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Homem morto após ter síndrome nefroneural é fundador de bar em BH

O empresário Milton Pires no bar Baiuca - Arquivo pessoal
O empresário Milton Pires no bar Baiuca Imagem: Arquivo pessoal

Daniela Mallmann e Marcellus Madureira

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

17/01/2020 09h11

Resumo da notícia

  • Milton Pires, 89, é uma das quatro vítimas de síndrome nefroneural
  • A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a ligação das mortes com o consumo da cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer
  • "Seo Milton", como era conhecido, fundou o bar Baiuca, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, em 1997

Fundador do Baiuca, um dos mais tradicionais bares de Belo Horizonte, o empresário Milton Pires, 89, é um dos quatro mortos vítimas da síndrome nefroneural, que atinge os rins e o sistema nervoso. A doença e uma possível relação com o consumo da cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer, vêm sendo investigadas pela Polícia Civil de Minas Gerais.

"Seu Milton", como era conhecido, criou o estabelecimento em 1997, que fica no bairro de Funcionários, na região centro-sul da capital mineira.

Segundo parentes da vítima, ele consumiu a cerveja Belorizontina no dia 7 de janeiro. O empresário estava internado no Hospital Mater Dei, na capital mineira, e teve a morte confirmada na manhã de ontem. Ele estava com os sintomas da intoxicação depois de ter ingerido a Belorizontina.

A esposa de Milton também consumiu a cerveja no mesmo dia, no entanto, não sentiu os sintomas.

Segundo funcionários que trabalham no Baiuca, Milton morava no segundo andar do estabelecimento e descia com frequência para tomar uma cerveja e conversar com as pessoas. Os filhos são os responsáveis por administrar o bar atualmente. O UOL tentou contato com os familiares, mas não teve sucesso.

O estabelecimento é revendedor da Belorizontina. Nas principais fotos do bar, no site, é possível ver a exibição da marca Backer. A reportagem conferiu ainda o cardápio servido e constatou que a única cerveja artesanal era dos rótulos da cervejaria.

Todos os funcionários e os que conviviam com ele estão abalados. Nas redes sociais, amigos e conhecidos se mostraram revoltados com o caso. O velório e o enterro estão programados para serem realizados ainda hoje.

Bar Baiuca divulga cervejaria Backer em seu site - Divulgação - Divulgação
Bar Baiuca divulga cervejaria Backer em seu site
Imagem: Divulgação

Entenda o caso

Segundo o Ministério da Agricultura, ao menos 21 lotes de oito rótulos de cervejas produzidas pela Backer estão contaminados. A Polícia Civil trata as quatro mortes como suspeitas de intoxicação por dietilenoglicol até que o laudo fique concluído. O prazo regular para finalização do laudo é 30 dias.

A fabricante afirma que não emprega esse componente em sua linha de produção, mas um similar (monoetilenoglicol) no processo de resfriamento dos tanques. Professores afirmam que uma substância pode se transformar em outra por reações químicas.

No último boletim, divulgado ontem à noite, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais contabiliza 18 casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol.

Dos 18 casos, 12 se concentram em Belo Horizonte. Os demais estão, cada um, em outras cidades mineiras:

  • Nova Lima
  • Pompéu
  • São João Del Rei
  • São Lourenço
  • Ubá
  • Viçosa.

Backer é obrigada a recolher todas as cervejas

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O que diz a Backer

Na terça-feira (14), a diretora de marketing da cervejaria Backer, Ana Paula Lebbos, pediu que consumidores não bebam a cerveja Belorizontina, independentemente do lote. O alerta vale também para a marca Capixaba, nome dado à mesma cerveja no Espírito Santo.

"O que quero agora é que não bebam a Belorizontina, qualquer que sejam os lotes, por favor. Quero que meu cliente seja protegido. Não beba Belorizontina. Não sei o que está acontecendo", disse.

Água usada em produção de cerveja da Backer está contaminada

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