SP: 'maioria esmagadora trabalha bem' na PM, diz secretário após agressões
O secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, disse hoje em entrevista à GloboNews que a corporação não compactua com os recentes episódios de violência policial registrados no estado e que "a maioria esmagadora trabalha bem" na PM.
No fim de semana, um novo caso ganhou repercussão após um jovem ter sido vítima de um golpe de estrangulamento, chegando a ficar desacordado durante a abordagem na cidade de Carapicuíba. Os policiais envolvidos na ação foram afastados.
"São 120 mil policiais, são 20 mil vezes que uma viatura atende ao cidadão em 24 horas. Quando isso foge à normalidade, somos implacáveis. A maioria esmagadora trabalha bem. Policiais me mandam mensagens reclamando daquela ação no Jaçanã. Os próprios policiais, a gente não compactua com isso", disse Camilo.
O secretário fez referência a outro caso de repercussão ocorrido nos últimos dias, quando policiais militares agrediram um jovem que afirmava estar na casa da namorada. Os PMs pertenciam ao 43º batalhão, do bairro do Jaçanã, e também foram afastados.
Sobre o caso de ontem em Carapicuíba, o coronel Camilo afirmou que os fatos serão apurados. "A moto veio na mão contrária do policial, tentou sair, bateu a moto dele na moto do policial. Os dois caíram e entraram em luta corporal, a partir daí o policial usou técnicas de defesa para imobilizar. Naquele momento não dá para saber se ele era só uma pessoa que não tinha carteira. Numa dessas o policial morre. O que está sendo avaliado é se as técnicas de avaliação são adequadas ou não. Se tiver errado, vai responder", afirmou.
Mais cedo, em entrevista à CNN Brasil, o ouvidor das polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, disse que as imagens do caso são "chocantes e estarrecedoras". O secretário-executivo da PM, por sua vez, disse que o vídeo não mostra a ação completa dos policiais.
"A imagem mostra só a imobilização, não mostra a luta corporal. Ninguém sai predisposto ao confronto, policial sai de casa para mediar conflitos. Infelizmente coisas acontecem, se o policial não tomar cuidado, ele morre. Essas imagens, embora fortes, são imagens de imobilização de alguém que se atracou com a Polícia. Vamos avaliar. Importante: os policiais já foram afastados para a gente poder apurar. Não é fácil, estamos trabalhando para acertar sempre", disse o coronel Camilo.
O secretário voltou a dizer que a maioria dos policiais faz um bom trabalho e afirmou que a PM não faz distinção entre pessoas nas ações policiais.
"Nós não temos abordagens diferentes, não tem formas diferentes. A Polícia de SP não olha cor, não olha se é branco, se é preto, olha criminoso, olha para o crime. Se estão acontecendo casos reincidentes, vamos retreinar pelos princípios que regem a polícia, respeito aos direitos humanos. Temos vários casos, sim, mas a esmagadora maioria do estado de SP faz um bom trabalho", disse.
'Falha de procedimento'
Também à CNN Brasil, o porta-voz da PM de São Paulo, capitão Osmario Ferreira, evitou afirmar que houve excesso na abordagem. Mas assegurou que uma eventual "falha de procedimento" está sendo analisada.
"A gente analisa se houve falha de procedimento — através da sindicância instaurada, pela imagem, pelos dois vídeos que não têm uma sequência lógica. A gente vai analisar o vídeo, as pessoas no entorno serão ouvidas, os dois jovens serão ouvidos, para que realmente a gente possa verificar o que aconteceu, para que a sociedade possa contar com a Polícia Militar", informou.
Segundo o capitão Ferreira, não há orientação para tratamentos diferentes de policiais militares contra brancos e negros, ou em periferias e áreas nobres de grandes cidades.
"A Polícia Militar de São Paulo é uma das instituições mais democráticas que temos. Temos policiais negros, brancos, de todas as etnias. Imaginar que a Polícia tem algum viés etnológico, estaríamos vendo de maneira distorcida."
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