Petrópolis: as histórias de 14 crianças que perderam a vida na tragédia
Ana Clara Rufino da Silva, de 7 anos, estava de mãos dadas com a mãe, Eliane Regina Rufino, quando foi levada na tarde de 15 de fevereiro pela enxurrada que matou cerca de 200 pessoas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
A menina faz parte da lista de ao menos 37 crianças e adolescentes que morreram no temporal mais letal da história da cidade, segundo dados da Polícia Civil.
Ontem à noite, o professor Alessandro Garcia, 38, participou da missa de 7º dia na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Quitandinha, em homenagem à esposa, aos sogros e aos dois filhos pequenos levados pelo deslizamento de terra quando estavam em casa.
No último sábado (19), Alessandro fez um desabafo em seu perfil no Facebook após voltar do enterro da esposa Carolina da Silva e da filha Sophia, de apenas 1 ano.
"Dois terços do meu coração ficaram lá... A última parte foi encontrada faz pouco. O enterro do Bentinho será amanhã (...). A dor é enorme e vocês estão literalmente me carregando", escreveu, ao citar a localização do corpo de Bento, um garoto autista de 5 anos que o chamou de "papai" pela primeira vez pouco antes da enxurrada.
Foi justamente após chamar pelos pais enquanto estava na casa dos avós em meio ao temporal que o pequeno Enzo, 6, foi visto pela última vez no Morro da Oficina, principal região atingida pela tragédia.
O deslizamento de terra ocorreu minutos depois de o menino sair em direção ao imóvel ao lado, onde estavam Leonardo Alves de Alcântara Stanzani e Graziele Stanzani, grávida de 8 meses.
Os corpos de pais e filho foram encontrados na última terça-feira (22). Leonardo será enterrado hoje de manhã. A família ainda aguarda a liberação dos corpos de Graziele e Enzo para sepultá-los.
De certa forma, estamos aliviados, porque acabou aquela angústia de procurar por corpos embaixo da terra. Pelo menos vamos poder dar um enterro digno a eles"
Flávia Stanzani Barbosa, prima de Enzo
Os corpos de outras quatro crianças foram encontrados em meio aos escombros de uma casa próxima. Sofia de Souza Affonso, 4, estava com o irmão Miguel, que tinha apenas três semanas de vida. Eles eram primos de Arthur Affonso Fernandes e Larissa Azevedo Affonso, de 5 anos.
'Meus anjinhos. Amo vocês eternamente'
O perfil no Facebook de Débora Lichtenberger Moreira, 22, ainda exibe a imagem dos dois filhos. Na foto, Gustavo, 5, aparece dando um beijo na bochecha de Heloise, 2. "Meus anjinhos. Amo vocês eternamente", escreveu a mãe, que morreu soterrada abraçada aos dois filhos em um dos cômodos do imóvel onde moravam.
Fábio Machado Silva, 44, que sobreviveu à tragédia, estava no mesmo imóvel com Mila Maranguape Silva, 13, Stephanie Maranguape Silva, 11, e Daniel Maranguape Silva, 6, quando ocorreu o deslizamento. Os seus três filhos morreram após o desmoronamento.
Ana Beatriz Seraphim, 20, morreu ao ser atingida pelos escombros com o filho Theo, que tinha apenas 10 meses de vida. Em dezembro passado, ela postou uma foto nas redes sociais da formatura no Colégio Estadual Rui Barbosa com o filho no colo e o canudo na mão. "Cá estou eu, linda e plena, formada com meu baby em meus braços mostrando para todos que tudo que eu fiz valeu a pena."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.