua Ana Néri, moradores pararam um ônibus da linha 622 (Saens Peña x Penha) e atearam fogo ao veículo. Ninguém se feriu. A morte do jovem --que motivou o ato dos moradores-- teria ocorrido na noite anterior.
Os manifestantes dizem que os policiais agem com violência durante as operações na favela. "Eles entram aqui com a maior truculência e humilham os moradores. Estamos cansados de ser tratados assim", disse uma moradora que não quis se identificar.
De acordo com a PM, antes do incêndio, os moradores ordenaram que todos os passageiros desembarcassem. As chamas destruíram totalmente o veículo, e atingiram ainda a fachada de um bar.
Logo em seguida, homens da Polícia Militar iniciaram uma operação na favela da Mangueira e interditaram a rua Visconde de Niterói. Não há informações nem sobre prisões e/ou apreensões nem sobre uma eventual troca de tiros.
Outro morador que não quis se identificar disse que o rapaz que foi morto não era criminoso. "Ele era trabalhador, nós o conhecíamos. Em vez de chegarem aqui e matarem pessoas trabalhadoras, eles deveriam cuidar da luz, do esgoto e da água, que já estão em falta faz alguns dias", disse.
Horas antes, durante a tarde de domingo, moradores já haviam incendiado montes de lixo, que foram espalhados por ruas da comunidade. Na última sexta-feira (3), a rua Visconde de Niterói foi interditada por moradores --na ocasião, eles protestavam contra a falta de luz na favela.
A mãe de Wellington, que tem mais dois filhos e não quis revelar seu nome, disse que o rapaz não era criminoso e que trabalhava como camelô. "Ele era quieto, calado, não fazia mal a ninguém. Eu vi o meu filho ser atingido e levado pelos policiais para o hospital. O sentimento agora é de muita tristeza." (Com Agência Brasil)
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