Jovem preso por roubo conversava com a namorada na hora do crime, diz laudo
Resumo da notícia
- Jovem preso desde julho do ano passado pode estar preso por crime que não cometeu
- Laudo aponta que jovem estava conversando com namorada no horario do crime
- Na conversa, em ambiente aparentemente fechado, havia textos, áudios e fotos
Laudo de hoje do IC (Instituto de Criminalística) indica que Lucas Vital e Silva, 24, preso sob suspeita de roubar um celular em julho do ano passado, estava conversando com a namorada, em um ambiente aparentemente fechado, durante o horário do crime — o que corrobora a versão apresentada por ele, que afirma inocência.
Silva foi preso em 31 de julho, cinco dias após um consultor de 34 anos ter o celular roubado na região do Jabaquara. Desde então, Silva está preso em Guarulhos (SP). As polícias Civil e Militar e o MP (Ministério Público) acusaram o rapaz, e a família apresentou provas de que Silva não teria praticado o roubo.
A polícia chegou até Silva depois de o assaltante ter tirado uma selfie tremida com o celular roubado. O dono do aparelho recuperou a imagem e a localização do aparelho e enviou as informações à polícia.
PMs foram até a região apontada pela vítima. Lá, encontraram Vital e Silva conversando com um vizinho, compararam a selfie com o rosto de Vital e Silva e o levaram à delegacia do bairro.
A perícia feita pelo IC, no entanto, aponta que não é possível mostrar que Lucas e o autor da selfie são a mesma pessoa, pela baixa qualidade da imagem feita pelo criminoso.
O laudo saiu 47 dias depois de a Justiça de São Paulo ter determinado que o IC fizesse, com urgência, perícia no celular de Silva, e após reportagem do UOL mostrar a demora na divulgação do documento.
Laudo corrobora versão da família e do preso
A família levou à Justiça o celular de Silva para mostrar que que, no momento do roubo, a dois quilômetros dali, ele estava dentro de casa, enviando diversas mensagens para a namorada. Entre as mensagens, havia textos, áudios e fotos. "Sim, as mensagens dos prints de tela correspondem com as mensagens visualizadas no aparelho de telefonia móvel", aponta o laudo.
"Foram trocadas mensagens durante praticamente todo o dia, iniciando às 8h59, pausando por alguns períodos", complementa o laudo pericial produzido pelo Instituto de Criminalística.
A perícia realizou o confronto entre os prints de tela e as mensagens gravadas no aparelho celular e ratifica o conteúdo.
Laudo pericial
O caso
A polícia civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Silva, mas não encontrou o celular que o corretor afirmou que Silva teria roubado.
A vítima do roubo, o consultor Clayton Medeiros, 34, porém, afirma que reconheceu Vital e Silva como autor do crime. Apesar de não ter recuperado o aparelho, disse estar satisfeito de ter tirado das ruas "dois ladrões" e reafirma ter feito o reconhecimento fotográfico e pessoal: "Não colocaria um inocente na cadeia", disse.
Medeiros viu as imagens publicadas pelo UOL que mostram Silva no bairro do Jabaquara conversando (com textos, fotos e áudios) com a namorada no mesmo horário do roubo, ocorrido a pelo menos 2,5 quilômetros de distância. Pelas imagens e pelas conversas, é improvável que ele tenha estado no local do crime.
Ao se atentar aos arquivos de voz, a vítima disse ter encontrado uma "coisa estranha". "A voz dele não se parece com a do criminoso. O que parece: Parece que colocaram a foto dele num celular qualquer, pegaram a conversa de um cara qualquer, mostraram para você e disseram que era ele", afirmou.
Na casa da família de Vital e Silva, a reportagem viu o celular fisicamente. Havia áudios enviados pela mesma voz em outras conversas, além de notificações recebidas no Facebook pessoal do jovem.
A consultora Elaine Cristina Lídia Vital, 43, mãe do rapaz, relatou que a família foi ameaçada por dois policiais militares após a publicação da reportagem sobre o caso. A Corregedoria da PM apura a informação.
Por meio de nota, a PM informou que os policiais "foram acionados para ocorrência de averiguação de veículo produto de roubo na região. Ao ver uma das viaturas, um homem correu para um bar. Foi realizada a abordagem e após a busca pessoal, nada de ilícito foi encontrado e ele foi liberado. Posteriormente, dois suspeitos envolvidos no roubo foram detidos e encaminhados ao 35º DP".
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