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Toledo: Pesquisas não captaram eleitor oculto que foi de Ciro a Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

03/10/2022 00h24Atualizada em 03/10/2022 08h36

A análise do colunista do UOL José Roberto de Toledo sobre o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 considera que as pesquisas de intenção de voto não foram capazes de "captar" os eleitores ocultos que deixaram de votar em Ciro Gomes (PDT) e migraram para Jair Bolsonaro (PL).

Toledo iniciou a análise considerando os resultados que as pesquisas presidenciais acertaram, dentro das respectivas margens de erro, como foram os resultados de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Felipe d'Avila (Novo), Padre Kelmon (PTB), Leonardo Péricles (UP), brancos e nulos.

O que saiu da margem? O Jair Bolsonaro, que, como a gente disse em todos os programas de análise de pesquisa, teria uma taxa de votos válidos na urna maior do que a pesquisa estava mostrando. Por que isso aconteceu? Todos os indecisos migraram para Bolsonaro e todos os que saíram do Ciro migraram para o Bolsonaro porque, se não fosse isso, as pesquisas teriam que ter errado em todos os outros candidatos. José Roberto de Toledo

O colunista também comentou as diferenças dos números das pesquisas de intenção de voto em São Paulo e os resultados no estado.

"Vamos pegar o que elas não pegaram. Rio de Janeiro falamos aqui que, por conta de uma pesquisa Ipec, havia uma chance nada desprezível de eleição do Cláudio Castro no primeiro turno. Foi o que aconteceu. Em São Paulo foi a grande diferença, o grande problema. Não só Haddad terminou atrás do Tarcísio de Freitas, como o Bolsonaro terminou na frente do Lula em SP."

Para Toledo, a conclusão a partir desses dados é que as pesquisas têm dificuldade de captar esse eleitor que não é bolsonarista, mas é contra o Lula e o PT e migrou de Ciro para o Bolsonaro. O pedetista dedicou boa parte da campanha para atacar Lula e o PT.

O que a gente tira disso é que, de alguma maneira, as pesquisas têm dificuldade para captar um eleitor que não é bolsonarista, mas é antilulista e antipetista. Ele estava oculto dentro do eleitorado do Ciro Gomes. E aí é sinal que a campanha do Ciro, ironicamente, funcionou porque atraiu esse eleitor antipetista e que estava indeciso sem declarar o seu voto. José Roberto de Toledo

Ainda no UOL Eleições, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que foi reeleito ao cargo, disse que irá propor um PL (Projeto de Lei) para punir os institutos de pesquisas por "erros" nos pontos percentuais dos candidatos divulgados pelos levantamentos. Apesar das críticas do político, as pesquisas não têm como objetivo acertar o resultado do dia da votação, mas representam o pensamento das pessoas em um determinado período. Entenda nesta reportagem.

Após a divulgação do segundo turno, Bolsonaro disse considerar que "as pesquisas [de intenção de voto] estão desmoralizadas" e enalteceu a ida ao segundo turno em uma disputa mais acirrada do que se esperava — as amostras previam vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva, mas a diferença entre eles foi de cinco pontos percentuais. Até 0h13 (horário de Brasília), o petista tinha 48,41% e o candidato à reeleição, 43,21% (com 99,93% das urnas apuradas).

"As pesquisas são o que nós temos. E é melhor com elas do que sem elas. Deixa os bolsonaristas fazerem campanha contra as pesquisas porque se não a gente estaria no escuro, se dependesse deles não teria nenhuma pesquisa e a gente não teria nem como analisar o que a gente analisa", completou Toledo.

Toledo: Se Bolsonaro vence, Senado tem força para derrubar ministros do STF

Toledo ainda declarou que se o presidente Jair Bolsonaro (PL) vencer no segundo turno das eleições 2022, o Senado Federal terá força para derrubar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) através da aprovação do impeachment dos magistrados. A Suprema Corte e alguns de seus membros são alvos frequentes dos ataques do presidente e de seus apoiadores.

O que me preocupa é o cenário do que emerge da eleição para o Senado e para a Câmara dos Deputados. Esse Congresso que foi eleito, no Senado, por exemplo, dá maioria suficiente para impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. José Roberto de Toledo, colunista do UOL

Toledo: Com Bolsonaro ou Lula, fenômeno PL no Congresso vai gerar conflitos

O colunista do UOL José Roberto de Toledo disse hoje, durante o UOL Eleições 2022, que os candidatos eleitos pelo PL (Partido Liberal), sigla do presidente Jair Bolsonaro, irão gerar "conflitos" no Congresso Nacional.

"Vamos te um fenômeno interessante para acompanhar. Não interessa se ganhe Bolsonaro, ganhe Lula, o presidente vai ter que lidar com um partido que tem um monte de gente nova entrando com muito voto, mas que é dominado pelo Valdemar Costa Neto, que é dono do partido e dos diretórios. Isso vai gerar um conflito, como já gerou em 2018, quando essa mesma bancada foi eleita na ocasião, pelo PSL [à época sigla do presidente], que levou os bolsonaristas a saírem do partido."

Em novembro de 2021, Bolsonaro se filiou ao PL. O presidente estava sem partido desde 2019, quando deixou o PSL, pelo qual foi eleito à presidência. Ele saiu do PSL em meio a uma série de brigas internas e tentou fundar o Aliança pelo Brasil, mas fracassou — não obteve nem um terço das assinaturas exigidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Após Bolsonaro se filiar ao PL, no entanto, diversos políticos apoiadores também migraram para a sigla de Valdemar.