Conteúdo publicado há 12 meses

Justiça nega soltar acusada de envenenar ex-sogro e mãe dele: 'Crueldade'

A Justiça de Goiás negou o pedido de soltura realizado pela defesa da advogada Amanda Partata, acusada de ter matado o ex-sogro e a mãe dele por envenenamento.

O que aconteceu

Defesa apontou fundamentação 'genérica' em decisão anterior. Para os advogados de Amanda, a audiência de custódia da advogada na quarta-feira (21) teve uma decisão que não "explica os motivos" para a necessidade da prisão temporária da investigada. Eles entenderam que a decisão não discorre sobre os meios "pelos quais existiria algum tipo de risco para a integridade dos familiares das vítimas e testemunhas".

Os advogados ainda disseram que prisão foi ilegal. Eles alegam que a detenção não seguiu as normas constitucionais, por isso, solicitaram o habeas corpus da cliente.

Desembargador aponta indícios de autoria para negar o recurso. O plantonista Silvânio Divino de Alvarenga, da Câmara Criminal, afirmou que a Polícia Civil "cumprindo o seu dever com maestria, brilhantismo e agilidade", trouxe elementos que colocam Amanda na cena do crime. Ele ainda indicou que a advogada foi a um estabelecimento comercial para comprar alimentos que possivelmente foram intoxicados e fornecido às vítimas. Uma reportagem do UOL mostra a mulher comprando os alimentos.

A decisão, obtida pelo UOL, foi liminar, ou seja, em caráter de urgência e temporária. O documento também reforçou que decisão anterior está fundamentada a partir da investigação e que a alegação de violação de domicílio de Amanda deve aguardar outra fase do processo para reclamação formal.

Alvarenga cita que investigada tem "total desprezo com a vida humana". O desembargador comentou ainda que as vítimas eram pessoas do convívio de Amanda e isso "evidencia a sua crueldade", apontando ser necessário precaução para o prosseguimento das investigações e aplicação da Justiça.

Justiça também negou o pedido da defesa para que processo entrasse em sigilo. O desembargador citou que o caso "já foi amplamente divulgado na mídia, bem como não há prejuízo para a investigação", não havendo, portanto, necessidade de sigilo no processo.

Entenda o caso:

A advogada é apontada pela Polícia Civil como a responsável por envenenar o ex-sogro, Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Alves, de 86. Apesar da coleta de alimentos que estavam na residência das vítimas, ainda há possibilidade que o envenenamento tenha ocorrido por outra via que não alguma daquelas comidas coletadas pela perícia, disse Olegário Augusto, da Polícia Científica. Mais de 300 pesticidas são procurados dentro dos itens.

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Para a polícia, a motivação do crime seria "o sentimento de rejeição que Amanda teve no relacionamento". No total, a acusada e o filho da vítima namoraram por 45 dias, quando a relação chegou ao fim, em 3 de agosto. Após o término, o filho de Leonardo chegou a pedir que ela mantivesse menos contato com seus familiares, porque se sentia "incomodado".

Acusada mantinha boa relação com a família do ex-namorado, mas eles não sabiam que ela não estava mais grávida. Segundo o delegado Carlos Alfama, já está "verificado que ela não está grávida há algum tempo", embora diga que "ainda" está à espera do filho e "finja vômito por enjoo". A polícia investiga se em algum momento Amanda de fato esteve gestante do ex-namorado, porque há "indícios" de que os exames apresentados "foram falsificados".

A advogada também nunca aceitou o fim do relacionamento. Em agosto, ela já ameaçava o ex-namorado e seus familiares. As informações foram comunicadas pela Polícia Civil de Goiás.

Amanda Partata deve ser indiciada por duplo homicídio qualificado, por motivo torpe, com a qualificadora de envenenamento. A polícia ainda averigua se ela será denunciada por tentativa de homicídio no caso do avô do ex-namorado, que estava no local, mas não ingeriu os alimentos que a acusada levou.

Durante o interrogatório, a advogada negou que tenha cometido o crime e afirmou "amar a família". Ela também negou a criação de perfis falsos, mas não liberou acesso ao seu aparelho celular que está bloqueado. "Ela nega um fato que é conhecido e provado no inquérito", disse o delegado sobre as ameaças feitas ao ex-namorado.

A Justiça de Goiás determinou que a advogada deve permanecer presa. O juiz exigiu que Amanda seja colocada em uma cela separada. A mulher disse que foi agredida durante a sua prisão. Ele também recomendou que seja feita uma avaliação médica e psicológica na investigada

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Leonardo Pereira Alves e a mãe dele, Luzia Tereza Alves
Leonardo Pereira Alves e a mãe dele, Luzia Tereza Alves Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Doceria não teve relação com mortes

A doceria Perdomo Doces, marca de um dos itens comprados por Amanda, não teve qualquer envolvimento com as mortes. O estabelecimento passou por fiscalização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do Procon-GO (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor do estado) e da Polícia Civil e foi comprovado se tratar de uma empresa regularizada e séria, que colaborou a todo momento com as investigações.

A empresária Mariana Perdomo se disse "aliviada" e agradeceu a quem confiou que sua empresa não tinha envolvimento no caso. "Agradeço profundamente pela confiança depositada e pelo compromisso inabalável com a verdade. A cada abraço, sorriso e olhar sincero, as respostas às orações se materializam. A responsabilidade é honrar cada gesto de apoio com excelência e transparência".

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