Manifestação em São Paulo pede justiça para Bruno e Dom
Uma manifestação ocupou o vão do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) hoje para pedir justiça ao indigenista Bruno Araújo Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips, assassinados este mês enquanto trabalhavam a favor de pautas indígenas no Amazonas.
"Basta de ataques aos direitos indígenas", dizia um dos cartazes. Outro apontava para o problema do garimpo em regiões reservadas para indígenas: "Garimpo polui e mata". Também havia críticas à Funai (Fundação Nacional do Índio) e pedidos de socorro para a Floresta Amazônia.
Manifestantes também lembraram do assassinato do indigenista Maxciel Pereira dos Santos. O crime ocorreu em setembro de 2019, no mesmo local de Bruno e Dom e segue sem solução até hoje.
Placas com nome de Paulo Paulino Guajajara, conhecido como Lobo Mau, também estiveram presentes no ato. O ativista ambiental foi assassinado também em 2019, mas no Maranhão.
Andamento do caso Bruno e Dom
Hoje, a PF (Polícia Federal) prendeu o terceiro suspeito de envolvimento nas mortes de Bruno e Dom. Jefferson da Silva Lima, conhecido também como "Pelado da Dinha", se entregou para as autoridades hoje após saber pela sua família que a polícia o procurava.
Segundo a corporação, ele será interrogado e, em seguida, encaminhado para audiência de custódia. Ele é apontado como alguém que participou diretamente do duplo homicídio e ajudou na ocultação dos corpos. Lima se apresentou por volta das 6h na Delegacia de Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas.
Além de Lima, a PF prendeu primeiro o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", que confessou ter esquartejado e enterrado os corpos. Depois, o irmão dele, Oseney de Oliveira, foi preso, mas negou envolvimento no duplo homicídio.
O pescador que levou a polícia até o local onde estavam os restos dos corpos de Dom e Bruno. O material foi enviado para análise na quinta-feira (16). Ontem, a PF confirmou que as partes encontradas eram de Dom e hoje o outro corpo foi identificado como de Bruno.
Quem são as vítimas?
Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, ele veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas e suas terras.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou a dupla.
Bruno, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), era conhecido como um defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiros. Em entrevista ao UOL, o líder indígena Manoel Chorimpa afirmou que o indigenista estava preocupado com as ameaças de morte que vinha sofrendo.
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