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No JN, Tebet ataca 'velho MDB', fala em extrapolar teto e foca nas mulheres

Do UOL, em São Paulo

26/08/2022 21h06Atualizada em 27/08/2022 05h21

Em entrevista nesta sexta-feira (26) ao Jornal Nacional, da Rede Globo, a emedebista Simone Tebet, candidata a presidente, criticou o "velho MDB" e culpou a polarização entre Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) pela falta de apoio ao seu nome e disse que integrantes do partido foram cooptados.

Tebet é a quarta candidata à Presidência sabatinada pelo JN. Ela entrou na corrida eleitoral como um nome da terceira via e tem obtido cerca de 2% das intenções de voto nas pesquisas. Na entrevista, a senadora disse que essa polarização "está levando o país para o abismo", fez promessas de erradicar a pobreza e priorizar política para mulheres em seu governo.

Veja os destaques da entrevista:

  • Tebet disse ter recebido uma "puxada de tapete" do MDB e comentou falta de apoio dentro do próprio partido;
  • Criticou polarização entre Lula e Bolsonaro e afirmou que situação está levando o Brasil ao "abismo";
  • Defendeu igualdade salarial entre homens e mulheres -- buscando assim também, o voto entre o eleitorado feminino;
  • Fez promessas para acabar com a fome e afirmou ter o 'melhor time de economistas liberais do país'.

Sem apoio no MDB: Em julho, integrantes do MDB tentaram impedir a candidatura de Tebet e puxar a sigla para apoiar Lula. Mesmo sem avanços na ação, o MDB de pelo menos 13 estados declararam apoio ao petista já no primeiro turno. Do lado do PT, a avaliação é que todo apoio é bem-vindo.

Para comentar a falta de apoio, Tebet disse que "tentaram puxar seu tapete" e que integrantes foram "cooptados".

Tentaram puxar meu tapete até pouco tempo atrás. Se tivesse um tapete aqui já teria caído da cadeira também. Tive de vencer uma maratona com muitos obstáculos. Nós tivemos oito candidatos, e eu permaneci. Disseram que o partido seria cooptado. Tentaram numa fotografia recente levar o partido para o ex-presidente Lula, judicializaram"
Simone Tebet

Falta de apoio é culpa da polarização: A candidata citou ainda a polarização para justificar a falta de apoio do seu partido nos estados. "Nós estamos diante de uma polarização política, ideológica, que está levando o Brasil para o abismo", disse.

Tebet afirmou ainda que, apesar de governadores não a apoiarem, tem recebido apoio "muitos prefeitos". A senadora disse também que tem condições de resolver os problemas do Brasil como fome, desigualdade e a melhoria da educação e saúde.

Nós temos condições de resolver o problema da fome, da desigualdade, da miséria, garantir educação de qualidade, uma saúde decente para as nossas famílias.
Simone Tebet

'Melhor time' e teto de gastos: Questionada pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos sobre como cumpriria suas promessas na área econômica e manteria ainda o equilíbrio das contas, Tebet afirmou ter o "melhor time de economistas liberais" e que tem um compromisso fiscal — mas não detalhou seu programa na área econômica.

Os dois principais nomes da área econômica da campanha de Tebet são Elena Landau e Edmar Bacha. Elena, que lidera a equipe da emedebista, dirigiu o programa de privatizações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Bacha foi um dos idealizadores do Plano Real, durante o governo Itamar Franco, e presidiu o BNDES.

A candidata disse que o mercado financeiro já sabe que o "teto de gastos será extrapolado no ano que vem" devido aos gastos com a transferência de renda em programas sociais.

O mercado já sabe que nós vamos ter que o ano que vem extrapolar o teto [de gastos], nesse valor de algo em torno de R$ 60 bi para cobrir com essa transferência de renda. Não é admissível nós não garantirmos pelo menos R$ 600 para quem tem fome, R$ 600 para quem come, mas não paga o aluguel"
Simone Tebet

A senadora votou em 2016 a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos, que foi aprovada e congelou gastos públicos a partir daquele ano.

Corrupção no MDB: Logo no início da sabatina, os apresentadores questionaram Tebet sobre escândalos de corrupção envolvendo o seu partido e como ela pretende agir, caso ganhe as eleições. A candidata afirmou que o MDB é "muito maior do que meia dúzia de seus políticos e caciques".

"O meu partido é o partido de Ulysses Guimarães, de Tancredo Neves, de Mário Covas, de homens desbravadores, corajosos, e acima de tudo éticos, que têm espírito público e vontade de servir o povo", acrescentou, em seguida, sem citar o nome dos políticos que tentaram impedi-la.

Falando com as mulheres: Ao longo da entrevista, a candidata ressaltou o fato de ser mulher e que defende a igualdade de gênero nos ministérios federais. "A presidente que vai estar governando o Brasil não é a senadora, não é a deputada, que foi prefeita. É a alma da mulher e coração de mãe", disse.

Os apresentadores citaram, então, os números de candidatos do MDB por gênero, mas Tebet defendeu que a situação "não é só" do seu partido. "Eles só cumprem a cota [de candidatas mulheres]", afirmou.

Pressionada mais uma vez sobre o assunto na entrevista, a candidata elogiou o partido por colocá-la como postulante ao cargo:

Tudo na vida da gente [mulher] é difícil. Você sabe disso [dirigindo-se a Renata Vasconcellos], como é difícil ser mulher na iniciativa privada, que dirá na vida pública. Estou privilegiada, porque veja, estou diante de um partido que saiu na vanguarda e teve coragem de lançar neste momento mais difícil do Brasil uma mulher candidata da República"
Simone Tebet

A candidata já havia falado durante sabatina do jornal O Globo que não poderia garantir a nomeação de metade dos ministérios para pessoas negras. "Sei que consigo colocar 50% de mulheres, mas não sei se consigo colocar 50% de negros nos ministérios. Eu que representei e represento a minoria na política, sei o quanto é difícil, então, não vou prometer algo que não vou fazer", disse Tebet, na ocasião.

Mais espaço para classe média no IR: Se eleita, Tebet prometeu defender a votação das reformas tributárias no país. A candidata afirmou que o pobre é quem mais paga imposto no Brasil e que sua proposta é garantir mais espaço para classe média.

"Nós temos que fazer com que classe média possa não pagar o imposto de renda, para isso só tem um caminho: tirar dos mais pobres e pedir para os mais ricos", afirmou a senadora, que disse ser a favor da taxação de lucros e dividendos.

Orçamento secreto: Tebet criticou o uso de emendas de relator, usadas nas negociações do governo com as bancadas do Congresso em troca de apoio político. E prometeu que, se eleita, vai assinar uma portaria que exige a transparência das contas de todos os ministérios.

Dou um exemplo que parece anedota. Uma cidade, para poder receber muito dinheiro do orçamento secreto, disse que extraiu 14 dentes de cada habitante do seu município, é a cidade mais banguela do planeta. 14 dentes, do bebê ao idoso de 90 anos, é a cidade mais banguela do Brasil, para receber dinheiro e emitir nota fria"
Simone Tebet