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Caso Marielle: ex-PM suspeito usará amigos em bar como álibi

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

26/07/2018 04h00

Advogados do ex-policial militar Alan Nogueira, preso na terça-feira (24) e apontado como suspeito de envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, dizem que testemunhas em um bar devem basear um álibi para seu cliente.

Na versão da defesa, amigos do suspeito poderiam comprovar que Nogueira estava na zona norte do Rio de Janeiro quando a parlamentar foi morta no centro da cidade em 14 de março.

Nogueira e o ex-bombeiro Luiz Claudio Ferreira Barbosa, também detido na terça, são considerados pela Polícia Civil suspeitos do assassinato de Marielle. Segundo o delegado Willians Batista, eles são integrantes, "de maneira estável e permanente" de uma milícia que atua na zona oeste carioca.

A milícia é uma organização criminosa formada por ex-policiais e policiais corruptos que atua em comunidades do Rio cobrando taxas de "proteção", ao estilo mafioso e comercializando irregularmente serviços de transporte, TV a cabo e fornecimento de gás.

A polícia investiga se um desses grupos está envolvido nos assassinatos. A quadrilha suspeita seria chefiada pelo ex-policial Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, que também está preso.

Nogueira e Barbosa foram presos nesta semana por outro crime, ocorrido em fevereiro de 2017 --os assassinatos de José Ricardo da Silva e Ricardo Severo, que também eram integrantes da milícia e lutavam com Curicica, segundo investigação.

A polícia chegou até eles em razão do depoimento de uma testemunha chave, que teria pertencido ao bando de Curicica e tem a identidade preservada. Essa testemunha disse que os dois também estariam envolvidos no assassinato de Marielle.

Porém, o advogado Rafael Rangel disse que, na noite em que o carro da vereadora foi atacado, o ex-PM estava com amigos em um bar no bairro de Ramos, na zona norte da cidade.

"Tem testemunhas oculares que estavam presentes com ele na data no estabelecimento, a princípio seria um bar na zona norte do Rio e ainda estamos aguardando mais informações para esclarecer isso dentro do processo", disse. Rangel defende que não seria possível que Nogueira estivesse no bar e na cena do crime ao mesmo tempo.

Ele disse que não sabe exatamente a que horas o seu cliente chegou e quanto tempo ficou no bar. Marielle e Anderson foram mortos por volta de 21h30, quando veículos com pistoleiros emparelharam e dispararam contra o carro em que estavam.

O UOL entrou em contato com advogados de Barbosa, o outro suspeito, mas eles optaram por não se pronunciar, pois ainda estão definindo se assumirão ou não o caso.

A polícia já investiga os assassinatos de Marielle e de Anderson há mais de quatro meses. Suspeitos já foram identificados, mas ninguém foi indiciado pelo crime.

Celulares

Pelo que foi divulgado até o momento, a polícia tem ao menos duas pistas que poderiam ligar Nogueira e Barbosa à cena do crime.

Uma delas é o depoimento da testemunha-chave, que já deu informações consideradas precisas pela polícia sobre o duplo assassinato de 2017 pelo qual eles foram presos. Segundo o delegado Batista, tudo que a testemunha falou foi comprovado em perícia.

A Delegacia de Homicídios apreendeu com os dois suspeitos cerca de 20 telefones celulares. Esses aparelhos serão analisados por peritos que tentarão descobrir se algum deles estava funcionando na região e no momento em que Marielle e Anderson foram assassinados.

Eles também tentarão descobrir se algum dos aparelhos possui mensagens relacionadas ao crime ou contatos que levem à investigação de outras pessoas. A polícia não forneceu mais informações sobre a investigação, pois o caso encontra-se sob sigilo.