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Contra gafes, Tarcísio cancela ida a debates e foca em agendas na capital

Tarcísio conversa com médicos em visita ao Hospital das Clínicas; agenda tem focado na capital  - Divulgação/campanha
Tarcísio conversa com médicos em visita ao Hospital das Clínicas; agenda tem focado na capital Imagem: Divulgação/campanha

Do UOL, em São Paulo

14/10/2022 04h00

Para preservar seu candidato de "escorregões", a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) cancelou a participação dele em uma série de debates e entrevistas até os últimos dias de campanha. Agora, ele só deverá participar do debate da TV Globo com o seu adversário na disputa pelo governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em 27 de outubro.

A estratégia também tem relação com a busca por votos, focando sua agenda na capital paulista, onde Haddad (PT) teve melhor desempenho no primeiro turno. Segundo pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ipec na terça-feira (11), Tarcísio tem 53% dos votos válidos e Haddad , 47%.

Na noite de hoje, Tarcísio deveria participar de um debate promovido pelo SBT e um grupo de veículos de comunicação. A presença foi cancelada, e o debate, agora, será uma entrevista com Haddad. Isso aconteceu após provocações do petista e um deslize do candidato no debate da TV Bandeirantes, na última segunda-feira (10).

Carioca e o nome do bairro. Na ocasião, Tarcísio foi provocado pelo petista sobre o fato de ser carioca, citando a tradicional polêmica entre "biscoito" ou "bolacha".

O fato de Tarcísio ter nascido no Rio de Janeiro é um dos pontos mais criticados de sua campanha e ele é constantemente questionado sobre seus conhecimentos sobre o estado. Entre as polêmicas nas redes sociais, o fato de Tarcísio ter esquecido o local onde vota foi um dos destaques antes da realização do primeiro turno.

Também no debate, ele errou ao falar o nome de um bairro da capital paulista —chamou Campos Elíseos de "Campos dos Elíseos".

Na avaliação do entorno do candidato, o público que acompanha o debate é, em geral, mais interessado em política e, portanto, com maior probabilidade de já ter um candidato definido. Ou seja, é mais difícil virar o voto por meio desses eventos.

Outro ponto levantado por pessoas próximas ao candidato é que a preparação para os debates ocupa muito tempo e tira o candidato de agendas na rua — na segunda, por exemplo, o debate da Band foi o único compromisso do dia de Tarcísio porque ele passou cerca de 8 horas se dedicando ao media training para o confronto com Haddad.

Outros cancelamentos. O debate da Record TV, que seria realizado em 22 de outubro, foi cancelado após a confirmação da ausência de Tarcísio.

Na segunda-feira (17), o programa "Roda Viva", da TV Cultura, agora entrevistará apenas o candidato do PT. Tarcísio também não irá mais participar da sabatina promovida por UOL e Folha de S.Paulo.

O que diz Tarcísio? De forma oficial, a assessoria diz que os cancelamentos se devem a uma questão de agenda, "uma vez que dentro do curto período do segundo turno é preciso cumprir uma série de compromissos tendo como prioridade estar perto das pessoas e ouvir as necessidades apresentadas para o estado".

"É importante ressaltar que o candidato participou de todos os debates e sabatinas propostos no primeiro turno, quando houve um período mais extenso para cumprimento destas agendas", completou a assessoria, em nota.

Prioridade é rua. Sem debates e sabatinas na agenda, o candidato do Republicanos deve investir em agendas de rua. Desde o início do segundo turno, ele concentrou a maioria de suas agendas na capital, onde Haddad teve desempenho superior ao dele.

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o petista conquistou 44,38% de votos na cidade de São Paulo, contra 32,56% de Tarcísio.

Desde o dia 3 de outubro, Tarcísio só teve duas agendas fora da Grande São Paulo — foi a Sorocaba se encontrar com prefeitos no dia 6 e visitou Aparecida com o presidente Jair Bolsonaro (PL) na quarta-feira (12) em razão do feriado de Nossa Senhora Aparecida.

O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e Tarcísio Freitas, que concorre ao governo de São Paulo, durante missa na Basílica de Aparecida - Felipe Pereira/UOL - Felipe Pereira/UOL
O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e Tarcísio Freitas, que concorre ao governo de São Paulo, durante missa na Basílica de Aparecida
Imagem: Felipe Pereira/UOL

Apesar do foco maior na capital neste início de segundo turno, a campanha também prevê agendas no interior nos próximos dias.

Secretários na mesa. À frente de Haddad, Tarcísio já tem citado nomes para compor seu secretariado caso seja eleito e foi chamado de "arrogante" pelo deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP), coordenador de campanha de Haddad.

"Ele precisa aprender uma regra básica da democracia: não se nomeiam secretários antes de ganhar. Aqui em São Paulo chamamos isso de arrogância. Não se senta na cadeira antes de o eleitor autorizar", disse Emídio ao jornal Folha de S.Paulo.

Em agenda na terça-feira, Tarcísio indicou que o empresário e político Guilherme Afif Domingos, coordenador de seu programa de governo, estará no governo, sem especificar a função.

Ele também citou o ex-deputado Eleuses Paiva para a pasta da Saúde. "Só não vai ser (secretário) se não quiser", disse na ocasião.

Globo é o próximo encontro. O próximo confronto entre Tarcísio e Haddad está previsto para acontecer no dia 27 de outubro, a três dias do segundo turno, na TV Globo.