Votos que migraram para bolsonaristas já são os do 2º turno, diz Haddad
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, avaliou na noite de domingo (2) que houve uma migração de votos que seriam de Rodrigo Garcia (PSDB) para Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foi a primeira fala do petista após ser divulgado que ele e Tarcísio disputarão o segundo turno no estado no próximo dia 30.
"Acho que os votos que migraram para o Tarcísio e para o Bolsonaro no primeiro turno são os votos que migrariam no segundo. Essa é minha opinião. E os votos que podem migrar para mim e para o Lula não migraram para mim e para o Lula. Acho que sequer migraram. Então uma contenção do voto progressista se manteve fiel ao Ciro e à Simone", avaliou.
"O que o Rodrigo perdeu, acho que ele perderia no segundo turno", acrescentou o petista. Ele afirmou que, apesar de ter ficado "abaixo da meta" da campanha petista, a equipe deve comemorar. "É hora de celebrar, o campo progressista foi para o segundo turno. Isso não acontece há 20 anos", declarou.
Perspectivas. Ao lado de Haddad estava a vice dele, Lúcia França (PSB), esposa do ex-governador Márcio França (PSB). O pronunciamento ocorreu no hotel Braston, na região central de São Paulo, localizado na mesma rua do hotel onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanha a apuração.
"Temos aí o segundo turno para falar com nossos aliados potenciais. Tanto o Lula tem uma conversa para fazer com setores da sociedade com quem não conversou no primeiro turno, e em São Paulo tenho todo interesse em dialogar com as forças que sustentaram a candidatura do Rodrigo Garcia", declarou ele.
O campo progressista está no 2º turno"
Fernando Haddad (PT)
O resultado das urnas neste domingo surpreendeu a campanha do petista - as projeções apontadas pelas pesquisas eleitorais indicavam que ele seguiria para o segundo turno na liderança, já que figurou em primeiro lugar desde o início da corrida eleitoral.
"Eu pessoalmente preferia que o resultado nacional tivesse se resolvido hoje", lamentou, em relação ao fato de Lula ter avançado ao segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Positividade. Ainda assim, a campanha observa que Haddad conquistou uma boa votação em São Paulo Paulista. Ao término da fala, Haddad seguirá até o hotel de Lula para que eles falem juntos. Depois, a dupla deve seguir para a avenida Paulista, onde Lula já prometeu à militância que participará de um ato.
Acompanhantes. Haddad acompanhou a apuração junto de sua mulher, Ana Estela, e dos dois filhos do casal. Com eles estavam a vice dele, Lúcia França (PSB) - esposa de Márcio França (PSB), derrotado no Senado - e o deputado estadual Emídio de Souza (PT), coordenador do plano de governo do petista. Também apareceram no hotel Jilmar Tatto (PT), eleito deputado federal, e o ex-vereador Chico Macena (PT).
Votação e apuração. Haddad foi recepcionado por apoiadores ao comparecer para votar hoje em um colégio da zona sul de São Paulo, mas também foi hostilizado por um grupo de bolsonaristas, que bateram panelas.
Após o fechamento das urnas, Haddad chegou por volta de 17h30 a um hotel na Consolação, região central da capital paulista, por volta de 17h30, acompanhado da esposa e dos filhos.
Por volta de 18h30 o deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP), coordenador do plano de governo de Haddad, chegou ao hotel para acompanhar a apuração junto do ex-prefeito.
Discurso nacionalizado. Ao falar a jornalistas pela manhã, Haddad fez um discurso criticando Bolsonaro por restrições ao transporte público gratuito nas eleições. Nos principais debates a governador durante o primeiro turno, foram frequentes as citações a Lula e a Bolsonaro.
O atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), criticou a postura dos adversários que, segundo o tucano, levaram a "guerra política" pela Presidência para a disputa local. Segundo ele, os ex-ministros colocavam o interesse do eleitor paulista em segundo plano.
Campanha. A experiência enquanto ex-ministro foi amplamente trabalhada pela campanha dele, com foco voltado para a construção de creches e a criação de programas como ProUni, Sisu e Fies. O petista comandou a pasta da Educação de 2005 a 2012, nos governos Lula e Dilma.
O passado na prefeitura não foi tão endossado —o mandato de Haddad foi considerado o segundo pior da cidade, segundo o Datafolha. Ele assumiu o cargo em 2013 e não conseguiu se reeleger em 2016, quando perdeu em primeiro turno para o ex-governador João Doria (PSDB). A campanha ignorou erros na condução da educação enquanto ele esteve à frente da administração municipal.
Alckmin, o cabo eleitoral. Apelidado de "o mais tucano dos petistas" no passado, Haddad participou de diversos eventos de campanha junto de Alckmin com objetivo de virar votos tucanos e diminuir a resistência ao PT no interior do estado, onde ele tem bom trânsito.
Haddad, Alckmin e França circularam unidos em boa parte das agendas do PT no interior do estado a partir de setembro. Mesmo nos eventos em que Alckmin não compareceu —seja por compromissos junto de Lula ou por cumprir agenda própria—, França esteve com Haddad.
Em seu plano de governo, apresentado em 22 de agosto, Haddad fez acenos a categorias como a dos policiais. Defendeu a manutenção de câmeras nos uniformes da PM (Polícia Militar), uma pauta que desagrada bolsonaristas, mas prometeu criar planos de carreira para as polícias e focar em auxílios sociais à categoria.
Vice e substituto. Em 2018, Haddad inicialmente foi registrado como candidato a vice de Lula. Com o líder petista preso e o registro de sua candidatura rejeitado, ele assumiu a cabeça da chapa, mas foi derrotado no segundo turno por Bolsonaro.
"Eu trabalho com a ideia de que o Haddad vai ser o governador de São Paulo. O Haddad está muito maduro, muito consciente", disse o Lula em uma entrevista em fevereiro deste ano. Na mesma ocasião, ele disse que esperava "compreensão" dos partidos políticos progressistas, como PSB e PSOL, que tinham candidatos próprios, para apoiar a candidatura do ex-prefeito.
Arranjos políticos. A resolução de palanque único em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, era prioridade para Lula. Unificação. A campanha considera um mérito ter reunido as principais candidaturas de esquerda e centro-esquerda em torno de Lula e Haddad no estado.
Guilherme Boulos (PSOL) abriu mão de se lançar candidato ao Palácio dos Bandeirantes para apoiar Haddad em março deste ano; o psolista e líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) candidatou-se a deputado federal e também assumiu a coordenação regional da campanha de Lula.
A ex-ministra Marina Silva (Rede) chegou a ser convidada pela campanha para assumir como vice da chapa, mas recusou. No entanto, aderiu à campanha do petista e manifestou seu apoio público tanto a ele quanto a Lula, com quem mantinha divergências políticas há anos.
O ex-governador Márcio França (PSB), então pré-candidato ao governo paulista, deu declarações de que não renunciaria, já que ele seguia em segundo lugar em algumas das pesquisas - atrás apenas de Haddad.
O consenso só veio em julho, quando ele deixou a disputa para concorrer pela chapa ao Senado. Lúcia França (PSB), sua esposa, entrou como vice na chapa de Haddad, e Juliano Medeiros, presidente do PSOL, é seu primeiro suplente. Com a desistência de França, a coligação de Haddad passou a ser formada por PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede e Agir.
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