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Bolsonaro faltará à posse de Rosa Weber no STF e gravará podcast em SP

Presidente Jair Bolsonaro (PL) - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro (PL) Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em Brasília

12/09/2022 10h18Atualizada em 12/09/2022 11h05

O presidente Jair Bolsonaro (PL) não deve mesmo comparecer à posse da ministra Rosa Weber no comando do STF (Supremo Tribunal Federal), marcada para hoje (12), às 17h, na sede da Corte, em Brasília.

Segundo agenda de campanha do candidato à reeleição, Bolsonaro vai viajar a São Paulo no período da tarde e, às 19h30, dará entrevista a um pool de podcasts.

Interlocutores do presidente disseram hoje à revista Veja que ele teria sinalizado intenção de prestigiar a posse de Rosa, mas a informação foi negada posteriormente pelos próprios articuladores da campanha, de acordo com a revista.

O principal adversário de Bolsonaro nas urnas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também não deve comparecer à solenidade no Supremo. Devido às disputas e em aceno de diálogo pós-eleição, Rosa enviou convites a todos os presidenciáveis.

Já os chefes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), são esperados na Corte.

Discreta e avessa aos holofotes, Rosa optou por uma cerimônia estritamente institucional, que começa às 17h na sede do tribunal, em Brasília, e deve durar hora e meia.

A previsão é que a nova presidente do Supremo, que substitui o ministro Luiz Fux, seja a última a se discursar. Não haverá coquetel após o evento. São esperados 1.300 convidados.

A missão: fugir do foco nas eleições. Rosa, 73, assume o comando do STF para um mandato curto, mas desafiador. Empossada há menos de um mês do primeiro turno, ela vai liderar a Corte em meio às tensões eleitorais e com a missão de tirar o tribunal no centro do debate político.

O que esperar da gestão Rosa. Mesmo sem proximidade com a classe política, diferentemente de outros colegas de Corte, é esperado que Rosa tenha mais interlocução com os demais Poderes nos próximos meses, com o resultado das eleições.

No início do mês, a ministra recebeu o general Fernando Azevedo e Silva no STF, numa visita de cortesia que sinaliza a possibilidade de construção de uma ponte entre o comando do Supremo com os militares — num momento em que Bolsonaro ataca a credibilidade do STF e das urnas e as Forças Armadas questionam o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Para integrantes do Supremo ouvidos pelo UOL, Rosa Weber não deverá fugir ao seu estilo discreto após assumir o STF e, por isso, é esperado que a Corte se afaste gradualmente da cena política, evitando embates durante sua gestão, que será mais breve.

Prestes a completar 74 anos, Rosa atingirá a idade de aposentadoria compulsória em outubro de 2023, quando será obrigada a deixar a Corte.

Ministros consultados pelo UOL acreditam, por um lado, que a postura discreta de Rosa Weber pode ser benéfica para Corte, já que colisões desnecessárias com o Planalto. Por outro, também é dito que a ministra, por não ter interlocução política, poderá trazer obstáculos à Corte ao lidar com outros Poderes.

A avaliação geral, porém, é que a seriedade fará bem ao Supremo, especialmente no período eleitoral.

Na quinta-feira (8), em sua última sessão à frente do Supremo, o ministro Fux disse que "não houve um dia sequer" que o tribunal não tenha sido atacado por suas decisões, mas destacou que Rosa saberá conduzir a Corte com "desassombro e maestria".

Muito nos tranquiliza saber que, nesse novo ciclo que se avizinha, a serenidade e a firmeza, o que são marcas inerentes a Vossa Excelência, magistrada de carreira, notável, certamente se transmutarão em inúmeros avanços e benefícios - tanto para esta Corte, como para o nosso país"
Luiz Fux, presidente do STF