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Doria anuncia ex-comandante da Rota como novo chefe da PM em SP

Coronel Fernando Alencar Medeiros, novo comandante da PM de SP - 09.mar.2020 - Divulgação/Governo de SP
Coronel Fernando Alencar Medeiros, novo comandante da PM de SP Imagem: 09.mar.2020 - Divulgação/Governo de SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

09/03/2020 12h18Atualizada em 09/03/2020 16h26

O governador João Doria (PSDB) anunciou na tarde de hoje o coronel Fernando Alencar Medeiros como novo comandante-geral da PM (Polícia Militar). Ele ocupará o lugar que era de Marcelo Vieira Salles, 52, que entregou o cargo na segunda-feira passada (2).

Coronel Alencar foi, entre outras funções, comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), instrutor da Escola de Soldados e da Academia do Barro Branco, onde são formados os oficiais.

O que motivou a entrega do cargo

O ato, atípico, do coronel Salles de entregar o cargo, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), teve caráter pessoal "principalmente por entender a importância de haver a renovação na instituição".

Interlocutores e oficiais da ativa e da reserva, porém, apontam como principal motivo a campanha que o comandante fez a favor da reforma da previdência dos PMs, votada na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), que contrariou o governador.

Salles chegou a ir a Brasília costurar apoio para a reforma enquanto ocorria a investigação sobre a atuação policial em Paraisópolis, que terminou com nove jovens mortos, no final do ano passado.

Além disso, policiais próximos ao comandante ventilam a possibilidade de o coronel ser candidato a vereador da cidade de São Paulo ou até mesmo ser vice-prefeito da capital na chapa com Márcio França (PSB), rival de Doria.

Salles admitiu sondagens de partidos. Ao UOL, afirmou estar feliz e com o sentimento de dever cumprido. "Depois de 35 anos, volto a ser o Marcelo, não o Salles", disse.

Atritos entre Salles e Doria

Ao reduzir quase todos os indicadores criminais, Salles foi mantido por Doria e pelo secretário João Camilo Pires de Campos, o que foi considerado raro, na troca de governo, em 2019. O coronel é considerado como alguém que tem respeito da tropa, incluindo praças e oficiais.

Desde o início da gestão Doria, porém, o governador e Salles mostraram divergências, inclusive em relação à letalidade policial.

No último discurso, com a voz embargada e com pausas com choro, em coletiva de imprensa, Salles elogiou e agradeceu ao governador, cúpula da segurança pública e policiais oficiais e praças. "Gratidão eterna, governador. O senhor me confiou a principal área, que o senhor mais tem carinho", disse.

O professor Rafael Alcadipani, de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que estuda a polícia paulista, afirmou que o coronel Alencar "é uma pessoa que conhece muito de policiamento e tem vasta experiência em assuntos policiais. Além disso, é alguém preocupado com letalidade e abusos policiais".

"É uma pessoa muito capacitada e preparada para a função. O único problema é que ele faz parte da mesma turma do atual comandante da PM. E é tradição na PM que troquem a turma do comandante porque isso pode gerar insatisfação entre os coronéis. É preciso saber qual o plano para a gestão, isso precisava ficar claro", analisou.