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Polícia cumpre mandados de prisão relacionados ao caso Marielle

Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio - Divulgação
Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio Imagem: Divulgação

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

13/12/2018 12h35Atualizada em 12/03/2019 15h22

Policiais civis do Rio de Janeiro cumprem nesta quinta-feira (13) mandados de prisão e de busca relacionados aos assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Os mandados judiciais são contra suspeitos que estariam diretamente envolvidos no crime, segundo informou ao UOL integrante da cúpula da Secretaria de Segurança.

Os mandados judiciais são cumpridos em endereços na zona oeste carioca, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em Angra dos Reis (litoral sul do estado), Petrópolis (região serrana do Rio) e Juiz de Fora (MG). Os alvos envolveriam 15 endereços, de acordo com a "TV Globo".

Segundo nota divulgada pela Polícia Civil, esses mandados de prisão e apreensão se originaram de inquéritos que correm em paralelo à investigação principal do caso Marielle. Contudo, um integrante da Secretaria da Segurança afirmou que a polícia suspeita que os alvos da operação tenham ligação direta com a morte de Marielle.

O integrante da cúpula da secretaria disse, porém, que ainda não é possível divulgar se os procurados são executores do crime ou seus mandantes. O objetivo é não atrapalhar as investigações.

General confirmou envolvimento de milícia

Uma das principais linhas analisadas pela polícia até agora é que o crime tenha sido realizado por membros de milícias --forças paramilitares formadas por policiais e ex-policiais corruptos que exploram diversas modalidades de crimes nas favelas que controlam. 

Em novembro, o secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, afirmou em entrevista à "GloboNews" ter certeza do envolvimento de milicianos no assassinato. "Não é um crime de ódio. Falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução", disse ele na ocasião.

O que foi testado na reconstituição do assassinato de Marielle?

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Marielle e Anderson foram mortos a tiros no dia 14 de março na região central do Rio. Eles retornavam para a casa da vereadora do PSOL acompanhados de uma assessora --que sobreviveu-- após uma reunião política na Lapa, bairro do centro da capital fluminense.

Na rua Joaquim Palhares, um carro emparelhou com o veículo onde estava a vereadora e, de dentro dele, foram efetuados ao menos 13 disparos. Ela foi atingida por quatro tiros na cabeça, e Anderson, por três tiros nas costas. O ponto escolhido para a emboscada, no bairro do Estácio, não possuía câmeras de segurança.

As investigações correm sob sigilo e vêm sendo questionadas porque o caso não foi elucidado nove meses após o crime. Em nota, a Polícia Civil disse também que a Delegacia de Homicídios da Capital "vem realizando várias operações policiais voltadas a possibilitar a checagem e a qualificação de inúmeras informações de Inteligência que são coletadas ou transmitidas anonimamente para a unidade".

Também em novembro, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que não havia garantias de que o crime conseguirá ser elucidado ainda este ano. Segundo ele, "existiria uma grande articulação envolvendo agentes públicos, milicianos e políticos" atuando para impedir a resolução do caso. "Eu diria que [o envolvimento deles no crime] é mais do que uma certeza", disse.

A Polícia Federal passou a investigar no mês passado, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, suspeitas de que uma organização criminosa estaria atuando para atrapalhar as investigações do caso Marielle.

"Ela determinou que a Polícia Federal abrisse inquérito para investigar essa organização criminosa, que envolve agentes públicos, milicianos, organizações criminosas e a contravenção, para impedir que se chegue aos mandantes e executores reais do duplo homicídio", informou Jungmann na ocasião. O pedido de Dodge se baseou em dois depoimentos de testemunhas do caso.