Snowden pede para ficar na Rússia e diz que não quer prejudicar os EUA
O ex-consultor de agências de inteligência dos Estados Unidos Edward Snowden decidiu ficar na Rússia, onde pediu asilo político. A informação é de ativistas de direitos humanos que se reuniram nesta sexta-feira (12) com o americano, no aeroporto de Moscou.
"Nenhuma ação ou plano meu visa prejudicar os Estados Unidos... eu quero que os Estados Unidos tenham êxito", disse Snowden, segundo relato de Tanya Lokshina, ativista da ONG Human Rights Watch.
A declaração é uma referência de Snowden à frase do presidente russo, Vladimir Putin, que disse há duas semanas que o americano poderia ficar no país, "contanto que pare de divulgar informações que prejudiquem os Estados Unidos".
Em entrevista a uma emissora de TV russa, quando perguntada se isso significava que Snowden pararia de divulgar detalhes, a ativista da Human Rights Watch relatou a resposta do americano: ""Ele disse que não havia por que parar suas atividades, porque sentia que não estava prejudicando os EUA".
Segundo jornalistas que falaram com os ativistas após a reunião, Snowden diz que está bem e que se sente seguro na Rússia. O americano sabe que "não pode ficar no aeroporto para sempre", segundo sua representante.
A ideia, disse ela, é ele deixar Moscou rumo à América Latina, quando sentir que é seguro viajar.
Em carta divulgada hoje, Snowden disse que não se arrepende. "Esta decisão moral de contar ao público sobre a espionagem que atinge a todos nós foi custosa, mas era a coisa certa a se fazer, e eu não me arrependo."
Mais tarde, os Estados Unidos advertiram a Rússia para que não dê a Snowden uma "plataforma de propaganda" permitindo que ele fique no país.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que conceder essa permissão a Snowden seria contrário a suas afirmações de que a Rússia não quer que o caso prejudique as relações entre Moscou e Washington.
Rússia mantém termos
Segundo a agência de notícias "AP", participaram do encontro o parlamentar russo Vyacheslav Nikonov; Sergei Nikitin, chefe da delegação russa da Anistia Internacional; Tanya Lokshina, da Human Rights Watch; Vladimir Lukin, ombudsman de direitos humanos da presidência da Rússia; e o promotor Genri Reznik.
Citando fontes do governo, agências dizem que Snowden pode permanecer no país nos termos propostos por Putin, isto é, se não divulgar informações prejudiciais aos EUA.
Hóspede em Moscou
Desde 23 de junho, o ex-consultor de inteligência da Agência Nacional de Segurança americana (NSA, na sigla em inglês) está refugiado no aeroporto Sheremetyevo, em Moscou. Snowden veio fugido de Hong Kong, na China, para onde foi logo após o colunista Glenn Greenwald, do jornal britânico "The Guardian", revelar o amplo esquema de monitoramento da agência.
Segundo as denúncias de Snowden, relatadas pelo "Guardian", a NSA grampeou milhões de números de telefone, e-mails, contas de cartão de crédito e conversas eletrônicas em programas de envio instantâneo de mensagens.
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