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Policiais penais denunciam agressões em curso do Cope, em MG

Policial penal mostra hematoma após curso em MG - Arquivo pessoal/Sindppen
Policial penal mostra hematoma após curso em MG Imagem: Arquivo pessoal/Sindppen

Do UOL, em São Paulo

26/01/2022 20h20Atualizada em 26/01/2022 20h20

Cerca de 50 policiais penais denunciaram ao Sindppen (Sindicato de Policiais Penais de Minas Gerais) abusos e agressões recorrentes em um curso voltado para profissionais que desejam atuar no Cope (Centro de Operações Policiais Especiais). De acordo com o sindicato, o curso, que começou no início deste mês, tinha 126 alunos e, agora, continua com apenas com 19.

Patrick Castro, diretor-executivo do Sindoppen, informou ao UOL que os abusos já estavam ocorrendo no primeiro dia de aula. "Os policiais informaram que tinha que assinar um termo, que não estava no edital, que dizia que qualquer coisa que acontecesse no curso não poderia falar sobre posteriormente ou externamente", relata.

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Policial mostra hematoma após curso em MG
Imagem: Arquivo pessoal/Sindppen

Entre as denúncias, os policiais alegam que passaram por situações de agressões físicas e psicológicas. Há relatos de que os professores utilizam cordas e pedaços de bambu. "Alguns colegas desistiram até pela vexatória que estavam passando. Já teve cursos anteriores, mas nunca teve uma repercussão negativa assim", diz Castro.

Imagens recebidas pelo sindicato mostram os hematomas de alguns dos policiais que foram agredidos nas pernas, nas nádegas e nas mãos. Castro diz que um dos alunos chegou a ficar internado e foi afastado após uma infecção que desencadeada em consequência das condições extremas do curso.

Além disso, cerca de 40 policiais foram retirados do treinamento sem nenhum motivo aparente, ainda no primeiro dia de aula. "Não teve teste de covid-19 para começar o curso, então alegavam que a pessoa estava gripada, por exemplo, para tirar ela. Em outra situações, diziam que a pessoa descansou em horário inapropriado, ou que não fez uma atividade... Não teve critério analítico."

Segundo Castro, os policiais tiveram que desembolsar cerca de R$ 7 mil para ingressar, dinheiro que é utilizado para custear treinamentos prévios, exames médicos, além de materiais, como um fardamento especial. Eles pretendem acionar a Justiça sobre o episódio.

Ainda, segundo o diretor-executivo do Sindoppen, o curso foi paralisado há alguns dias devido a um surto de covid-19. "Não estavam realizando testes e, quando foram ver, haviam várias pessoas infectadas", diz ele.

O UOL entrou em contato com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) que informou, em nota, que tomou conhecimento do caso e que irá "apurar a veracidade das informações".

Além disso, a secretaria também disse que já foi solicitada a abertura de investigação "para apurar possíveis excessos cometidos ao longo do curso em questão, bem como a responsabilização daqueles que eventualmente veiculam imagens inverídicas."

A Sejusp também confirmou que o curso foi paralisado durante uma semana por conta de resultados com diagnósticos positivos para a covid-19. No entanto, após o período de quarentena, as atividades foram retomadas. "Seguem no Copesp 19 homens", diz comunicado.

Agressões em outro curso

Um vídeo que circulou a internet na semana passada mostrou um militar aplicando um tapa no rosto de um policial militar em treino em Minas Gerais. Na ocasião, eles estavam em um curso de aperfeiçoamento da Rotam. Dez policiais foram afastados após o vazamento do vídeo.

A filmagem foi feita em outubro do ano passado no Batalhão da Rotam em Belo Horizonte, mas o caso chegou às autoridades apenas no último final de semana, segundo informações da major Layla Brunnela, porta-voz da PMMG. Ela declarou ainda que a corporação está "estarrecida" com vídeo e que o incidente é tratado como um crime "grave, mas isolado".

Apesar de afirmar que o caso é excepcional, a polícia mineira decidiu não abrir novos cursos de aperfeiçoamento até o fim das investigações.