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Embaixador dos EUA na Líbia e outros três funcionários morrem em ataque ao consulado em Benghazi

Do UOL, em São Paulo

12/09/2012 07h51Atualizada em 12/09/2012 10h56

O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, John Christopher Stevens, e outras três pessoas morreram em um ataque ao consulado americano em Benghazi, na noite desta terça-feira (11), durante um protesto de homens armados contra um filme que foi considerado ofensivo ao Islã. A morte do embaixador foi confirmada pelo presidente americano Barack Obama.

Em nota oficial, Obama condenou o ataque ocorrido ontem e disse ter dado instruções para proteger os cidadãos americanos na Líbia. 

"Neste momento, nós americanos temos em nossas orações as famílias de quem perdemos", disse Obama. "Eles exemplificam o compromisso dos Estados Unidos com a liberdade, a justiça e a colaboração com países e povos no mundo todo", acrescentou.

O presidente explicou que foram tomadas medidas para a proteção dos americanos na Líbia e "para aumentar a vigilância nos postos diplomáticos no mundo todo". Obama ainda agradeceu os serviços prestados por Stevens. 

"Chris era um representante corajoso e exemplar dos Estados Unidos. Ele serviu o país durante a revolução na Líbia e na nossa  missão em Benghazi. Como embaixador em Trípoli, ele apoiou a transição democrática da Líbia. Seu legado será lembrado enquanto houver luta por liberdade e justiça. Estou profundamente agradecido pelos seus serviços na minha administração e triste pela perda", disse Obama.

Segundo o vice-ministro líbio do Interior, Wanis al Sharef, além do embaixador, que tinha viajado ontem a Benghazi desde Trípoli, as outras três vítimas eram membros da segurança que tentaram controlar a situação e foram baleados.

Em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (12),  Al Sharef acusou apoiadores do ex-líder líbio Muammar Gaddafi, morto no ano passado, de realizar o ataque.

"Havia granadas lançadas por foguetes...o que mostra que havia forças que exploravam isso. Eles são resquícios do (antigo) regime", disse o vice-ministro, que acredita que os agressores poderiam estar agindo por vingança pela extradição do ex-chefe da inteligência de Gaddafi, Abdullah al-Senoussi, da Mauritânia, este mês.

O responsável da Alta Comissão de Segurança em Benghazi, Fawzi Wanis, declarou ao canal de televisão Al Jazeera que o embaixador morreu por asfixia, como consequência do incêndio que explodiu no edifício. Os corpos das vítimas e os trabalhadores da missão diplomática estão sendo transferidos para Trípoli.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também condenou o ataque. "Condeno nos termos mais enérgicos o ataque contra nossa missão em Benghazi hoje. Enquanto trabalhamos para resguardar a segurança de nosso pessoal e instalações, confirmamos a morte de um de nossos oficiais do Departamento de Estado", disse Hillary em comunicado emitido pelo Departamento de Estado.

"Esta terrível perda nos parte o coração. Nossos pensamentos e orações estão com sua família e com aqueles que sofreram neste ataque", acrescentou.

Além disso, Hillary declarou que ligou para o presidente do Congresso Geral Nacional líbio, Mohammed el-Magariaf, "para coordenar apoio adicional para proteger os americanos na Líbia". (Com Reuters e Efe)

Filme polêmico

O estopim dos protestos foi o filme "Innocence of Muslims", realizado pelo americano-israelense Sam Bacile, que chama o islamismo de "câncer", revelou The Wall Street Journal.  "O islamismo é um câncer", afirma Bacile, um empresário do setor de construção de 54 anos proveniente do sul da Califórnia.

O filme, produzido a partir de doações de 100 judeus, está sendo promovido pelo polêmico pastor da Flórida Terry Jones, que queimou em maio deste ano um exemplar do Alcorão, ao ao vivo pela internet.