Brígido: Bolsonaro no JN pareceu conversa de homens com Renata 'figurante'
A entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Jornal Nacional, da TV Globo, foi marcada por interrupções à jornalista Renata Vasconcellos, avaliou a colunista do UOL Carolina Brígido.
"A impressão que tive é que foi uma conversa entre dois homens com uma apresentadora no meio fazendo figuração", disse Brígido, durante o programa UOL Eleições que analisou a participação de Bolsonaro no JN. "A Renata tentou falar várias vezes e foi bastante interrompida", destacou a colunista.
Bolsonaro foi o primeiro concorrente ao Palácio do Planalto a ser entrevistado pelo Jornal Nacional neste ano. O presidente mentiu ao negar ter xingado ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e questionou a transparência das urnas eletrônicas.
Para Brígido, de forma geral, o presidente da República se saiu bem na entrevista da TV Globo.
"Ele estava mais manso do que na entrevista de 2018 [no Jornal Nacional]. Para os padrões do presidente Jair Bolsonaro, a impressão que dá é que ele tomou uma 'água com açúcar', como diriam nossas avós. Ele estava bem mais controlado", afirmou a jornalista.
Mas a colunista do UOL reforçou que, para além das falas de Bolsonaro, o que se sobressaiu durante a entrevista foi o tratamento dele com a apresentadora.
"A Renata Vasconcellos falou muito pouco. Quando ela conseguiu falar, era interrompida, seja pelo colega de bancada ou pelo Bolsonaro", disse. "Em comparação ao tratamento a William Bonner, ele foi mais agressivo com a Renata."
Brígido lembrou que, na sabatina de 2018, Bolsonaro partiu para um "bate-boca pessoal" com a apresentadora do Jornal Nacional ao questionar o salário dela. "Dessa vez, foi um pouco mais elegante."
Bombig: 'No JN, Bolsonaro não assume compromisso de respeitar eleições'
Para o colunista do UOL Alberto Bombig, a entrevista de Bolsonaro no Jornal Nacional não trouxe novidades para o discurso que ele repete sempre nas lives semanais e no "cercadinho", em Brasília.
"Se alguém esperava que Bolsonaro fosse pedir perdão por atraso na vacina, por desmatamento ou qualquer aceno de arrependimento, se surpreendeu. Eu não esperava isso."
"Ele fala para os convertidos. [Bolsonaro] ganha em ter ido e ter se comportado com as regras de civilidade que se espera de um presidente. Não é aquele presidente que [estamos] acostumados a ver vociferando, gritando contra tudo e todos. Talvez ele não ganhe um voto, mas duvido que ele tenha perdido também."
O jornalista ainda avaliou que Bolsonaro mostrou uma fragilidade que pode ser usada pelos adversários durante a campanha eleitoral.
"Se a oposição souber explorar a atuação dele na pandemia, acho que ali vai ter um caminho para aumentar a rejeição dele."
Stycer: 'Faltou chamar o VAR mais vezes'
"A entrevista começou muito bem, o Bonner muito seguro discutindo sobre o compromisso do Bolsonaro com a democracia ou não; mostrando que ele tinha falado uma mentira quando disse que não xingou ministro do TSE", disse o colunista do UOL Mauricio Stycer.
"Esse tom estava muito bom, não agressivo, mas eles não conseguiram manter ao longo da entrevista o ritmo de réplica. Faltou chamar o VAR mais vezes durante a entrevista para comprovar que Bolsonaro estava mentindo", acrescentou.
Stycer considerou a entrevista menos agressiva do que a de 2018, tanto da parte dos apresentadores quanto do presidente da República. "[Bolsonaro] estava mais bem preparado, mais tranquilo. Todos se salvaram no final dessa entrevista."
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