Topo

"Recuperado", sistema Cantareira ainda depende do volume morto

Vista da represa Jaguari-Jacareí, no interior de SP, que integra o sistema Cantareira - Nilton Cardin/Estadão Conteúdo - 30.dez.2015
Vista da represa Jaguari-Jacareí, no interior de SP, que integra o sistema Cantareira Imagem: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo - 30.dez.2015

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

06/01/2016 06h00Atualizada em 06/01/2016 11h24

O Cantareira, sistema que abastece 5,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo, ainda depende do volume morto, água que precisa ser bombeada porque fica abaixo do nível das comportas.

O índice da represa Jaguari-Jacareí, a principal e maior do sistema, está nesta quarta-feira (6) em -5,3%. Isso significa que a água que está armazenada atualmente lá é a do volume morto, 5,3 pontos percentuais abaixo do nível normal.

A capacidade da represa é de 808 milhões de m³ de água, mais de 80% do volume útil de todo o Cantareira. Esse número é maior que a quantidade de água que podem armazenar os sistemas Guarapiranga, Alto Tietê, Rio Claro e Alto Cotia juntos.

Outras represas compõem o sistema Cantareira: Cachoeira, Paiva Castro e Atibainha. A Jaguari-Jacareí tem uma capacidade mais de quatro vezes maior que as três juntas.

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) afirma que o Cantareira não recorre mais ao volume morto e que o nível negativo da Jaguari-Jacareí é uma "questão operacional de manejo de água". A empresa informa que opta por deixar mais cheios os demais reservatórios que são mais próximos à estação de tratamento, tornando o transporte da água mais rápido.

Volume morto

Há uma semana, o índice do Cantareira como um todo --que corresponde à média dos níveis de suas quatro represas-- subiu para 22,6%, saindo do volume morto. Esse percentual corresponde à quantidade de água que existe no sistema em relação à capacidade total de armazenamento, incluindo as duas cotas do volume morto.

A recuperação desse volume aconteceu por causa das recentes chuvas na região e 19 meses depois que ele começou a ser usado. Em maio de 2014, o governo do Estado passou a captar água dessa reserva, que nunca tinha sido utilizada antes, diante da falta de chuva e da queda acelerada do índice do Cantareira.

Apesar de o governo dizer que não precisa mais recorrer ao volume morto do Cantareira, a situação do abastecimento de água na Grande São Paulo ainda é considerada crítica em comparação com o cenário de dois anos atrás. E especialistas alertam para o risco de o Cantareira voltar ao volume morto ao longo do ano.