Topo

Em agenda com PT, Erundina volta às origens e visita 4 favelas em 3 horas

Luiza Erundina discursa dentro do Erundinamóvel na comunidade Jacaraípe, na Vila Prudente, zona leste de SP - Marcelo Oliveira/UOL
Luiza Erundina discursa dentro do Erundinamóvel na comunidade Jacaraípe, na Vila Prudente, zona leste de SP Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

20/11/2020 19h29Atualizada em 20/11/2020 19h44

Enquanto Guilherme Boulos (PSOL) gravava os últimos programas do horário eleitoral, sua candidata a vice, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), 85, percorria, em três horas e meia, quatro favelas na Vila Prudente e em Sapopemba, na zona leste da cidade, acompanhada de políticos e militantes do PT.

A agenda foi acompanhada pelo ex-deputado estadual Adriano Diogo, pelo vereador Antônio Donato, pelo ex-vereador Chico Macena e por assessores da vereadora Juliana Cardoso, além de candidatos a vereador do PT não-eleitos.

No caminho, estavam pontos importantes para o início da carreira político-partidária de Erundina, iniciada em 1982, quando se elegeu vereadora pelo PT, depois de anos como assistente social em favelas como a da Vila Prudente, onde encontrou seu Euclides, de 101 anos, que conhecia dessa época.

Euclides - Marcelo Oliveira/UOL - Marcelo Oliveira/UOL
Ao fundo, à esq., Euclides, 101, no depósito de material de construção da família com as bisnetas, na favela da Vila Prudente
Imagem: Marcelo Oliveira/UOL
Durante o trajeto, se manteve dentro da cabine de acrílico do Erundinamóvel, criado para protegê-la do coronavírus, já que ela faz parte do grupo de risco para a doença.

Lembrada especialmente pelos mais velhos, discursou para os negros e moradores das favelas, sempre ressaltando a biografia de Boulos e sua militância no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

"Chega de Bruno Covas e das covas da pandemia", puxava Adriano Diogo, do carro de som. Em virtude do Dia da Consciência Negra, celebrado hoje, ela dizia: "Nós, brancos, devemos pedir perdão pelos crimes cometidos contra os negros desse país".

De olho em ganhar os votos dos ausentes no último dia 15, que representaram cerca de 30% na capital, Erundina defendia que idade não representa fraqueza, doença ou defeito e que, devidamente protegidos, os idosos devem votar, pois o processo é seguro.

Maria de Lourdes - Marcelo Oliveira/UOL - Marcelo Oliveira/UOL
A cobradora aposentada Maria de Lourdes Marques Cavalcanti, 60, que votou em Erundina em 1988 e votará de novo em 2020
Imagem: Marcelo Oliveira/UOL
Além da favela da Vila Prudente, Erundina esteve no Morro do Peu, na comunidade Jacaraípe, e na Favela da Estação, localizada numa das saídas da estação Ipiranga da CPTM, na Vila Prudente; e na Favela da Ilha, em Sapopemba, cortada pelo assoreado e cheio de lixo córrego do Mangue.

As favelas visitadas tinham casas com adesivos do candidato Jilmar Tatto e de candidatos a vereadores da PT. A recepção a Erundina foi calorosa, com crianças, adultos e idosos pedindo material de campanha. No final de semana antes do primeiro turno, o petista sentiu um certo desprezo nos eventos públicos.

Tulza Cavalcanti, 70, estava como voluntária ajudando a candidata. Ela sempre votou no PT e diz sonhar um dia ver Boulos na Presidência. Mas torce antes para que ele seja eleito e fique até o fim do mandato. "Ele não pode fazer o que os outros fazem", disse.

Na Favela da Estação, foi a vez da cobradora aposentada Maria de Lourdes Marques Cavalcante, 60, dizer que repetiria o voto que deu a Erundina em 1988.