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Cinco fatos que explicam as eleições municipais deste ano

Montagem com Guilherme Boulos, Bruno Covas, Celso Russomanno e Arthur do Val, candidatos à Prefeitura de São Paulo - Arte/UOL
Montagem com Guilherme Boulos, Bruno Covas, Celso Russomanno e Arthur do Val, candidatos à Prefeitura de São Paulo Imagem: Arte/UOL

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

16/11/2020 04h00Atualizada em 16/11/2020 08h19

O primeiro dia de eleições municipais no Brasil terminou de forma atípica: com atraso nas apurações e resultados sendo lidos pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Problemas à parte, os resultados apontam um maior avanço da esquerda e do centro no segundo turno de algumas capitais e o derretimento de candidatos que se colaram a Jair Bolsonaro.

Veja os principais pontos do primeiro turno das eleições no Brasil:

Falhas em sistema e aplicativo do TSE

Os sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passaram por problemas em dois momentos. Durante o horário de votação, eleitores enfrentaram instabilidade com o aplicativo e-Título, o que atrapalhou as justificativas pelo sistema e a verificação das seções eleitorais. E novamente, na hora das apurações, o sistema de divulgação dos resultados ficou paralisado por um tempo.

O caso obrigou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, a fazer alguns pronunciamentos durante a noite. Segundo ele, uma falha em um dos processadores do sistema de computação do tribunal foi o motivo do atraso na divulgação dos resultados, porém, as apurações continuaram correndo normalmente.

Municípios como São Paulo e Recife chegaram a ficar horas sem atualizar a apuração, o que suscitou teorias da conspiração na internet, propagadas inclusive por candidatos.

"Um dos núcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo", disse Barroso.

Apesar da demora, a noite terminou com resultados divulgados, ou ao menos já desenhados, para os segundos turnos nas cidades.

Centro e esquerda com bons resultados

Alguns resultados surpreenderam frente às projeções. Em São Paulo, algumas pesquisas apontavam a possibilidade de um segundo turno entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), mas com um diferença muito grande entre os dois — que abria margem até mesmo para um cenário de vitória em primeiro turno do tucano. No entanto, o psolista recebeu uma votação expressiva, recebendo mais de 20% do eleitorado paulistano.

O mesmo ocorreu em Recife, com a candidata do PT Marília Arraes. A apuração terminou com uma diferença muito pequena entre ela e o adversário João Campos (PSB) — menos de dois pontos percentuais.

Em Belém, no Pará, o segundo turno será entre o candidato do PSOL Edmilson Rodrigues contra Delegado Federal Eguchi do Patriota.

Mas foram os partidos do centro que mostraram maior vitória nas capitais. No Rio de Janeiro, o democrata e ex-prefeito Eduardo Paes vai para o segundo turno com o atual prefeito do Republicanos Marcelo Crivella com vantagem.

Salvador elegeu o candidato do DEM Bruno Reis já em primeiro turno. Em Porto Alegre, o candidato do MDB Sebastião Melo vai concorrer com a candidata do PCdoB Manuela D'ávila.

Candidatos apoiados por Bolsonaro derretem

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), embora tenha tido mais cedo este ano que não declararia apoio, no fim apoiou alguns candidatos, mas não viu isso se transformar em vitória. Em São Paulo, seu suporte foi para o apresentador Celso Russomanno que, pela terceira vez, começou a corrida na frente, mas desidratou e ficou longe do segundo turno.

No Rio, o conservador Crivella ficou 15 pontos percentuais atrás de Paes. Em Manaus, o candidato Coronel Menezes do Patriota foi o apoiado pelo presidente e terminou a disputa em quinto lugar.

Mais cedo, o presidente apagou uma publicação que tinha feito no sábado em sua página no Facebook, na qual indicava em quais candidatos ele "votaria" pelo Brasil nas eleições municipais de hoje.

Maior índice de abstenções em 20 anos

Já com quase todas as urnas do país apuradas, foi possível ver um grande número de abstenções. Cerca de 23,14% neste primeiro turno. O maior índice em 20 anos.

O ministro Luís Roberto Barroso reconheceu que o índice foi alto, mas comemorou que foi menos de 25% em um cenário de pandemia do novo coronavírus. "Os níveis de abstenções foram inferiores a 25%, portanto, em plena pandemia, nós tivemos um índice de abstenção pouca coisa superior a das eleições passadas. Eu gostaria de cumprimentar, de coração, o eleitorado brasileiro que compareceu em massa apesar das circunstâncias."

As abstenções podem ter sido o motivo da disparada de Eduardo Paes no Rio de Janeiro. A cidade teve a maior abstenção nas urnas desde 1996. Com quase todos os votos apurados, cerca de 32,79% dos cariocas não apareceram para votar.

Foram mais de 1,5 milhão de pessoas que não votaram na cidade, um total de votos muito maior do que o recebido por Paes: 974.726.

Em São Paulo, a taxa de abstenção foi próxima de 30%. Quase três pontos de diferença do percentual de votos obtidos pelo primeiro colocado, Bruno Covas (32,85%).

PT e PSL ficam de fora das 100 maiores cidades

Os maiores derrotados nessa eleição foram os dois maiores partidos em termos de bancada no Congresso e fundo eleitoral: PT e PSL. Das 100 cidades mais populosas, 43 já elegeram seus prefeitos neste domingo, consagrando um total de 12 partidos.

O PSDB foi o partido que mais elegeu neste primeiro turno: nove prefeitos. Seguido pelo MDB, com oito. Consolidando uma eleição marcada por vitória de políticos e partidos tradicionais da política brasileira.

No segundo turno, o PT ainda tem chance de eleger 15 prefeitos, enquanto o PSL só disputou Sorocaba e Praia Grande, em São Paulo.