Candidato em SP: Orçamento tem que ir da mão de banco para a do trabalhador
Eduardo Baszczyn
Colaboração para o UOL
12/09/2024 10h52
O candidato do PCO (Partido da Causa Operária) à Prefeitura de São Paulo, João Costa Pimenta, defendeu que o dinheiro destinado ao pagamento da dívida externa do país seja devolvido ao cidadão e utilizado para a realização de projetos e obras municipais. Ele participou nesta quinta-feira (12) de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.
O que aconteceu
Em uma entrevista em que não citou números ou projetos práticos, João Pimenta afirmou que o poder deveria estar nas mãos do cidadão, em áreas como saúde, educação e segurança. Segundo ele, a proposta de sua candidatura "não é governar para todos, mas sim, que os trabalhadores governem".
A culpa [da situação econômica] é dos empresários. Eles roubaram o Orçamento federal, conseguem lucrar milhões, pagam um salário de fome. Tudo porque o esquema do mercado é 'quanto mais o capitalista ganhar, melhor; quanto menos o trabalhador ganhar, melhor ainda, porque eu ganho mais dinheiro'. Se é assim, é um vale-tudo. Nossa política não é governar para todos, nossa política é que os trabalhadores governem
João Costa Pimenta (PCO), em sabatina UOL/Folha
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Ao falar sobre saúde, o candidato sugeriu o não pagamento da dívida externa do país. Para ele, a administração municipal, em conjunto com movimentos sociais de todas as regiões do Brasil, deveria exigir a devolução dos recursos e de outros impostos para a realização de obras nas cidades.
Nós temos, na prefeitura, em conjunto com os movimentos sociais em escala nacional, que exigir o não pagamento da dívida externa e repassar o dinheiro que é do povo, que foi recolhido com impostos, e devolver para os municípios, estados e para o próprio governo federal para que a gente possa construir hospitais
'Milícias populares' e liberação de ambulantes
João Pimenta defendeu a extinção da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e a criação de "milícias populares", que ficariam responsáveis pela segurança na capital. De acordo com a proposta, os grupos seriam escolhidos pela comunidade, em cada bairro da cidade. "Consideramos [a GCM] uma guarda especializada na violação dos direitos dos trabalhadores", explicou. Ele também defendeu a legalização das drogas como forma de diminuir a violência.
Como "medida emergencial" para estimular a economia e a geração de renda, o candidato propôs a liberação total do trabalho de vendedores ambulantes em São Paulo. "A cidade já é um verdadeiro caos. Sistema político, Estado e empresários precisam escolher: ou eles arranjam um emprego pro pessoal ganhar um salário decente ou eles deixam o cara se virar para arranjar um salário. Não dá pra você ir lá e tirar os dois do cidadão. O cara que é camelô e está ocupando uma rua não é causador do problema, ele é vítima. O pão na mesa do trabalhador vale mais que o bloqueio de calçada".
Ao ser perguntado sobre suas propostas para a geração de empregos, Pimenta prometeu a criação de um plano de obras públicas que demande um grande número de contratações e mão de obra. "Você vai precisar de baixa automação para gerar mais emprego e mais rápido".
O candidato defendeu a distribuição de imóveis desocupados para trabalhadores de baixa renda e criticou a especulação imobiliária. "O cidadão que tem um apartamento a mais não precisa ter medo. Nós estamos falando da especulação imobiliária, que aumenta brutalmente o valor dos aluguéis, com um monte de casa vazia que foi feita para ninguém morar ali. Isso tem que acabar".
Pimenta criticou o que chamou de "indústria da multas" e disse que elas se tornaram um "segundo imposto" para o cidadão. Se eleito, o candidato pretende investir na melhoria do transporte público para diminuir o número de viagens particulares. Para ele —que se disse contrário à redução da velocidade das vias— a medida provocaria a queda do número de acidentes e mortes no trânsito.
Durante a sabatina, o candidato negou que o plano de governo do PCO apresentado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) seja superficial —o documento é composto por seis páginas com propostas genéricas destinadas a qualquer cidade. "Nossa plataforma é unitária para vários municípios porque os problemas que afetam a cidade de São Paulo são decorrência dos problemas que afetam todos os municípios, de diferentes formas", explicou.
A entrevista foi conduzida por Fabíola Cidral, com participações de Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, da Folha de S.Paulo
João Pimenta não pontuou na pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (11). O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 24%, Pablo Marçal (PRTB), com 23%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 21%, ocupam o topo do levantamento. Eles estão empatados tecnicamente —com a margem de erro três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Pimenta atua como militante político estudantil e é coordenador da AJR (Aliança da Juventude Revolucionária). Ele também integra a direção nacional de seu partido.
Filho do presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, o candidato é filiado ao partido desde 2015. Ele concorreu a uma vaga de deputado federal por São Paulo, em 2022, mas não conseguiu se eleger.
Na disputa pela prefeitura, Pimenta não integra nenhuma coligação ou federação e tem Francisco Muniz como candidato a vice-prefeito em sua chapa. Músico, Muniz já concorreu a uma vaga de vereador, em São Paulo, mas não foi eleito.
Sabatinas em São Paulo
O UOL e a Folha de S.Paulo estão realizando uma segunda rodada de sabatinas para discutir os temas de maior interesse dos eleitores da cidade. Além de João Pimenta, já passaram pelas sabatinas os candidatos Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Altino Prazeres (PSTU) e Ricardo Senese (União Popular).
Amanhã, às 10h, o entrevistado será o candidato do PSDB, José Luiz Datena. Participam também desta nova rodada de sabatinas Bebeto Haddad (DC), no dia 16 de setembro, e Marina Helena (Novo), no dia 18.
Ciclo de sabatinas UOL e Folha
A série de sabatinas foi iniciada em junho e tem ouvido as propostas dos principais candidatos a prefeituras de 18 cidades do país. Já foram realizadas entrevistas em:
Belo Horizonte: Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);
Rio de Janeiro: Alexandre Ramagem (PL) e Tarcísio Motta (PSOL);
Salvador: Bruno Reis (União Brasil) e Kleber Rosa (PSOL);
Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);
Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);
Curitiba: Ney Leprevost (União Brasil), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);
Fortaleza: José Sarto e Capitão Wagner (União Brasil);
Maceió: Rafael Brito(MDB) e Lobão (Solidariedade);
Manaus: Marcelo Ramos (PT) e David Almeida (Avante);
Santo André (SP): Bete Siraque (PT), Luiz Zacarias (PL) e Gilvan Júnior (PSDB);
Guarulhos (SP): Lucas Sanches (PL), Elói Pieta (Solidariedade) e Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos);
São Bernardo do Campo (SP): Luiz Fernando Teixeira (PT), Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania);
Osasco (SP): Emídio de Souza (PT) e Dr. Lindoso (Novo);
Campinas (SP): Pedro Tourinho (PT), Dário Saadi (Podemos) e Rafa Zimbaldi (Cidadania).
Ainda serão realizadas entrevistas com candidatos de Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos, cidades do interior paulista.
As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.