Mortes, transbordamentos e barragens em risco: Chuvas causam estragos em MG
As chuvas que atingem Minas Gerais desde o fim de dezembro, deixando diversas cidades com enchentes, se intensificaram no segundo fim de semana de janeiro. A força das águas resultou em mortes, moradores ilhados, pontes danificadas e barragem com risco de rompimento iminente. A previsão indica que as chuvas persistirão ao longo desta semana.
O caso mais grave aconteceu em Capitólio, no sudoeste de Minas Gerais. Lá, dez pessoas morreram e outras 30 ficaram feridas após uma rocha de um cânion desabar durante um passeio de lanchas.
Apesar de as investigações ainda estarem analisando as causas do acidente, a hipótese inicial é de que as fortes chuvas tenham ocasionado a queda da estrutura sobre as embarcações.
No mesmo dia da tragédia, a Defesa Civil havia alertado para possíveis "cabeças d'água" para a região.
Deslizamento com mortes
Outro registro de mortes em razão das chuvas aconteceu em Dores do Guanhães, na região do Vale do Rio Doce.
O deslizamento de um talude deixou dois mortos e sete feridos. Todas as vítimas foram levadas para hospitais da região, com três delas em situação estável e quatro em estado grave.
As vítimas fatais são dois homens, de 44 e 53 anos, que foram soterrados, segundo informações repassadas ao UOL pela 8ª Região da Polícia Militar, que engloba a cidade afetada.
Enchentes
As fortes chuvas que atingem Minas Gerais fizeram hoje subir para 145 o número de cidades que decretaram situação de emergência. Pará de Minas, a 83 km de Belo Horizonte, acabou figurando no boletim de hoje da Defesa Civil.
Dados do órgão calculam que o estado atualmente tenha 13.734 pessoas desalojadas e outras 3.409 desabrigadas - 35 a mais em relação ao último boletim divulgado.
Ambos os casos consideram pessoas que precisaram deixar as suas casas, mas os desabrigados são aqueles que precisam de assistência do governo por não ter para onde ir.
No domingo (9), um dia após a tragédia de Capitólio, a região metropolitana de Belo Horizonte também sofreu com as chuvas. Dez cidades registraram pontos de alagamentos. O problema resultou em 124 acionamentos de pessoas ilhadas ao Corpo de Bombeiros.
Somente em Nova Lima, por exemplo, o nível da água chegou a 2,5 metros, no bairro de Honório Bicalho.
Ponte se rompe
Em Nova Era, na região Central de Minas Gerais, o rio Piracicaba não aguentou o aumento do volume de água provocado pela chuva e transbordou no domingo (9). A força da correnteza rompeu parcialmente uma ponte pênsil, isolando moradores. Ao todo, 200 precisaram de acolhimento em abrigos, conforme estimativa da Defesa Civil.
O rio Piracicaba é o principal afluente do rio Doce. A bacia compreende 20 municípios mineiros. Além de Nova Era, a cheia já atingiu as cidades de Rio Piracicaba e João Monlevade —que ficam na mesma região.
De acordo com a Defesa Civil, os alertas de enchentes começaram já na sexta-feira (7). No sábado, a cota de inundação, de 4,70 metros, foi atingida e, no domingo, ultrapassou os 7,94 metros.
Barragem em risco
Já em Pará de Minas, moradores estão em alerta depois que a prefeitura emitiu um comunicado pedindo que algumas famílias deixem suas casas devido ao risco de rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca.
A situação da represa, que pertence à empresa Santanense, foi classificada por autoridades como "crítica".
"Esse é um alerta sério, e nós pedimos a todos vocês que repassem esse alerta. É um risco devido às intensas chuvas. E, para evitar uma tragédia maior, estamos fazendo esse alerta", informou a prefeitura de Pará de Minas, nas redes sociais.
O alerta foi endossado pelo Corpo de Bombeiros, que determinou evacuação imediata das comunidades ribeirinhas da cidade de Pará de Minas.
Até domingo (9), 34 pessoas se encontravam em locais de risco e outras 32 permaneciam em comunidades com acesso dificultado.
O porta-voz dos Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, afirmou hoje à CNN Brasil que "tem água vertendo tanto por cima da barragem como dos lados".
Ao programa UOL News Tarde, do Canal UOL, o prefeito Elias Diniz (PSD) afirmou que foi montado um plano para remover todos os cadastrados pela Santanense. Contudo, uma família resiste à retirada, o que levou o município a acionar a Justiça para a remoção.
A prefeitura contou ter montado duas centrais de operações, uma no distrito do Carioca, onde as famílias podem se abrigar, e outra em Conceição do Pará.
"Nós não podemos dar sorte ao azar. O que acontece é que o volume de água que desceu a barragem é um volume jamais visto, foi previsto 70 milímetros de chuva de sábado para domingo e foi o dobro: 140 milímetros de água", falou o prefeito ao UOL News.
Dique de mineradora transborda
Um dos locais mais afetados da região metropolitana de Belo Horizonte, a cidade de Nova Lima sofreu no sábado com o transbordamento de um dique da Mina Pau Branco que não suportou a subida do volume de água.
Devido às chuvas, a situação da mina alcançou o nível 3 de emergência, a mais grave na escala de segurança da ANM (Agência Nacional de Mineração).
A fabricante de tubos Vallourec, responsável pela mina, confirmou a elevação do nível de risco da estrutura, que despejou sedimentos sobre a BR-040 e deixou uma pessoa ferida.
A situação fez a Justiça de Minas Gerais obrigar a empresa a adotar, em até 48 horas, um plano de segurança e estabilidade para a estrutura.
O juiz Sérgio Henrique Cordeiro Caldas Fernandes ainda ordenou o bloqueio de R$ 1 bilhão das contas da empresa como medida "para minimizar os transtornos ocorridos e para restabelecer a normalidade da situação".
*Com informações de Wanderley Preite Sobrinho, em São Paulo, e Rafael Neves, em Brasília.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.