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Questionado sobre Paraisópolis, Tarcísio diz que Haddad faz sensacionalismo

Do UOL, em São Paulo

28/10/2022 00h14Atualizada em 28/10/2022 03h30

O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse em debate na TV Globo com Fernando Haddad (PT) que o adversário faz "sensacionalismo" com o tiroteio em Paraisópolis que interrompeu um evento da campanha do ex-ministro da Infraestrutura no último dia 17 na comunidade da zona sul de São Paulo — um homem foi morto no local.

Na noite desta quinta-feira (27), o site The Intercept Brasil publicou uma reportagem em que quatro testemunhas afirmam que policiais que atuavam na segurança de Tarcísio foram os responsáveis por matar a tiros o homem desarmado na ocasião do tiroteio.

Cinegrafista pediu demissão. Além de citar o episódio, Haddad também comentou sobre o repórter-cinematográfico Marcos Andrade, que pediu a rescisão do contrato dele com a Jovem Pan, após relatar que a equipe de Tarcísio pediu que a ele que apagasse as imagens do tiroteio em Paraisópolis.

O cinegrafista disse ter sido levado, junto de outros profissionais de imprensa que acompanhavam o candidato, à sede da campanha, onde um dos integrantes da segurança de Tarcísio perguntou o que ele havia gravado —o UOL confirmou que se tratava de Fabrício Cardoso de Paiva, servidor licenciado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

"Você acha que aquele companheiro seu, que é ligado à inteligência, agiu corretamente a determinar, a constranger um profissional da imprensa a apagar imagens de um evento onde aconteceu um homicídio em circunstâncias que estão sendo apuradas?", questionou Haddad.

'Sensacionalismo barato'. Tarcísio respondeu à Haddad afirmando que o adversário estaria fazendo "sensacionalismo" com a situação "séria"..

"Antes de fazer a pergunta, só lamentar o sensacionalismo barato que você está fazendo, Haddad, que papelão. É muito fácil julgar uma pessoa que está lá sob forte emoção, agiu de boa-fé, a gente pegou o cara que estava lá [em Paraisópolis], não tinha como voltar, não saímos de lá enquanto a gente não tivesse colocado todo mundo em segurança, qual a razão de levar a pessoa? Outra coisa, com as câmeras do comércio local, tem a Câmera da PM, outros três ou quatro veículos de comunicação? O que você acha que a gente quer esconder?", questionou o candidato do Republicanos.

Haddad questionou sobre preservação da cena do crime. O embate começou quando Haddad questionou se Tarcísio é a "favor de uma polícia mais capacitada para preservação da cena do crime" ou se ele acha que "a transparência é uma coisa que prejudica a atividade policial". Tarcísio respondeu que "transparência e treinamento sempre ajudam" e elogiou a polícia militar de São Paulo.

Então, o petista disse que um amigo e segurança de Tarcísio pediu "para um cinegrafista apagar imagens que ele tinha filmado em Paraisópolis, onde aconteceu uma morte". "Não sabemos em que condições, e isso vai ser apurado, vai ser investigado. Você concorda com a atitude dele?"

"A minha van era blindada, nós trouxemos a equipe da Jovem Pan, para não deixar ninguém lá numa região onde estava havendo troca de tiros, tivemos esse cuidado, inclusive o cinegrafista gravou o vídeo agradecendo bastante emocionado. Aí uma pessoa da minha equipe, quando chegou no escritório, a gente trouxe ele para dentro, para quê? Para se recuperar, para poder tomar um água, para sair da situação de estresse", respondeu Tarcísio.

Pedido para apagar vídeo. Na sequência, Haddad disse ter mais uma divergência com o adversário ao criticar o pedido para apagar a imagem registrada pelo repórter-cinematográfico.

"Se você tem uma imagem que você acha que pode colocar em risco a vida de alguém, para quem você leva? Você apaga ou leva para a autoridade policial? E a autoridade policial é que decide manter ou não em sigilo aquela imagem. Esse procedimento que ele acabou de relatar é um absurdo."

O petista continuou: "A partir do momento que você vai catando coisa do chão, vai desligando a câmera, desligando imagens, tirando câmera do uniforme, jogando fora as coisas, você compromete a investigação. Sabe o que isso gera? Suspeição. Hoje a sociedade paulista está se perguntando por que isso aconteceu? Leia a entrevista em que quatro testemunhas dizem que a pessoa foi morta e não estava armada. Tem que apurar. Não estou acusando ninguém porque não é meu papel, é o papel da investigação, mas não se destrói provas, não se destrói evidências, se confia na autoridade policial. Se você não confiar na autoridade policial, nós estamos todos perdidos aqui".

Como o tempo de Tarcísio havia se esgotado, o ex-ministro usou o tempo de outra pergunta para acusar de novo o petista de fazer "sensacionalismo barato".