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Para reduzir estupros em SP, PM tem de estar no lugar certo, diz comandante

"Se há uma rua escura, a polícia tem que estar ali", diz coronel Marcelo Vieira Salles - 11.mai.2018 - Rafael Hupsel/Folhapress
"Se há uma rua escura, a polícia tem que estar ali", diz coronel Marcelo Vieira Salles Imagem: 11.mai.2018 - Rafael Hupsel/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

25/01/2019 04h00

Único crime que segue em alta em São Paulo, o estupro é uma pedra no sapato da segurança pública paulista. Em 78% dos registros de violência sexual ocorridos durante 2018, o estupro foi contra um vulnerável, como criança, por exemplo. Tido como difícil de combater, por ser um crime muitas vezes praticado a quatro paredes, a PM (Polícia Militar) de SP tem como principal objetivo o trabalho de prevenção.

Em entrevista exclusiva ao UOL, o comandante da corporação paulista, coronel Marcelo Vieira Sales, afirmou que, para reduzir os índices, a PM deve melhorar a atuação na prevenção. "Se temos a ciência de que uma escola termina a aula 22h30, o comandante regional tem que colocar uma viatura ali. Se há uma rua escura, a polícia tem que estar ali. É um trabalho preventivo para tentar evitar que algo pior ocorra, caso não haja presença policial naquele determinado lugar", disse.

Em 2018, 11.950 estupros foram registrados em São Paulo. Foi o maior número em cinco anos. A PM não tem como finalidade a investigação --isso tange à Polícia Civil. No entanto, a PM pode realizar estudos e agir de forma independente durante o trabalho ostensivo. "Da PM, o que temos que fazer é, principalmente, a prevenção onde houver fluxo grande de pessoas. Ostensividade e prevenção", afirmou. 

Os registros de estupro por ano:

  • 2018 - 11.950
  • 2017 - 11.089
  • 2016 - 10.055
  • 2015 - 9.265
  • 2014 - 10.026
  • 2013 - 12.057

Além disso, Salles disse que a PM deve ter uma proximidade com os governos municipais para diminuir problemas urbanos que possam facilitar a ação de um estuprador. "Para que se possa murar terrenos, cortar matos, melhorar a iluminação, enfim, diminuir as possibilidades desse indivíduo", diz.

"Baixa na letalidade é crédito dos cabos e soldados" 

Coronel Marcelo Vieira Salles, comandante-geral da PM de SP - 11.mai.2018 - Rafael Hupsel/Folhapress - 11.mai.2018 - Rafael Hupsel/Folhapress
"Fizemos estágio de aperfeiçoamento [aos policiais]", diz comandante-geral da PM
Imagem: 11.mai.2018 - Rafael Hupsel/Folhapress

O coronel Salles comemorou a baixa de 9,5% no número de pessoas mortas pelas polícias de São Paulo entre 2017, ano que bateu recordes de letalidade, e 2018, que terminou com média de 2,3 pessoas mortas pelas polícias por dia. "A redução da letalidade era uma das nossas premissas quando assumimos. Mas é um trabalho de toda tropa", afirma. 

Mortos pelas polícias de SP por ano:

  • 2018 - 851
  • 2017 - 940
  • 2016 - 857
  • 2015 - 798
  • 2014 - 729
  • 2013 - 369

Policiais mortos em São Paulo por ano:

  • 2018 - 60
  • 2017 - 60
  • 2016 - 80
  • 2015 - 66
  • 2014 - 91
  • 2013 - 89

Salles assumiu a PM em abril de 2018, a convite do então governador Márcio França (PSB), seu amigo. "Demos mais autonomia aos sargentos. Os oficiais se aproximaram da tropa, isso foi fundamental. Isso respondeu muito bem. Nós fizemos um estágio de aperfeiçoamento e de liderança operacional para subtenentes e aos 10.600 sargentos, relembrando conceitos de atuação."

"O principal ator que contribuiu com essa redução é o cabo e é o soldado, que estão na viatura. Esses dois são os principais: têm que estar seguros, treinados e atentos. São os grandes responsáveis pela queda. O crédito não é meu, é da radiopatrulha. Isso que estou falando é ser justo. Tudo que é de bom na polícia, o mérito é deles", afirmou o comandante.

Na prática, Salles disse que o que ajudou, também, foi a operação Servir e Proteger. "Posicionamos preventivamente viaturas em locais específicos. Evitamos que o crime ocorresse pela presença policial. Evitando o crime, evitamos o confronto, e, consequentemente, a letalidade. Parece óbvio, mas tem relação direta", argumentou.

Salles disse, ainda, que não teve alteração em sua rotina de trabalho na troca entre os governadores Márcio França (PSB) e João Doria (PSDB). "Tive oito reuniões com ele [Doria], em 24 dias de governo. E senti muito entusiasmo e muito respeito pela polícia."