Em clima amistoso, Bolsonaro acena a mulheres em entrevista com Ratinho
A 19 dias das eleições, o presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) fez acenos ao eleitorado feminino e voltou a falar sobre "eleições limpas" em entrevista ao Programa do Ratinho, nesta terça-feira (13). A entrevista marcou a estreia de uma série intitulada "Candidatos com Ratinho", destinada a exibir entrevistas com os principais candidatos à Presidência.
Em um clima amistoso com o entrevistador, Bolsonaro foi questionado sobre a relação com as mulheres. "A oposição diz que o senhor é muito pesadão, muito duro, que o senhor não fala muito com mulheres, que as mulheres não vão votar no senhor, o que o senhor tem para falar sobre mulheres? O que o senhor tem para falar sobre mulheres no Brasil", perguntou o apresentador que é pai do governador do Paraná, Ratinho Jr, candidato à reeleição do estado com o apoio de Bolsonaro. O candidato à reeleição tentou se afastar do seu histórico de citações machistas.
"Isso que eu não gosto de mulher é uma narrativa, nada mais além disso, e as mulheres não estão entrando nessa pilha da oposição, nessa pilha da esquerda", disse Bolsonaro. A última pesquisa Datafolha, no entanto, mostra uma rejeição de 55% das mulheres.
O presidente disse ainda que, durante o seu governo, "o número de violência contra mulher diminuiu assustadoramente, vários programas sociais para mulheres", disse.
Pesquisas, no entanto, mostram outra realidade, como um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta segunda-feira (7), em março deste ano que mostra que o número de estupros contra mulheres aumentou 3,7% em 2021 em relação a 2020.
"No meu governo, eu costumo dizer que foi o que mais prendeu machões pelo Brasil", disse Bolsonaro antes de citar um programa da Caixa Federal voltado pelas mulheres. O ex-presidente da Caixa Federal e amigo pessoal de Bolsonaro, Pedro Guimarães, foi afastado do cargo após uma série de denúncias de assédio.
Urnas
Bolsonaro voltou a falar que não irá questionar o resultado das urnas se as eleições forem "limpas", sem explicar o que isso significa. Essa expressão é usada comumente por Bolsonaro, desde sua pré-campanha marcada por questionamentos e falas golpistas sobre idoneidade do sistema de urnas eletrônicas adotado pelo Brasil, sem apresentação de provas sobre fraudes ou falhas.
Na segunda-feira (12), em uma entrevista a um pool de podcasts voltado ao público evangélico, Bolsonaro chegou a adotar um tom diferente sobre o pleito e afirmou que, se perder as eleições deste ano, vai passar a "faixa" presidencial e se "recolher", indicando que deixaria a política em caso de derrota.
As falas desta terça-feira (13) sobre "eleições limpas" ocorreram quase que ao mesmo tempo em que o plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acatou uma das principais sugestões das Forças Armadas para adotar um projeto-piloto para o chamado teste de integridade das urnas, uma das etapas de auditoria realizada no dia das eleições. O assunto, no entanto, não chegou a fazer parte da entrevista com o apresentador Ratinho.
Boca suja
Bolsonaro afirmou que o único erro do seu governo foi "falar alguns palavrões de vez em quando". Ele reclamou sobre "a forma como é interpretado". Questionado pelo apresentador, o presidenciável disse "eu falo palavrão, mas não sou ladrão".
"Falar alguns palavrões de vez em quando, que o pessoal leva para outro lado. O resto foi feito corretamente". Em seguida, em fala machista, emendou na resposta um aceno ao eleitorado feminino.
"Eu falo palavrão, mas não sou ladrão, isso choca as pessoas, a maneira de falar é grosseira e o pessoal me critica. Agora, pessoal ninguém está procurando um marido para casar com ele, o marido tem que ser... Você sabe que em casa tem a máxima, manda quem pode e obedece quem tem esposa
A campanha de Bolsonaro tem investido na aparição da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em tentativa de apelar às mulheres e aos evangélicos simultaneamente. A equipe do presidenciável colocou Michelle em propaganda na televisão, que logo foi vedada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que acatou o pedido da senadora e presidenciável Simone Tebet (MDB) e ordenou a suspensão da publicidade.
Perseguição a católicos
Bolsonaro também voltou a investir em uma ofensiva religiosa usando como exemplo a Nicarágua. "O ex-presidente, que é candidato, falou que cada presidente pode fazer o que bem entender no seu país. Não é bem assim não. Se tá perseguindo católico lá [Nicarágua], é sinal de que pode fazer o mesmo aqui no Brasil. Pode não, vai fazer", afirmou.
O governo ditatorial Daniel Ortega tem aumentado o cerco contra a Igreja Católica na Nicarágua. O mesmo exemplo já foi usado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, em uma palestra voltada para mulheres no Rio Grande do Sul no começo do mês.
"Porque ele [Lula] disse há pouco tempo que vai botar no seu devido lugar padres e pastores no Brasil caso chegue a presidência", disse Bolsonaro a Ratinho.
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