Presídio de SP onde estava cúpula do PCC mantém 782 "soldados" da facção
Resumo da notícia
- Após saída de líderes, prisão ainda abriga 782 suspeitos de integrarem a facção
- Procurador e promotor dizem que atividades do PCC se mantêm em andamento
Entre 2007 e 2019, a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) foi a principal moradia de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele costumava deixar a prisão nos últimos anos só para prestar depoimentos ou para ir ao regime de isolamento, que fica próximo, em Presidente Bernardes (SP).
O governo de São Paulo transferiu, na manhã do dia 13 último, 22 líderes da facção. Entre eles, Marcola, outros 14 integrantes do primeiro escalão e mais sete do segundo escalão da liderança do PCC. A ação surpreendeu os transferidos. Eles foram levados a presídios federais de Brasília, Porto Velho e Mossoró (RN).
Apesar da transferência da cúpula, muitos outros integrantes da facção continuam em São Paulo. Considerado presídio de segurança máxima, a rotina em Presidente Venceslau é mais rígida que as demais penitenciárias do estado. Lá, os presos supostamente são vigiados 24 horas por dia, através de agentes penitenciários, e existe um trabalho policial no local para apreensão de recados normalmente enviados pelos presos, através de visitas, para integrantes da facção em liberdade.
De acordo com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), a penitenciária 2 de Presidente Venceslau abriga, após as transferências, 782 presos. Autoridades entrevistadas pela reportagem apontam que todos colaboraram, pelo menos de alguma maneira, com o PCC, mas a maioria presente ali é "soldado", ou seja, integrante de baixo escalão da facção criminosa paulista.
Além dos presos que continuam na ex-sede da cúpula do PCC em São Paulo, outros 93 presos estão no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) de Presidente Bernardes, onde Marcola também esteve nos últimos anos.
Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que foi o responsável por solicitar a transferência dos 22 líderes do PCC para presídios federais, "ainda há muitos integrantes do PCC em presídios do estado, mas não tenho conhecimento de que algum deles ocupa posição na cúpula".
Ainda de acordo com Gakiya, a situação em Venceslau é considerada "tranquila". "Não detectamos nenhuma movimentação ou transmissão de ordens, mas os 'negócios' do PCC na rua continuam normalmente. Pode ser que [Marcola] consiga continuar liderando, sim, mas acho que não vai participar ativamente de todas as decisões, pois estará isolado."
Para o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino, que investigou a facção no seu início, "o simples isolamento dos líderes não extingue a organização. A droga continua vindo e abastecendo a distribuição. Haverá quem gerencie esta estrutura. Creio que, apesar disto, não haverá uma substituição imediata e, se ocorrer, será uma mudança muito gradual".
Dados obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) pelo UOL apontam que o estado gasta R$ 2,2 milhões por mês no presídio de Presidente Venceslau. A reportagem pediu entrevista com a direção do presídio, mas não obteve retorno. Como base de comparação, o presídio federal de Porto Velho, onde está Marcola, custa, por mês, R$ 6 milhões. O Ministério da Justiça não informou quantos presos estão no local. O diretor do presídio de Venceslau não quis conceder entrevista, segundo a SAP, "por motivos de segurança".
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