Leia a íntegra do quarto bloco do debate presidencial no SBT
O segundo debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu neste sábado (24) e foi realizado por SBT, CNN Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil FM e Terra. Participaram do programa Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União), Felipe D'Avila (Novo) e Kelmon Souza (PTB), o Padre Kelmon.
No quarto e último bloco, Bolsonaro citou o homem que matou a ex-esposa e tem tatuagem de Lula. Kelmon voltou a defender o atual presidente e disse que o debate era "cinco contra dois".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de votos, não participou do debate —seu púlpito ficou vazio e ele foi alvo de críticas.
Leia aqui a íntegra do quarto bloco do debate no SBT:
[Carlos Nascimento]: Estamos de volta com o debate entre os candidatos à Presidência da República, que chega até você pelo maior pool de veículos de comunicação formado por: SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão /Eldorado e Veja. Estamos ao vivo também no YouTube da CNN, do SBT, do SBT News, na Rádio Eldorado e rádio Nova Brasil. Além dos sites de Veja, Estadão e Terra. Bem, vamos agora às normas deste bloco. Neste quarto e último bloco, jornalistas perguntam para candidatos, seguindo a mesma dinâmica do segundo bloco. Cada jornalista escolhe dois candidatos, um para responder e o outro para comentar. Quem responde tem direito à réplica. As perguntas terão 30 segundos; as respostas, um minuto e meio. Comentários e réplicas: 45 segundos. Depois da rodada de perguntas, os candidatos terão 45 segundos para considerações finais. A ordem será a mesma do sorteio que definiu a posição de cada um no cenário, começando pela direita do mediador. Bom, você vê aí um púlpito vazio, é do candidato Lula, do PT, que foi convidado, mas não quis participar deste nosso debate. Quem abre o bloco é a jornalista da revista Veja, Clarissa Oliveira. Clarissa, para quem vai a sua pergunta e quem deverá comentá-la?
[Clarissa Oliveira]: Minha pergunta vai para o presidente Jair Bolsonaro, com comentário de Ciro Gomes. Presidente, a gente já assistiu aqui, desde o começo da campanha, vários casos graves de violência política. Um bolsonarista assassinou um petista durante uma festa de aniversário, um outro apoiador do senhor matou um também petista com golpes de faca e machado. E na sexta-feira, agora, uma jovem tomou uma paulada na cabeça depois de discutir com um bolsonarista sobre a eleição. O senhor chegou a dizer lá atrás que é preciso fuzilar a petralhada, eu gostaria de saber se o senhor se arrepende dessa declaração.
[Jair Bolsonaro]: Primeiro, eu quero dizer que eu sou palmeirense, eu peço à torcida do Palmeiras; não briguem, caso contrário, eu vou ser responsabilizado. Faltou a ilustre jornalista falar de um caso agora de um petista que tinha inclusive uma tatuagem do Lula no ombro, onde ele matou a esposa e um filho de dois anos. Querer me responsabilizar por essas ações não tem cabimento. Eu diminuí em mais de 40% as mortes violentas no nosso Brasil. Com as políticas mais variadas possíveis, entre elas, a do armamento. Esse episódio lamentável de Foz do Iguaçu, como tantos outros, eu recebi o irmão da vítima, que disse para todos que votava em mim. Eu recebi com toda a cordialidade, liguei para seus familiares naquele momento. Fiz uma live de quase uma hora. A esposa dele fez uma oração também de mais de 30 minutos, pregando a paz, e eu ali, comovido, sentido com esse problema. Agora, prezada jornalista, por favor, se alguém briga na rua, vai que ele seja favorável a mim, querer imputar a mim essa responsabilidade foge do jornalismo minimamente sério. Nós queremos a paz, queremos a tranquilidade, queremos futuro do nosso Brasil. Defendemos as mulheres, de fato, e não da boca para fora. Lamentável, com todo o respeito, o seu posicionamento.
[Carlos Nascimento]: O comentário do candidato Ciro.
[Ciro Gomes]: Minha irmã, meu irmão, segue comigo. Hoje 125 milhões de brasileiros não fizeram três refeições, só uma, só uma, vou dizer aqui em alta voz, em cada quatro crianças nesse país, que é um dos maiores produtores de comida do mundo fez as quatro refeições. No Brasil, o desalento atinge cinco milhões, o desemprego dez milhões, e a informalidade mais selvagem que vai produzir milhões de idosos sem nenhuma aposentadoria, atinge 50 milhões. E nós estamos discutindo isso. Isso é relevante? É, mas será possível que o debate não dê uma única oportunidade para a gente explicar como eu vou fazer um programa de renda mínima? Enfim, então vou comentar só o que me pediram para comentar. Quem criou essa história do "nós contra eles" foi o PT, e o Bolsonaro adora porque um resolve o problema do outro.
[Carlos Nascimento]: Tempo. Agora réplica do candidato Bolsonaro.
[Jair Bolsonaro]: Eu insisto na tecla, prezado Ciro, nós demos Auxílio Brasil para 21 milhões de famílias, e ele pode hoje se cadastrar por um aplicativo. Não tem mais aquela triagem pelas prefeituras, onde sempre alguém segurava aquele processo para ganhar algo político lá na frente. Nós temos olhar todo especial para os mais pobres, eu peço aos mais pobres, quem está passando necessidade, quem está passando fome, procure se cadastrar para receber o Auxílio Brasil, de 600 reais. Seis vezes maior do que se pagava lá atrás no governo do PT. Nós temos um olhar, mais que um olhar, um trabalho muito especial e concreto para tirar os brasileiros do mapa da fome.
[Carlos Nascimento]: Agora o segundo a perguntar neste bloco, o jornalista Marcelo Torres, do SBT. Marcelo, pra quem você pergunta e quem comenta?
[Marcelo Torres]: Nascimento, eu quero perguntar pra candidata Simone Tebet com comentário do candidato Jair Bolsonaro. Candidata, eu queria que a senhora falasse pra mim sobre educação. O que a senhora mudaria na educação em relação ao governo atual? E também que a senhora comentasse um tema específico: inúmeras pesquisas mostram o benefício da educação em tempo integral pras crianças. Alguns estados e municípios já conseguiram avançar, outros não podem nem sonhar porque não têm dinheiro. A senhora acha que o Governo Federal deveria usar do seu recurso, da sua verba pra impulsionar a educação em tempo integral, de preferência pra todas as crianças brasileiras?
[Simone Tebet]: Eu agradeço a sua pergunta porque eu sou professora, e eu fiz um juramento como professora e como mãe de duas Marias: que eu não vou sossegar enquanto a escola do filho do pobre não tiver a mesma qualidade da escola do ensino do rico. Pra isso, o Governo Federal tem que ser parceiro do município, eu fui prefeita e sei da importância, pra zerar a fila de creches pra que as crianças comecem a estudar na hora certa e as mães possam trabalhar. E lá no ensino médio, que é o grande problema que nós temos, os jovens nem-nem, que nem estudam e nem trabalham, nós temos escola em período integral, tirar do papel a nova reforma do ensino médio, que foi aprovada. Com conectividade. Nós vamos pagar pra essas escolas darem escola em período integral de qualidade pro nosso jovem técnico. E esse jovem que não quer porque não tem nada de atrativo nessa escola, vai ser premiado. Sim. Nós vamos pagar e já fizemos a conta. Mais ou menos um milhão e meio de jovens que se formam no ensino médio a cinco mil reais, é algo em torno de sete bilhões. Isso não é nada, é uma gota no oceano dentro do tamanho do orçamento brasileiro. Nós vamos pagar cinco mil reais pros jovem do ensino médio se formar. Sabe pra quê? Porque esse ensino médio é técnico, ele vai ter duas opções: ou ele vai pro curso profissionalizante de um ano e meio e entra no mercado de trabalho, ou ele já começa a trabalhar e vai pro banco de uma universidade, mas ele, no futuro próximo, daqui cinco, seis anos, ele não vai passar pela humilhação que seus pais passam de não ter um emprego.
[Carlos Nascimento]: Comentário do candidato Bolsonaro.
[Jair Bolsonaro]: Aqui se promete tudo. Parece até que estamos à véspera do Natal. Nós demos o maior reajuste da história do Brasil para os professores do ensino básico. 33%. Nós atendemos realmente os professores do Brasil. São milhões de professores atendidos pelo nosso governo. Dizer também que nós estamos levando internet pra todas as escolas do Brasil. Nós, agora com o 5G, estamos revolucionando também o ensino do Brasil. E hoje, o meu governo já alfabetiza uma criança em apenas seis meses, quando, pouco tempo atrás, se levava três anos pra alfabetizar uma criança. O governo está fazendo esse papel e reconhece o trabalho do professor e também o mérito dos alunos.
[Carlos Nascimento]: Réplica, candidata Simone.
[Simone Tebet]: Bom, eu só tenho a acrescentar que o governo que passou do PT lamentavelmente passou quatro mandatos e não fez o dever de casa com a educação. A verdadeira revolução, aquela que vai efetivamente dar dignidade pras nossas famílias é a educação brasileira. Hoje, a indústria, muitas vezes, quer contratar e não tem um trabalhador preparado porque não tem produtividade. Nós vamos mudar essa realidade. O que o PT não fez, e esse governo também não faz, nós faremos. É o compromisso e o juramento de uma mãe, de uma professora que hoje está aqui porque teve a oportunidade de estar no banco de uma universidade. Educação das nossas crianças e jovens vai ser prioridade nacional pela primeira vez na história do Brasil.
[Carlos Nascimento]: Vamos agora, obrigado, vamos agora à participação do Marcelo Godoy, do Estadão. Boa noite, Marcelo. Pra quem vai a sua pergunta, quem faz o comentário?
[Marcelo Godoy]: Boa noite, Nascimento, minha pergunta vai para o candidato Ciro Gomes com comentário de Simone Tebet. Candidato, há um preceito militar que diz ser o comandante responsável por tudo o que acontece no quartel, pelo que sabe e pelo que não sabe. Arilton Moura, aquele pastor acusado de pedir ouro pra liberar verba na educação, foi recebido 35 vezes no Planalto na gestão Bolsonaro. Qual o papel do presidente no que acontece no Planalto e no Governo?
[Ciro Gomes]: É como no quartel: tem que ser responsável por tudo o que acontecer no governo. Porém, pra ser honesto, o presidente não é onisciente. Ele sempre será vítima possivelmente de alguém que traiu. Qual é a questão? A questão aqui é qual é a atitude que o presidente toma diante da notícia reiterada? O que eu vi, naquele caso, como em muitos outros, foi, infelizmente, o presidente elogiar o corrupto, passar pano pro corrupto, como diz a juventude, e passar esse sinal horrível de que corrupção que importa no Brasil, e era só isso que eu gostaria de fazer, eu tô do lado do presidente da república, sabe, fui ministro do Lula, que se ausentou porque acha que não é importante dar satisfação pra ninguém, e eu não quero que as pessoas entendam que eu tô atacando um ou outro. Não é isso. A questão é a devastadora consequência da corrupção premiada pela impunidade na destruição da confiança do nosso povo, na democracia e na política, que é a sua linguagem. Essa é a minha angústia. O Brasil botou na cadeia dois presidentes, Temer e Lula, cassou dois presidentes, Collor e Dilma, e tá desmoralizando o outro presidente, não é possível que a gente não entenda que essa modelagem está errada, e é isso que eu quero me propor: sair dessa futrica que não bota comida no prato de ninguém, porque é o que mais me dói, que não gera emprego, pra gente discutir alternativas práticas, e esse país tem generosas possibilidades. Procure conhecer, CiroTV.com.br, porque hoje eu tinha vontade de detalhar dos projetos, e infelizmente corrupção, corrupção, corrupção.
[Carlos Nascimento]: Comentário, candidata Simone.
[Simone Tebet]: É isso, gente, na realidade, a corrupção mata, e aquele que sabe que está acontecendo corrupção no seu governo e não toma nenhuma providência, é responsável. Aquele que não demite sumariamente o seu ministro que está envolvido em escândalos de corrupção é tão omisso quanto, tão responsável quanto. Não tem corrupção? Eu estava na lá CPI da Covid, eu vi, eu tenho provas, o contrato da Covaxin, quando autoridades do Ministério da Saúde perderem foro privilegiado, eles vão responder na Justiça. Lá no Ministério da Educação tem denúncias de dinheiro em pneus sendo distribuídos. Mais do que isso— eu peço desculpa, o meu tempo acabou.
[Carlos Nascimento]: Réplica, candidato Ciro.
[Ciro Gomes]: Lhe dou dez segundos, senadora. Conclua.
[Simone Tebet]: Eu agradeço, Ciro, mas eu tenho certeza que vai falar melhor do que eu. Obrigada.
[Ciro Gomes]: Não apoiada. Certamente falará melhor do que eu. Mas deixa eu dizer, veja, o Brasil — brasileiro, meu irmão, brasileiro minha irmã, pagou no governo Bolsonaro nos últimos 12 meses, 500 bilhões de reais, toda pancadaria merece o Jair Bolsonaro, e o Padre Kelmon está zangado com isso, não sei o quê e tal. Não, zangado não, reclamou, mas deixa eu dizer para vocês, essa é a mais profunda e grave corrupção brasileira. Do Lula pra cá, o nosso país tirou do seu bolso, irmão brasileiro, sete trilhões de reais só de juros. Você imagina sete trilhões de reais, faria do país um grande país de classe média se não fosse esse orgânico sistema corrupto que domina o Brasil. Esse é o ponto, não é Chico, Maria ou Manuel.
[Carlos Nascimento]: Agora a participação, a vez da colunista do Terra, Joice Berth. Joice Berth, boa noite, por favor, para quem vai a sua pergunta e quem irá comentá-la?
[Joice Berth]: Boa noite, Carlos. Boa noite a todos. Eu vou fazer a pergunta para a Soraya Thronicke, com o comentário do Felipe D'Avila. Candidata, a senhora se diz defensora dos direitos das mulheres, contra a violência, contra a polarização, no entanto, a senhora é a favor da cultura armamentista que se intensificou no atual governo. Muitos estudos, muitos órgãos, entidades, que pesquisam o direito das mulheres, pesquisam violência e feminicídio, apontam que a cultura armamentista intensifica essas ocorrências dentro das próprias casas, inclusive. Como a senhora pretende lidar com essa contradição numa eventual eleição que a senhora saia vitoriosa?
[Soraya Thronicke]: Joice, obrigada pela sua pergunta. É um dilema realmente. Nós precisamos ter que exigir dessas pessoas que portam, quem tem posse e porte de arma de fogo, responsabilidade, tem que ter critérios, não é assim, uma anarquia. É responsabilidade. E eu sou autora de um projeto de lei de armas não letais para que as mulheres consigam, que elas tenham a condição de se evadir do lugar da ofensa, evadir de quem a está violentando, enfim, existem inúmeras medidas que são possíveis tomar para que possamos evitar que as mulheres sejam atacadas. Então tem que equalizar, não é a farra do armamento, de jeito nenhum, jamais faria isso. E dizer também aqui, aproveitar, que nós sofremos também, às mulheres, violência política. A Folha de S.Paulo trouxe uma pesquisa dizendo que eu e a candidata Simone Tebet sofremos dois dias, apenas dois dias após o debate da Band, mais de cinco mil ofensas contra a nossa dignidade, contra a nossa honra. Nós mulheres precisamos nos unir. Eu não sei quem são os candidatos que estimulam esse tipo de ataque nas redes sociais, não podemos mais andar nas ruas porque somos atacadas por pessoas covardes, isso também precisa mudar.
[Carlos Nascimento]: Comentário, candidato D'Avila.
[Luiz Felipe D'Avila]: Esse é um país que infelizmente 26 mulheres sofrem agressão por hora aqui no Brasil. É uma coisa lamentável. E o pior, o pior agressor está dentro de casa, e nós precisamos olhar para essas mulheres, agressão doméstica, e ajudá-las a sair desse inferno, dessa prisão. Primeiro quando ela denuncia, ela é chamada de louca. Depois só na décima vez que ela sofre agressão, que ela vai fazer um B.O, e depois vai perder a casa, a família, os filhos. O que ela quer é uma oportunidade para começar a trabalhar e ter sua independência financeira. Nós temos de focar nisso para ajudar essas mulheres a sair desse cárcere privado e recomeçar sua vida com dignidade e independência financeira.
[Carlos Nascimento]: Réplica, candidata Soraya.
[Soraya Thronicke]: Quando nós falamos em armamento, é pra autodefesa. Mas por incrível que pareça, por que é que o brasileiro não se sente seguro dentro do seu país? Este governo cortou o orçamento da Segurança Pública. Deixou a Segurança Pública à mingua. É por isso que a população brasileira se sente muito mal, se sente completamente insegura. Com isso, de uma forma reflexa, coíbe até mesmo o crescimento do nosso turismo. Os turistas não vêm pro Brasil porque se sentem inseguros. Cadê a prestação de contas desse governo que não fez nada para que isso acabasse? Apenas quer armar a população, não pra se defender, mas para atacar, infelizmente.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Agora jornalista da rádio Nova Brasil, Diego Amorim, pra quem você pergunta e quem comenta, Diego?
[Diego Amorim]: A minha pergunta é pro candidato Luiz Felipe D'Avila com comentário do Kelmon. Candidato, por mais que no Brasil essa divisão ideológica seja muito mais narrativa do que prática, hoje, quando se fala em esquerda, se tem com referências os governos do PT, e quando se fala em direita, se tem como referência o governo de Jair Bolsonaro. O partido do senhor, o Novo, e o partido do Kelmon, o PTB, têm bandeiras associadas à direita. A minha pergunta é: o senhor avalia que o governo Bolsonaro representa bem o que é a direita, o conservadorismo e o liberalismo econômico que prometeram?
[Luiz Felipe D'Avila]: É importante separar o que é liberalismo de governos antiliberais. Nós somos liberais. Nós defendemos a liberdade individual, a economia de mercado, abertura comercial. Liberdade com responsabilidade. Portanto, é uma visão voltada pro cidadão, que nós acreditamos na independência do cidadão definir seu destino. Neste governo, nós não temos nada de liberal. Onde estão as privatizações? Onde está a abertura da economia? Onde está a desregulamentação do Estado? A devolução de poder para os estados e municípios, que é o verdadeiro federalismo? Onde está a ética e a lisura pra se fazer um governo honesto, correto, admirado internacionalmente? Onde está a preocupação com o meio ambiente, que é fundamental pro Brasil atrair investimento externo, e principalmente pra ajudar o agronegócio? O agro sustentável do Brasil, essa máquina potente que gera renda e emprego no país. Onde está a capacidade de reindustrializar o Brasil por meio, sim, da abertura econômica, por avanço das reformas tributárias. Portanto, eu agradeço a sua pergunta. Até agora, nós não discutimos nada nesse debate sobre como o Brasil vai voltar a crescer, a gerar renda e emprego. Essa é a questão que os brasileiros querem saber de nós. Então nós temos de focar como o Brasil vai sair desta armadilha do baixo crescimento, que é fruto dos governos populistas de direita como de esquerda.
[Carlos Nascimento]: Comentário, Padre Kelmon.
[Padre Kelmon]: Esse governo, o Brasil está em boas mãos nesse governo, sim. O Brasil estaria em maus lençóis se estivesse nas mãos de governos de esquerda. Nós já sabemos, nós não precisamos sofrer tanto como países vizinhos nossos que sofrem, que pagam um preço muito alto com toda essa tragédia cometida por governos de esquerda. Os governos de esquerda administram a Nicarágua. Vejam o que acontece na Nicarágua. Aonde a esquerda coloca as mãos pra governar, apodrece tudo, destroem tudo, tiram a liberdade do povo, tiram o direito das pessoas de se alimentar, de viver. A direita, sim, a direita pode garantir a você—
[Carlos Nascimento]: Tempo. Por favor, a réplica, candidato D'Avila.
[Luiz Felipe D'Avila]: Seja lá governo PT ou Bolsonaro, a renda do brasileiro nos últimos dez anos caiu 67%. O brasileiro quer dinheiro no bolso. Quer trabalho, quer paz. Coisas que nem governos de esquerda populista nem governo de direita populista vão dar ao Brasil. Por isso que nós mandamos. Pergunte aos brasileiros o que eles querem. Dinheiro no bolso, trabalho e paz. E, pra isso, nós temos de tirar o estado das costas do brasileiro. E aqui, todos vivem da política, e quem vive da política quer estado maior pra tirar mais dinheiro do seu bolso pra sustentar uma máquina pública ineficiente. Porque não adianta promessa. Todos já estiveram no poder e não conseguiram fazer a economia voltar a crescer e dar a oportunidade pra você crescer e trabalhar e empreender.
[Carlos Nascimento]: Muito obrigado. Agora, Márcio Gomes, da CNN Brasil. Para quem você pergunta e comenta?
[Márcio Gomes]: Obrigado, Nascimento. A pergunta é para o Padre Kelmon, com comentário da senadora Soraya Thronicke. Candidato, o senhor nesse debate teria a chance de apresentar suas ideias, propostas, mas parece que veio aqui mais para defender o governo do que apresentar as ideias, então, vamos falar de ideias. Lei de Cotas, que completou este ano dez anos, deveria passar por uma revisão, revisão essa que vai ficar para ano que vem. É inegável a dívida histórica que esse país tem com os negros, inegável também quantos negros tiveram acesso a universidades públicas graças a lei. Eu pergunto a sua posição sobre essa revisão e a sua posição sobre a Lei de Cotas, se algo precisa mudar.
[Padre Kelmon]: Vocês falam tanto de lei de cotas, de negros, parece que pregam uma política para realmente levar o brasileiro a odiar o próprio brasileiro. O preto, o branco, o índio, esses... isso aí a miscigenação é a nossa cultura, a nossa raça, e vocês dividem cada vez mais, inventam argumentos para colocar um contra o outro. Lei de Cotas. Os negros não precisam de subterfúgios de dinheiro, de ajuda de um e de outro. Cada um é capaz de mostrar que com seus esforços pode sim chegar à universidade. Chegar a um trabalho de qualidade. Então essas leis que vocês falam, que vocês colocam aí como argumentos para dividir ainda mais, para criar essa divisão racial entre um e outro, isso leva ao quê? Nós sabemos que existem políticas... políticas, o PTB, por exemplo, o PTB quer sim oferecer a você, cidadão, a você, estudante, escola de qualidade. E como é que o PTB pensa em oferecer a você escola de qualidade? Tanto para negro quanto para branco? Se você equilibrar aquele dinheiro que é investido na universidade, o valor muito alto é investido no teto, no telhado, não se constrói uma casa pelo telhado, invista na educação de base, invista na criança, na criança negra, na criança branca.
[Carlos Nascimento]: Por favor, o tempo. Comentário, candidata Soraya.
[Soraya Thronicke]: Falou-se em cotas, e a minha resposta é: sim, manteremos cotas, sem problema nenhum. A questão principal é que o Brasil gasta muito, gasta como país de primeiro mundo na educação, e entrega uma educação pífia, está aí o resultado nosso no PISA. Isso é inaceitável. E nós começaremos a nossa reforma dentro da educação valorizando os professores, isentando todos eles do Imposto de Renda, como era antes de 1964. Teremos também a opção de agregar a iniciativa privada, como somos liberais na economia, a iniciativa privada consegue nos ajudar a romper com esse problema que nós temos nesse momento, que é crianças, 240 mil crianças—
[Carlos Nascimento]: Por favor, tempo. A réplica, Padre Kelmon.
[Padre Kelmon]: Pois bem, nós acreditamos que é preciso investir na criança, é preciso investir na criança, tanto negra, como branca, como índia. Nós precisamos oferecer na educação de base uma quantidade de recursos maior do que se oferece à educação de nível superior. Porque há um desequilíbrio na balança educacional, é preciso que se invista nas bases primeiro, e depois sim passe a investir naqueles que estarão lá na vida acadêmica. Então é preciso saber onde colocar o dinheiro, existe muito investimento na educação, mas desequilibrado, então falta isso, gestão para equilibrar e nivelar e apostar na criança, no adolescente e no jovem. Para que no futuro, sim, na universidade ele viva—
[Carlos Nascimento]: OK. Obrigado. Bom, estamos chegando ao fim do nosso debate. Cada candidato terá agora 45 segundos para fazer as suas considerações finais. Bom, conforme definido em sorteio, a primeira a falar é Simone Tebet, do MDB.
[Simone Tebet]: Obrigada. Eu gostaria de dizer que o futuro do Brasil está nas suas mãos. Está nas nossas mãos e depende do seu voto. O Brasil não aguenta e não suportaria ou suportará mais quatro anos dessa discussão ideológica, dessa briga, dessas mentiras de corrupção. O Brasil quer e precisa de mudanças de verdade. Eu estou pronta pra unir o Brasil com amor, e com coragem, derrotar a fome e a miséria. Tenho experiência, sei como fazer. Tenho como vice uma pessoa que é tetraplégica, pra mostrar que o Brasil precisa verdadeiramente ser pros 215 milhões de brasileiros, e temos os melhores projetos pra isso. Mas, pra isso, eu preciso do seu voto. Meu número é 15, peço o seu voto, muito obrigada.
[Carlos Nascimento]: Candidato Jair Bolsonaro, do PL.
[Jair Bolsonaro]: A você que é pobre e passa necessidades, o meu governo paga o Auxílio Brasil de no mínimo 600 reais para 21 milhões de famílias. Este é o governo que tem um olhar todo especial para os mais pobres. Em especial o nosso nordeste. Nós diminuímos o preço da gasolina, que estava chegando às alturas dado a problemas externos. Temos a gasolina mais barata do mundo. Que beneficia a todos! Porque todos vivem do transporte e todos vivem de frete. Dizer a vocês que também nós anistiamos 99% da dívida dos alunos que a tinham com o FIES. Esse é um governo que realmente tem um olhar e um carinho todo especial para com os mais necessitados.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Agora o candidato Ciro Gomes.
[Ciro Gomes]: Brasileiro, meu irmão, brasileira, minha irmã, uma pessoa muito querida minha me falou hoje me desejando boa sorte que o povo brasileiro tá tão machucado por conta dessa polarização Lula, Bolsonaro, ódio, paixão, comunismo, fascismo, que não estavam querendo me ouvir. E que eu deveria, então, talvez ter paciência com isso. Eu quero, entretanto, pedir a Deus que ilumine a minha palavra. Você precisa me ouvir. Sabe? O Brasil está há 11 anos com o crescimento médio tendente a zero. Nasceram 27 milhões de pessoas. Todos os nossos problemas se agravaram. E se repetirmos mais do mesmo, nós teremos o mesmo resultado, só que com o país mais dividido. Me ajude a mudar o Brasil. Me ajude a mudar o Brasil, é o apelo que eu faço a vocês.
[Carlos Nascimento]: Candidata Soraya Thronicke, por favor.
[Soraya Thronicke]: Nessa reta final, muitos têm falado em voto útil. E eu quero falar aqui pra você é da utilidade do voto. A utilidade do voto é mudar o Brasil. Nós não suportamos mais petrolão, mensalão nem rachadinhas. O Brasil não aguenta mais. E eu aqui conclamo você e conclamo todos os outros candidatos que nós estamos prestes a vivenciar uma tragédia no Brasil. São 20 anos de corrupção e má gestão, candidatos que não prestam contas, não comparecem aqui, e não dizem pra gente, nem pra você aqui sequer o que é que ele não fez e o que é que ele vai fazer agora. Só arruma briga e confusão. Eu conclamo esses candidatos aqui pra que nós, juntos, resolvamos esse problema. Vote 44 no dia 02 de outubro.
[Carlos Nascimento]: Padre Kelmon, PTB, por favor.
[Padre Kelmon]: Quero pedir a você, brasileiro e brasileira, cristão católico, ortodoxo, evangélico: não permita a volta da esquerda ao poder. Nós já vimos os frutos, não precisamos sofrer o que os países vizinhos estão sofrendo. Pesquisem, olhem a Venezuela destruída pela esquerda. Olhem a Nicarágua perseguindo os religiosos. Os frutos são esses. Nós estamos num partido cristão e conservador, PTB, vote nessas eleições no 14. Escolha o Padre Kelmon para presidente da república. Vote no 14 para presidente, vote no PTB para deputado federal, 14, juntos poderemos, sim, levar esse país a caminhos mais seguros, longe dessa esquerda maldita.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Então as considerações finais agora de Felipe D'Avila, do Novo.
[Luiz Felipe D'Avila]: O Brasil é fruto da sua escolha. Você vai escolher se o Brasil vai ser um país que vai se livrar da corrupção ou vai continuar sendo governado por corruptos. Por trás de um presidente da república tem que ter um time, uma equipe, um partido. E eu me orgulho de estar num partido que não tem nenhum escândalo de corrupção, que não usa verba de orçamento secreto, que não usa fundão eleitoral e que tem candidatos que fizeram o Brasil voltar a crescer e a prosperar. Em Minas Gerais, em Joinville. Infelizmente aqui, por trás de todos os partidos, tá cheio de corrupto, e infelizmente, no segundo turno, nós vamos ter um problema. Esses partidos quase todos estarão juntos com Lula. E isso mostra que esse jogo vai terminar e você vai continuar pobre se não votar bem.
[Carlos Nascimento]: Obrigado. Bom, em nome do pool formado por SBT, Terra, Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja, eu quero agradecer a participação dos candidatos aqui presentes e dos jornalistas também. Esperamos que esse debate tenha ajudado você, eleitor, a conhecer melhor as propostas dos candidatos que pretendem governar o Brasil. Debate para presidente, a hora da decisão. Uma boa noite a todos.
*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy e Wanderley Preite Sobrinho
No Rio: Lola Ferreira
Em Brasília: Camila Turtelli, Eduardo Militão, Gabriela Vinhal e Leonardo Martins
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