Covas começa hoje busca por apoio de França e Russomanno no segundo turno
Candidato à reeleição em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) terminou o primeiro turno como nome mais votado, com 32,85%, contra 20,24% de Guilherme Boulos (Psol), que enfrentará no segundo turno. Agora, busca ampliar o arco de alianças. Nesta tarde, ele admitiu que vai manter conversas com os adversários derrotados Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos).
Vamos conversar com o Republicanos para que o Celso Russomanno e os vereadores eleitos pelo Republicanos possam também somar força com a gente."
Bruno Covas
Ao ser questionado se vai buscar apoio também de França, Covas disse: "Não há menor dúvida. Não há nenhuma mágoa, em nenhum momento fiz ataque pessoal, em nenhum momento levei para questão pessoal", declarou ao UOL Entrevista, comandado pelos colunistas do UOL Diogo Schelp e Leonardo Sakamoto.
O histórico sugere que o acerto com o Republicanos seja mais viável. O partido era aliado de Covas durante sua gestão e tinha até uma secretaria municipal. Russomanno foi, inclusive, um dos nomes cotados para ser vice na chapa do prefeito, que escolheu Ricardo Nunes.
Ontem, Russomanno não declarou apoio no segundo turno. Atribuiu a derrota à "falta de verba" e reiterou sua fidelidade ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
França desconversa
Com Márcio França, a situação parece mais complicada porque o candidato do PSB travou enfrentamentos duros com João Doria (PSDB), quando ambos disputaram o segundo turno da última eleição a vereador. Mas França também não está próximo de Boulos.
Houve muitos ataques entre eles e na sexta-feira, antes da eleição, o concorrente do PSOL fez acenos ao PSB e PDT, partido da chapa de França. A atitude foi considerada "arrogância" por Anderson Pomini, coordenador da campanha de França. Ele desconversou sobre um eventual apoio no segundo turno, mas disse que Boulos foi o fenômeno da disputa.
Amanhã, os partidos da coligação de França irão se reunir para discutir um possível apoio a um dos candidatos, Covas ou Boulos. O partido está aberto a ceder em alguns pontos. Já no PSB, a posição a ser tomada está menos clara e França, que tem o controle estadual da sigla, vai consultar o presidente nacional, Carlos Siqueira, e do presidente municipal, Eliseu Gabriel, segundo O Estado de S. Paulo.
Por um lado, a eleição em Recife pode prejudicar uma aliança com o PSOL. Por outro, França empunhou uma bandeira anti-Doria por toda a sua campanha.
Conversas começam hoje
O prefeito afirmou que os encontros com o núcleo político dos candidatos que não avançaram ao segundo turno começam hoje. Ele declarou que o trabalho será encabeçado pela direção do PSDB e a coordenação de sua campanha.
Covas ressaltou que haver segundo turno é um recado do eleitor de que existe necessidade de ampliar o escopo de projeto e propostas.
Uma eleição de segundo turno tem esta característica. Você tem que reconhecer que sozinho não conseguiu a maioria e é preciso ampliar [projeto e propostas] para atingir a maioria da população da cidade de São Paulo."
Bruno Covas
Ele ressaltou que existe uma linha geral de propostas estabelecida pelo programa de governo e é preciso avaliar quais teses e ideias os outros partidos gostariam de ver incorporadas para ver se há possibilidade de acordo. O trabalho é feito pelo partido e coordenação da campanha e ele terá palavra final sobre concordar com os termos acertados.
Bolsonaro errou apoiar candidato em SP
A eleição de São Paulo foi um dos locais onde o presidente manifestou apoio formal a um candidato. Ele escolheu Celso Russomanno, nome que terminou com 10,5% dos votos. Covas definiu o apoio de Bolsonaro na cidade como um mau negócio, reforçando o interesse da população no currículo, e não nos "padrinhos" dos candidatos.
Mais uma vez a população refutou eleger este ou aquele nome simplesmente porque tem o apoio deste ou daquele político. A população queria saber exatamente quem eram os candidatos, foi buscar saber e conhecer mais."
Bruno Covas
Integrantes do PSDB que conversaram com a reportagem ressaltaram que a estratégia de Covas é manter distância do Bolsonarismo. Esta tática até poderia render votos pela aversão que esta faixa do eleitorado tem a Boulos, mas não será empregada.
Mudança de discurso
Esta situação apareceu no discurso depois de domingo à noite, quando ficou claro que o prefeito avançaria ao segundo turno.
Ontem, o prefeito agradeceu a "espetacular vitória no primeiro turno' após o anúncio do resultado das urnas na capital, No diretório estadual do PSDB, criticou o que chama de "radicalismo" na campanha e sugeriu que a imprensa interpretasse a quem se referia quando foi perguntado se falava sobre o adversário no segundo turno.
Hoje, negou que tenha se referido a Boulos. "Olha, em nenhum momento eu citei o nome do Guilherme Boulos", disse.
A esperança venceu os radicais no primeiro turno e vai vencer os radicais no segundo turno."
Bruno Covas ontem
Se quando eu falo que a cidade de São Paulo não quer radicalismos ele acaba achando que estamos falando dele [Boulos], é um problema para ele resolver. Nós vamos buscar, nesse segundo turno, o voto de todo mundo, ninguém é dono de voto na cidade de São Paulo.
Bruno Covas hoje
Boulos, que se projetou à frente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), interpretou que o "radicalismo" foi direcionado a ele. E respondeu, também na noite de ontem, em sua casa, no Campo Limpo, que radicalismo é a maior cidade do país ter pessoas morando nas ruas e caçando comida em lixeiras.
Radicalismo é o abandono do povo em uma cidade como São Paulo. O que está em jogo no segundo turno é se vai vencer a mesmice, os mesmos de sempre, que mandaram a cidade para o abismo em que estamos hoje, ou a esperança, um projeto de futuro."
Guilherme Boulos, em resposta a Covas, ontem
Hoje, Boulos voltou a criticar a fala de seu adversário e o acusou de "mudar o discurso de acordo com os ventos para tentar ganhar votos"
Esse discurso de me chamar de extremista, de radical é o discurso do bolsonarismo, é o discurso do ódio. Que o Bruno Covas tenha aderido a isso por conveniência eleitoral só o diminui."
Guilherme Boulos, hoje, em nova resposta a Covas
Vice vira pedra no sapato
A campanha de Boulos, já dá mostras de que deverá colocar ainda mais em evidência as suspeitas envolvendo o candidato a vice de Covas, o vereador Ricardo Nunes (MDB).
Segundo a Folha, uma entidade ligada a Nunes pagou com dinheiro público empresas investigadas na máfia das creches e uma dedetizadora que pertence à família do parlamentar. A assessoria de Nunes diz que "a relação do vereador com a entidade se deve pelo trabalho social que tem com dezenas de entidades".
No debate UOL/Folha, Covas defendeu Nunes. "Não há nada que descredencia o trabalho do Ricardo Nunes, razão pela qual tenho total confiança que ele será um excelente vice nos próximos quatro anos", disse
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