Topo

Esse conteúdo é antigo

Separação e herança de R$ 3 milhões: o que dizem novos relatos sobre cônsul

Walter Henri Maximillen Biot e o cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn eram casados havia mais de 20 anos - Reprodução
Walter Henri Maximillen Biot e o cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn eram casados havia mais de 20 anos Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

10/08/2022 04h00Atualizada em 10/08/2022 08h14

Novos depoimentos revelaram detalhes sobre o caso do cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, 60, suspeito de matar o marido belga Walter Henri Maximilien Biot, 52, no Rio de Janeiro. A morte ocorreu na sexta-feira (5), resultando na prisão em flagrante do agente consular estrangeiro.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro apurou que Hahn tinha brigas constantes com o marido e que eles eram casados há 23 anos, mas que, recentemente, Biot rompeu o casamento e foi para a Bélgica com tudo pago por um amigo local. Três meses depois, ele voltou e reatou o casamento. Ambos estavam de mudança para o Haiti.

Herança de R$ 3,1 milhões

Um amigo espanhol, cujo nome não foi revelado pela polícia, relatou que o amigo que pagou o retorno da vítima para a Bélgica morreu e deixou uma herança de 600 mil euros para Biot (R$ 3,1 milhões na cotação atual). A partir disso, as brigas se tornaram mais frequentes pelo fato de o belga não depender mais do dinheiro do marido para sair. O alemão repetia que, por ser diplomata, nunca teria problemas com a polícia.

Ainda de acordo com o depoimento do amigo espanhol, o cônsul alemão era considerado controlador e humilhava o marido.

Itens quebrados e hematomas

Uma faxineira que trabalhava para o casal também detalhou o relacionamento de ambos em depoimento à investigação. Ela disse que, "em abril ou maio", viu a porta da despensa e um vidro do armário da cozinha quebrados, como se tivessem sido atingidos por um murro ou algum objeto.

A mulher também afirmou que "por duas ou três vezes" neste ano notou manchas de sangue na fronha do travesseiro usado por Biot, e em julho notou um corte na testa do belga.

Em mensagens de WhatsApp, o irmão de Biot recebeu em 17 de julho uma foto com hematomas com a seguinte legenda: "É o inferno aqui com Uwe" e que procuraria a polícia. Em resposta, o familiar o incentiva a fazer isso. "Não se preocupe. Tenha coragem".

Delegada aponta espancamento

Na morte do belga, a perícia encontrou mais de 30 lesões em várias partes do corpo. Entre os ferimentos estão lesões como equimoses (manchas roxas) e escoriações (cortes e ralados) espalhadas por diversas regiões, como braços, pernas, tronco e cabeça.

Apenas no rosto, o documento do IML aponta que Biot apresenta quatro ferimentos, um deles no lábio inferior. Na região do tronco, são ao menos seis lesões. Ainda há mais dez ferimentos na região dos braços e das mãos. Os peritos também encontraram ferimentos no ânus e mais seis nas pernas.

Em depoimento, o diplomata alegou que, de forma repentina, Biot teve um surto, correu para o terraço, tropeçou em um tapete e caiu com o rosto no chão. Segundo Hahn, o companheiro ficou soltando gemidos após a queda. Ele disse que não soube avaliar se eram manifestações de dor ou gemidos desconexos.

Para a delegada Camila Lourenço, da 14ª DP (Leblon), que investiga o caso, o belga vivia um relacionamento abusivo e era vítima de violência doméstica. Ela afirmou não ter dúvida de que a versão narrada pelo alemão, de que o marido levantou repentinamente do sofá, saiu correndo e caiu com o rosto voltado para o chão, é mentirosa. "Foi uma sucessão de espancamentos".

*Com informações do Estadão Conteúdo