Para acessar dados de petróleo seria necessário "espião paranormal", diz diretora da ANP
Em audiência na CPI da Espionagem no Senado nesta terça-feira (17), a diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Magda Chambriard, disse que para roubar as informações do setor seria preciso "um espião paranormal", pois o banco de dados de exploração e produção de óleo e gás natural brasileiro não está ligado à internet.
"Podem ficar tranquilos, pois não é póssível espionar o banco por meio da rede mundial de computadores", afirmou.
Segundo Magda Chambriard, trata-se de um dos maiores bancos de dados relativos ao setor pretrolífero do mundo e funciona na Urca, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, afastado da sede principal da ANP, que fica no centro da cidade. Além disso, segundo ela, o banco conta com uma sala cofre à prova de balas, incêndio e protegido de outras ameaças.
"O acervo é imenso. São dados geológicos, sísmicos, físicos, perfis de poços, testes de poços e amostras. O que tem hoje equivale 60 milhões de gaveteiros cheios de informações. Ou algo igual a 20 bilhões de fotografias digitais de alta resolução", exemplificou.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse estar certo da "violabilidade" do sistema da agência reguladora. Para ele, Magda Chambriard abordou a questão de "forma ligeira", subestimando a inteligência dos parlamentares.
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), por sua vez, lembrou que uma das empresas que oferecem software para a ANP e a Petrobras é a Halliburton, do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney. "Com a participação de empresas americanas, inclusive do vice-presidente, não há de ser tão paranormal assim a interferência americana e o acesso a esses dados", disse Randolfe, rebatendo a diretora da ANP.
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, também irá ao Senado falar sobre as denúncias de espionagem nesta quarta (18). O jornalista Glen Greewnald, que revelou o escândalo, também deve falar aos parlamentares na quinta (19).
Espionagem de Dilma e na Petrobras
A NSA, agência de segurança americana, espionou, além da própria presidente Dilma Rousseff, a Petrobras, o setor de infraestrutura do Google e a diplomacia francesa, segundo reportagem exibida no último dia 8 de setembro no programa "Fantástico", da Rede Globo.
A reportagem foi produzida em parceria com o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que obteve documentos ultrassecretos repassados por Edward Snowden, ex-agente da NSA, atualmente asilado na Rússia.
Os documentos revelados na reportagem são de uma apresentação da NSA para novos agentes, realizada em junho de 2012. Nela, a agência explica como é feita a espionagem a determinadas empresas e órgãos.
A Petrobras aparece logo no início da apresentação, junto com a infraestrutura do Google, a diplomacia francesa e a rede da Swift, cooperativa que reúne alguns dos principais bancos de dezenas de países. Os nomes de outras instituições espionadas foram apagados na mesma apresentação da NSA.
A apresentação mostra ainda que foi criada uma pasta com o nome da Petrobras, em função da grande quantidade de informações que a NSA dispõe, o que indica que a estatal está sendo espionada há algum tempo. Os documentos não mostram o conteúdo que teria sido espionado.
A espionagem foi feita na rede privada de computadores da Petrobras, que contém informações sigilosas sobre a estatal, a maior empresa do país, com faturamento anual superior a R$ 281 bilhões.
Em nota oficial, a presidente Dilma reagiu às denúncias de que a Petrobras teria sido espionada. Segundo ela, a principal motivação da suposta espionagem é de ordem comercial, e não de segurança, como vem alegando o governo americano sobre outras denúncias recentes.
A Petrobras reconheceu, por meio de nota, que e-mails externos podem ter possibilitado a invasão dos espiões americanos. Ainda assim a Petrobras disse que dispõe de sistemas "altamente qualificados e permanentemente atualizados para a proteção". (Com Agência Senado)
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