Sem provas, Damares diz que tiros em igreja eram para matar Michelle
Senadora eleita, Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou hoje que o tiro disparado contra o muro de uma igreja evangélica de Fortaleza uma hora antes de o local receber um evento de campanha de Michelle Bolsonaro tinha a primeira-dama como alvo. "Vocês sabem que deram tiros na igreja em que a gente estava. Aqueles tiros eram para Michelle." O caso ocorreu na sexta-feira (14).
A declaração de Damares foi feita durante um ato de campanha em São Paulo no começo da tarde. A senadora ainda acusou, também sem provas, a esquerda de ser responsável pelo tiro. "Querer matar a Michelle, não tem lógica. Uma mulher que só faz o bem. Até onde vai o ódio desta esquerda sanguinária no Brasil?"
As afirmações de Damares se referem a um tiro que acertou o muro da igreja que fica no bairro Sapiranga, na semana passada. Um suspeito foi preso. A senadora usou o termo tiros, mas foi apenas um disparo.
Secretaria não vê indícios de atentado. Apesar da insinuação dela de atentado contra Michelle, as investigações não apontam nenhum indício para essa hipótese. Também não existe informações que sugerem que o autor do tiro integra alguma facção, informou nota da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social.
"Não procedem insinuações de que ele integraria organização criminosa e que teria praticado o ato inspirado em ocorrência que teria sido registrada no Rio de Janeiro."
Antes de Damares dizer, mesmo sem provas, que houve um atentado, a própria primeira-dama havia sugerido que o caso tinha relação com seus adversários.
O tiro foi efetuado por um homem de 22 anos sem passagens criminais, que trabalhava como vigilante e não teve a identidade revelada, segundo as autoridades cearenses. Ele foi autuado por disparo de arma de fogo e liberado depois de pagar fiança.
Damares também citou Paraisópolis. Além do episódio ocorrido em Fortaleza, Damares também citou o tiroteio que interrompeu uma agenda do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo na segunda-feira (17), na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital paulista.
Horas depois do episódio, no entanto, o próprio Tarcísio descartou ter sido alvo de um atentado e afastou a possibilidade de que os tiros tenham conotação política ou eleitoral.
Ontem, a delegada Elisabete Sato, diretora da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que a principal hipótese para o tiroteio seria de uma eventual intimidação pela presença dos polícias militares dentro da comunidade.
Conforme mostrou o UOL, a campanha de Tarcísio não pretende explorar o caso. O episódio, porém, foi utilizado na própria segunda (17) pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL), que já inseriu o caso na propaganda eleitoral gratuita na TV.
Hoje, ao ser questionado sobre a fala de Damares, o candidato não quis se manifestar. "A questão de Paraisópolis eu já expliquei e agora está sendo objeto de inquérito da polícia, eu não vou mais falar desse assunto."
Mais polêmicas de Damares. Em outro caso envolvendo a futura senadora e declarações sem provas, o MPF (Ministério Público Federal), por meio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, deu mais cinco dias para que o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos apresente detalhes e explicações sobre relatos feitos por Damares no início deste mês sobre exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó, no Pará. O prazo inicial para a prestação de informações venceu na última segunda-feira (17).
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