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Paraisópolis: áudios da PM reforçam tese de ataques a tiro em baile

PMs envolvidos na ocorrência prestaram depoimento no 89º DP - Reprodução/Twitter
PMs envolvidos na ocorrência prestaram depoimento no 89º DP Imagem: Reprodução/Twitter

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

18/12/2019 13h52Atualizada em 18/12/2019 16h05

Resumo da notícia

  • Diálogos entre PMs em 1º de dezembro citam tiros disparados por garupa de moto
  • Áudios reforçam tese defendida pela PM, de que equipes foram alvo de disparos no local
  • Ação em baile funk terminou com nove jovens mortos sob suspeita de pisoteamento

Áudios dos primeiros seis policiais envolvidos na ocorrência de um baile funk de Paraisópolis, zona sul, que terminou com nove jovens mortos, estão sendo analisados pelas investigações que correm paralelamente na Polícia Civil e na Corregedoria da PM. Os áudios foram divulgados hoje pela TV Globo e confirmados pelo UOL.

Os registros do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) reforçam a versão de que os policiais que atenderam a ocorrência teriam reagido a um ataque a tiros, disparados pelo passageiro de uma moto. A PM alega que foi o veículo em fuga que causou o tumulto no evento que provocou os pisoteamentos e as nove mortes.

"Copom, dois indivíduos uma XT 660 preta. O garupa, armado, camisa branca, efetuou disparos contra as equipes", diz um dos policiais envolvidos, de acordo com os áudios que estão na investigação. A mensagem foi enviada via rádio às 3h41 do dia 1º de dezembro.

Mais tarde, uma nova gravação afirma que "a multidão está se evadindo da viatura aí pela [rua] Herbert Spencer, sentido [rua] Pasquale [Gallupi]."

Depois disso, foram mais de 20 minutos sem comunicação com o Copom. Segundo testemunhas, neste momento, os policiais realizavam uma ação de dispersão do baile funk que ocorria no local. Uma posterior comunicação pede resgate na comunidade da zona sul de São Paulo.

"Copom, aciona o resgate na rua Ernest Renan com Adolfo Lutz ([m referência à rua Rodolf Lotze]. Teve correria aí, pisoteamento. Pode solicitar mais de um resgate aí para o local", reproduz a gravação.

A princípio, a PM informou sobre "cerca de dez indivíduos desacordados" no local. Pouco depois, informa sobre o socorro de nove vítimas desacordadas.

O advogado Fernando Fabiani Capano, que defende os seis primeiros policiais da ocorrência, diz que "fica cada vez mais clara a completa ausência de liame entre a conduta dos policiais e as lamentáveis mortes ocorridas na oportunidade".

"A responsabilidade direta deve ser atribuída, conforme comprovam, inclusive, áudios da ocorrência que estão sendo acostados na investigação, à conduta criminosa de indivíduos que, atirando contra agentes policiais, causou o tumulto que culminou com o lamentável resultado", diz o advogado.

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