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Com 4 a cada dez votos, Sudeste é alvo de Lula e Bolsonaro na campanha

Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em eventos de campanha na quinta-feira (18) - Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo e Ricardo Stuckert/Divulgação
Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em eventos de campanha na quinta-feira (18) Imagem: Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo e Ricardo Stuckert/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

21/08/2022 04h00

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) focaram no Sudeste para começar a campanha eleitoral. Com os três maiores colégios eleitorais do país, a região é responsável por 42,6% dos votos.

Os dois mais bem colocados nas pesquisas eleitorais escolheram São Paulo e Minas Gerais para fazer comícios e motociata nesta semana. Na sequência, vão incluir Rio de Janeiro para depois rodar o país, começando pela região Norte —onde Lula não foi durante a pré-campanha.

Além de focar regiões onde podem ganhar votos, os dois escolheram locais simbólicos em suas histórias e carreiras para dar o pontapé oficial na corrida ao Planalto.

Em São Paulo e Minas: Na terça-feira (16) —data definida pela Justiça eleitoral para início da campanha na rua—, o ex-presidente foi à porta de uma fábrica em São Bernardo do Campo (SP), no ABC Paulista, onde começou a carreira sindicalista. Lula falou a trabalhadores, tratou de temas sociais e econômicos e fez acenos a evangélicos.

Na sequência, foi para Belo Horizonte fazer o primeiro grande comício da campanha —desta vez, falou para milhares de pessoas na Praça da Estação, região central da cidade.

Ontem (20), voltou a São Paulo para um comício no Vale do Anhangabaú, local histórico da campanha de Diretas Já, durante a redemocratização.

Em São Paulo, Minas e no Rio: Bolsonaro também concentrou os primeiros movimentos da tentativa de reeleição nos maiores colégios eleitorais do Brasil —com a diferença que já incluiu o Rio de Janeiro.

O primeiro evento da campanha, na terça, ocorreu em Juiz de Fora (MG), onde se reuniu com lideranças religiosas, participou de uma motociata e discursou no local onde foi atacado com uma facada em 2018.

Dois dias depois, foi a São José dos Campos (SP) para participar da abertura da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concorre ao governo de São Paulo. O ato contou com motociata e um comício. O palco estava repleto de candidatos a deputado, incluindo Eduardo Bolsonaro.

Na sexta, voltou a Minas Gerais para a instalação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região —cabe ressaltar que a participação ocorreu como chefe do Executivo. Ontem, ele esteve na cerimônia militar na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em Resende (RJ) —também em agenda oficial.

Fazer o dever de casa: Quando se fala em São Paulo, ter uma margem vantajosa no estado é um dos grandes objetivos do PT. O partido só ganhou em casa, maior colégio eleitoral do país (com 22% do total de votos do país), na primeira eleição de Lula.

Agora, com o petista à frente nas pesquisas no estado, o PT considera fundamental manter essa diferença —em especial por ter dado Bolsonaro em 2018—, além de promover, de quebra, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) para tentar uma possível vitória inédita ao governo do estado.

Para a equipe de Bolsonaro, a dobradinha entre a candidatura a Presidência e ao governo estadual também é valiosa. A avaliação é que os projetos políticos estão ligados e Bolsonaro e Tarcísio dependem um do outro para alcançarem seus objetivos. Aliados de Tarcísio esperam que o presidente dê "uma atenção especial a São Paulo".

"Estado pêndulo": Já Minas tem alguns simbolismos. Segundo maior colégio eleitoral do país, é, junto ao Amazonas, o estado em que todos os candidatos que ganharam —tanto no primeiro quanto no segundo turno— foram eleitos desde a redemocratização.

Embora os modelos sejam diferentes, é o que na eleição norte-americana chamam de "estado pêndulo" —quando a alternância de um ente federativo ajuda a decidir a eleição.

Em 2018, os mineiros elegeram Bolsonaro já com 48% no primeiro turno e 58% no segundo, além de Romeu Zema (Novo), apoiador do presidente, para governador.

Diferente de São Paulo, a derrota preocupou o PT, que já tinha assimilado o estado como "vermelho" —pois obteve vitória nas quatro eleições anteriores. Agora, Lula está à frente nas pesquisas e quer retomar esse público.

Oficial, mas simbólico: A ida de Bolsonaro ao Rio, apesar de não ser compromisso de campanha, tem repercussões eleitorais porque o passado dele no Exército rende votos junto a uma faixa da população. O simbolismo aumenta porque o candidato à reeleição estudou na Aman entre 1974 e 1977.

Amanhã (22), a programação continua no Sudeste. O presidente estará no Rio de Janeiro para conceder entrevista ao Jornal Nacional.

Até agora, o único evento de campanha que não foi realizado nos três maiores colégios eleitorais foi um encontro com prefeitos em Brasília, na quarta-feira (17).